A seleção feminina dos EUA vive uma fase difícil. Depois do vexame na Copa do Mundo de 2023, quando foi eliminada ainda nas oitavas de final, a equipe tetracampeã mundial continua em queda livre. Na madrugada desta quarta-feira (28), o time da casa perdeu para o México por 2 a 0, na última rodada da fase de grupos da Copa Ouro, e acendeu um “sinal de alerta”.
— A derrota para o México teve uma repercussão muito grande aqui nos Estados Unidos, porque a seleção americana não perdia em casa desde 2020 em solo americano. A última derrota tinha sido para o Canadá. E isso, obviamente, cria aí um certo burburinho na mídia, porque elas estavam invictas até então. Eram 80 jogos sem perder aqui dentro dos Estados Unidos. Para a imprensa foi uma derrota chocante, que acende um sinal de alerta, sim — disse Marcia Tafarel, ex-jogadora e técnica da seleção feminina de futsal dos EUA.
— Para quem conhece o futebol feminino, sabe que seleção americana não tem mais jogos fáceis. Todas as equipes, as seleções estão melhorando, o investimento está acontecendo em vários países. E, obviamente, já não existe mais adversário fácil, mas realmente foi bem inesperada essa derrota para o México aqui em solo americano.
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Seleção jovem e período de transição
Vale ressaltar que o período da seleção americana é de transição, em que grandes nomes do futebol feminino dos EUA deram adeus aos gramados, incluindo a lenda Megan Rapinoe, enquanto novas atletas assumem a responsabilidade. Pela Copa do Mundo foi possível notar o despontar de talentos, casos de Sophia Smith e Trinity Rodman, ambas jogadoras com menos de 23 anos, mas, ao mesmo tempo a nova safra ainda não está madura.
— Eu, particularmente, acho que não existe um declínio. Existe uma transição de geração. A seleção americana está com um grupo de jogadoras mais novas, e até elas pegarem essa consistência de resultados vai demorar um tempo. Outra coisa é que as seleções dos outros países estão melhorando, estão investindo em estrutura, estão melhorando. Então, não é a seleção americana que está declinando, é que o momento é de transição mundial do futebol feminino — ponderou Tafa.
Ao fim da temporada europeia, a técnica Emma Hayes vai assumir o comando da seleção americana. A treinadora do Chelsea já aceitou o convite da Federação de Futebol dos Estados Unidos e deve chegar a tempo de comandar o jovem elenco nos Jogos Olímpicos de Paris.
— Emma é uma treinadora de bastante conhecimento. A seleção americana, agora, no momento, está com a treinadora interina, e isso também afeta (o desempenho). Eu acho que o processo, os treinamentos, tudo isso, obviamente, muda com a treinadora titular assumindo a equipe, colocando a forma dela, a filosofia dela… E eu acho que a Emma tem um conhecimento muito grande e vai dar uma estrutura melhor, uma qualificação melhor para a seleção americana, sem dúvida.
Cobrança sempre vai existir
Apesar da frustração com a segunda colocação do Grupo A, a seleção americana está classificada para a próxima fase da Copa Ouro e deve ter pedreiras pela frente. Neste cenário conturbado, a cobrança da torcida continua ainda que o período seja de reconstrução na equipe.
– A cobrança em cima da seleção americana sempre vai existir, porque a seleção americana é sinônimo de vitórias, né? Elas são quatro vezes campeãs mundiais, três vezes campeãs olímpicas e, com isso, obviamente vem a cobrança por resultados positivos em cada competição – concluiu a pioneira da Seleção Brasileira.
Na primeira fase da Copa Ouro, os EUA golearam as duas primeiras adversárias, República Dominicana e Argentina, e perderam para o México, somando seis pontos com um saldo de sete gols.
Livia Camillo
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário FIAM-FAAM, escreve sobre futebol há cinco anos e também fala sobre games e cultura pop por aí. Antes, passou por Terra, UOL, Riot Games Brasil e por agências de assessoria de imprensa e criação de conteúdo online.