- Capa
- Esportes
- Colunistas
- Breiller Pires
Além de Arias, Fluminense conta com experiência e bom aproveitamento de reservas na revanche histórica contra a LDU
Antes da final do Mundial de Clubes, o jornal The Telegraph utilizou, de forma pejorativa e desrespeitosa, a expressão “time de aposentados” para se referir ao elenco do Fluminense. Mal sabe a publicação inglesa que, apesar de ter reduzido a média de idade nesta temporada, o time tricolor segue apostando na experiência, com 16 jogadores acima dos 30 anos.
Para Fernando Diniz, pouco importa a idade de um atleta, mas sim a capacidade de contribuir com seu modelo de jogo. A fórmula de trabalho do treinador se provou mais uma vez certeira com a conquista da Recopa Sul-Americana em cima da LDU. Foi justamente da rodagem de seus jogadores que o Fluminense arrancou uma vitória dramática no Maracanã.
Em primeiro lugar, saiu vivo da altitude de Quito com derrota mínima e prejudicado pela arbitragem, que sonegou um pênalti sofrido por Cano. A força mental se manteve na partida de volta. Apesar da cera e do antijogo dos equatorianos, a equipe tricolor não deixou o ritmo cair após passar em branco na etapa inicial.
Poucos clubes no Brasil podem se dar ao luxo de ter no banco de reservas opções com o quilate técnico de Marcelo, Renato Augusto e Douglas Costa. E Diniz soube utilizá-los da melhor maneira, explorando a capacidade individual em prol do coletivo de acordo com as características de cada um.
Embora Jhon Arias, um dos titulares com menos de 30 anos e o mais potente do ataque no aspecto físico, tenha se consagrado como o herói do título, coube aos experientes o papel de garantidores da excelência do futebol tricolor. No primeiro gol, por exemplo, o cruzamento para a cabeçada fulminante do colombiano partiu do pé sempre calibrado de Samuel Xavier, 33 anos, em jogada iniciada por Douglas Costa, também com 33.
Já no segundo, o ex-atacante do Grêmio, aberto pela ponta direita, encontrou Renato Augusto entrando na área. Aos 36 anos, o meia desfilou categoria em campo e esperou o momento certo para tocar na bola antes do marcador, que o atingiu na sequência. O pênalti veio poucos minutos depois da expulsão do jovem John Kennedy, prova da resiliência de um time que não se deixa abalar pelas adversidades.
Diniz mostrou ainda o jeito certo de usar Renato Augusto. Ao contrário do que acontecia no Corinthians, onde era praticamente a única reserva de criatividade do elenco, ele se torna um jogador-chave para momentos específicos, como a decisão da Recopa, um clássico ou um jogo decisivo de mata-mata. Sem o rótulo de titular insubstituível, tem lenha para queimar e pode ser pontualmente preservado ao longo da temporada.
Marcelo, aos 35 anos, continua fundamental. Fora os passes improváveis que tira da cartola, o lateral foi esperto na hora da penalidade. Segurou a bola, atraiu a atenção dos equatorianos e tirou a pressão do verdadeiro cobrador. Ou aliviou, já que nunca é missão tranquila cobrar um pênalti no Maracanã lotado. Arias bateu com perfeição: bola alta, no canto, sem chances para o goleiro Alexander Domínguez.
O título entra para a história do Fluminense como uma revanche especial contra a LDU, algoz da Libertadores e da Sul-Americana há 15 anos. E, contra os prognósticos de torcedores pessimistas, secadores e publicações maldosas, consagra o ótimo e rodado elenco tricolor, que demonstra ter fôlego de sobra para mais conquistas.
Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.