A Portuguesa passou sete anos jogando a segunda divisão estadual até retornar ao Paulistão em 2023. No ano passado, brigou para não cair e conseguiu se manter na elite. Agora, o desejo é se classificar ao mata-mata, aproveitando-se do fato de ter caído em uma chave fraca. O plano é vencer o Palmeiras nesta quarta-feira, em duelo atrasado da quinta rodada, para abrir vantagem na segunda posição do Grupo A.
O tradicional clube paulistano vive uma situação que está deixando de ser insólita e se tornando comum no Paulistão devido ao regulamento. A equipe briga, ao mesmo tempo, para não cair e para se classificar. Soma apenas sete pontos, pontuação em tese baixa, mas suficiente para estar, por ora, na vice-liderança de sua chave e, portanto, dentro da zona de classificação. O Santos lidera o grupo, com 22.
“Houve uma evolução do ano passado para esse. Este ano o regulamento favoreceu. A gente deu sorte. Caímos no grupo mais fácil”, comenta o presidente Antônio Carlos Castanheira, em entrevista ao Estadão. Estou com muita fé que vamos nos classificar porque precisamos. Seria lindo. Manutenção no primeiro ano e classificação para as finais”.
No cargo desde 2020, Castanheira gosta de usar o termo “reconstrução”. O planejamento administrativo e financeiro da Lusa está saindo como o planejado, ele diz, embora haja sobressaltos. “Nem tudo está saindo como planejamos, mas as coisas estão andando”, diz.
O dirigente assumiu o clube com uma dívida perto dos R$ 600 milhões. Hoje, ainda é alta, de R$ 400 milhões. Mas os acordos estão sendo cumpridos, o Canindé não corre mais risco de ser leiloado e a renda não será mais penhorada. “São 284 ações trabalhistas, já pagamos 202. Estamos buscando o equilíbrio financeiro. Com o acordo, foi possível não ter mais bloqueios nas contas”, afirma Castanheira, que diz que o clube tem “patrocínio de Série A”, embora não revele os valores.
A marca Dadinho, que pertence à empresa Doce Sabor, e o Banco Luso são os patrocinadores máster da equipe. Outras três empresas patrocinam o time, além da Joma, que é a fornecedora de material esportivo.
O mandatário entende que a reorganização financeira permitiu que ele montasse um elenco melhor em relação ao do ano passado. Vieram atletas conhecidos do futebol brasileiro, como o centroavante Henrique Dourado, ex-Palmeiras, Vitor Andrade, que surgiu para o futebol como grande promessa do Santos, e Giovanni Augusto, ex-Corinthians. O problema é que a Portuguesa continua sem divisão nacional, isto é, não disputa nem a Copa do Brasil nem qualquer série do Campeonato Brasileiro.
“Tenho de montar três times todo ano”, queixa-se o dirigente, ciente de que, após o Paulistão, terá de montar um novo plantel. “Quem fica são os garotos da base, no máximo uns dois ou três, 90% vai embora”.
Futura SAF
Os principais desejos de Castanheira são vender a SAF e transformar o Canindé em uma arena multiuso, moderna, capaz de receber shows e outros eventos. Já existem conversas adiantadas para negociar 90% das ações do clube para um grupo de investidores estrangeiros e nacionais. A negociação está em fase de due diligence, procedimento semelhante a uma auditoria em que as finanças do clube são devassadas. É estimado um valor de mercado da Lusa, assim como o potencial de retorno, além de ser feita avaliação de aspectos financeiros, jurídicos, trabalhistas, contábeis e fiscais.
Há alguns meses, foi assinado um memorando de entendimento, uma espécie de pré-contrato, segundo Castanheira. “Estamos aguardando a proposta oficial. Estou otimista. Deve ser uma proposta para fazer a SAF e o projeto do Canindé”, conta. A vontade de Castanheira é de que o estádio seja transformado em uma arena para “30 ou 35 mil torcedores”. “O complexo todo seria modernizado e o estádio, um pouco ampliado”, diz. Hoje, para sobreviver, o clube tem de alugar o Canindé para festas e shows universitários.