O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) aguarda o relatório da Polícia Militar do Estado sobre a briga entre torcedores do Atlético e do Cruzeiro, na tarde do último sábado (2), quando o cruzeirense Lucas Elias Vieira Silva, 28, foi assassinado, para decidir se tomará alguma medida em relação às torcidas dos clubes. Lucas Elias levou um tiro no tórax, durante o confronto que também deixou outras três pessoas feridas. A confusão foi na região do Barreiro, próximo a um cruzamento entre as avenidas Tito Fulgêncio e Tereza Cristina.
Conforme o Ministério Público estadual, “sem o relatório da Polícia Militar, para checar o que foi registrado, não é prudente qualquer manifestação do MPMG sobre a briga de torcidas” que matou o jovem. De qualquer forma, o Ministério Público informou a O TEMPO que “amanhã (segunda, 4 de março) sairá a decisão do MP quanto às torcidas, logo após o recebimento do Reds da PMMG”. O Reds é o Registro de Eventos de Defesa Social, que permite o registro dos boletins de ocorrência dos órgãos de defesa social do Estado de Minas Gerais. Qualquer pronunciamento oficial do Ministério Público de Minas Gerais só será feito depois que o órgão apurar o conteúdo do Reds.
Lucas Elias era motoboy e conhecido como Lucas Bidu. Ele havia completado 28 anos no dia 16 de fevereiro. Logo após ser baleado, chegou a ser socorrido com vida pela PM, mas morreu enquanto passava por uma cirurgia no Hospital Santa Rita, no bairro Jardim Industrial, em Contagem. No hospital, a reportagem de O Tempo conversou com dois amigos de Lucas. Eles contaram que o jovem era sócio torcedor do Cruzeiro, mas não integrava nenhuma torcida organizada. “Ele apenas estava descendo para o jogo. Não fazia parte de organizada. Era trabalhador, honesto e super tranquilo. Ele tinha uma filha de 2 anos e era o menino mais tranquilo do mundo. O negócio dele era trabalhar. Não usava drogas e não tinha passagem pela polícia”, contou um amigo.
O confronto teria começado por volta das 14h, enquanto os torcedores se deslocavam para os jogos distintos, do Atlético e do Cruzeiro. Os dois, válidos pelo Campeonato Mineiro, no sábado. Enquanto o Galo receberia o Ipatinga, na Arena MRV, no bairro Califórnia; a Raposa enfrentaria o Uberlândia, no Mineirão, na região da Pampulha.
Durante a briga, a Polícia Militar identificou a participação de Marcos Vinícius Oliveira de Melo, conhecido como Vinicin. Ele é ex-diretor da Galoucura, principal torcida organizada do Atlético, e tem histórico de violência contra cruzeirenses.
A reportagem questionou o MP se o órgão gostaria de se manifestar sobre o possível envolvimento de Marcos Vinícius, já condenado por outros crimes em brigas de torcidas, inclusive homicídio. De acordo com o órgão, a PM informou que ele está em livramento condicional. De qualquer forma, o MPMG não confirma ainda essa informação, porque ainda não analisou os documentos. Se a condição for mesmo o livramento condicional, a análise da questão é da Vara de Execuções Criminais.
Presos
Dois homens de 24 anos foram presos em flagrante durante o confronto no Barreiro. Eles vão passar por audiência de custódia no Fórum da capital mineira nesta segunda-feira (4). Na ocasião, a Justiça mineira vai decidir se a dupla continuará presa – convertendo a prisão em flagrante para preventiva – ou se os dois poderão ficar em liberdade até o julgamento do crime.