– Enquanto estudamos em salas de aulas, o dia inteiro, os brasileiros jogam futebol desde bebês. Eles estudam a metade do tempo, e nas merendas, jogam futebol.
Eu vi, em Paris, o Tomasz, da Polônia, fazer os primeiros ataques, vindo voando do fundo da quadra. A Polônia era o time a ser batido. Faltou estudo e investimento no voleibol polonês e aquele timaço foi batido.
O Brasil viu o timaço feminino de voleibol do Japão, e era o time a ser batido. Os japoneses não cresceram de tamanho, como deveriam, e perdem todas. Quando as japonesas, treinadas pelo genial Yasutaka Matsudaira, vieram ao Brasil, nos deleitávamos ao vê-las saírem de quadra e devorarem cachos de bananas nanicas, maçãs e pratas. No começo era para repor o potássio, que elas perdiam por causa do calor. Quando vimos os mangarás serem substituídos, concluímos que era gula, pois as que entravam e saíam, passavam logo pelas douradas bananas.
Eu estava nas Olimpíadas de Seul e vi a final do voleibol, de dentro da quadra, graças ao Passport Olímpico presenteado pelo Havelange. Rússia e Estados Unidos gravaram no meu minúsculo cérebro, um espetáculo dos sonhos. Os americanos, capitaneados por “Karch” Kiraly, arrasaram. A Rússia era o time a ser batido.
Os japoneses e os chineses, no tênis de mesa, já estão sendo acossados por suecos e americanos. Os jogos e segredos saem das mãos dos craques por internet. Nada se esconde dos olhares estudiosos e científicos.
O Brasil, de uns poucos estudiosos, ainda vence algumas: no vôlei, na natação, na canoagem, no salto com varas, no salto triplo e graças a Deus: na vela, no surf e no skate.
Só os estudiosos e científicos vencem.
Como é que venceremos no futebol com essa coleção de “professores” que mimamos?
Na Copa da França não aprendemos nada daquela derrota. O genial centroavante francês, Thierry Henry, deu a aula e poucos aprenderam, ou nenhum. Ele disse:
– Enquanto estudamos em salas de aulas, o dia inteiro, os brasileiros jogam futebol desde bebês. Eles estudam a metade do tempo, e nas merendas, jogam futebol. Eu comecei a jogar futebol aos quinze anos, convidado por uns primos, e aprendi certo. Eles não estudam e aprendem tudo errado. É claro que aparecem os craques, mas muitos se perdem. Palmas para o nosso carrasco!
Os nossos craques são craques para o mundo inteiro e são dirigidos por técnicos dos valores de Jurgen Klopp, Carlo Ancelotti, Pepe Guardiola e José Mourinho. Eles ganham tudo, nos melhores campeonatos do mundo, e quando se juntam na Seleção Canarinho, fazem vexames diante do Chile, Bolívia e Venezuela. Ainda não deu para ver que no banco da nossa equipe, já não cabem os “professores” que não tiveram tempo para estudar. Nós conhecemos os nossos jogadores e “professores” e sabemos que eles não têm o mesmo tempo de estudo que os outros alunos. Os treinadores são, na sua grande maioria, jogadores que saíram do campo para o túnel, sem passarem pelos bancos de escolas.
A Argentina teve o Loco Bielsa e alunos da sua escola. Qual é o nosso treinador que fez escola a ser seguida? O que o Brasil tem para mostrar na Europa? Nada, absolutamente nada. Os nossos treinadores iam para os países árabes e para o oriente. Hoje, só os jogadores partem como juvenis e voltam como veteranos e ainda recebem altos salários.
Os nossos centroavantes não conseguem entrar nas áreas adversárias, driblando, como faziam Zico, Leivinha, Tostão, Garrincha, Pelé, Rivelino, Reinaldo, Ronalducho e uns outros tantos. Hoje, nenhum sabe entrar na área e delas fogem.
Na Copa da África do Sul, o genial Cruyff, gerente da Laranja Mecânica holandesa, foi chamado para uma cabine e, de lá, ver o jogo do Brasil. O craque agradeceu o convite e disse que o Brasil não mostraria nada de novo e que decidiram imitar o errado futebol europeu que já desapareceu, e foi embora do estádio.
Vamos torcer pelo Brasil na certeza que esse timinho não serve para a Copa das Três Nações.
Estarei em orações para que o Presidente de Plantão, na CBF, traga o Guardiola ou o Mourinho. O Jorge Jesus, aquele português com alma urubulínea, que entendeu o espírito brasileiro, caberia como uma luva.
Roberto Caminha Filho, economista, canarinho, detesta torcer em vão