De 9 mil partidas em solo brasileiro, 109 tiveram movimentações consideradas suspeitas. O dado é da empresa de monitoramento Sportradar, contratada pela CBF desde 2018 para tentar identificar indícios de manipulação de jogos ligados a apostas esportivas.
Os confrontos analisados são válidos por torneios nacionais e regionais. Dos 109 pegos no radar da empresa, 15 são de competições geridas pela própria CBF: um pela série B do Brasileiro, 13 pela série D e um pela Copa Verde. Já entre os campeonatos que não tiveram nenhum confronto colocado sob suspeita estão a Série A e a Copa do Brasil.
Em nota, a CBF aproveitou esta ausência de suspeitas sobre os jogos da Série A para responder o Botafogo. No ano passado, um levantamento contratado por John Textor, dono da SAF alvinegra, apontou irregularidades na arbitragem em uma série de partidas do campeonato. O “placar real” dos confrontos, diz o estudo, faria o clube carioca voltar a assumir a liderança perdida pelo Palmeiras.
“A Sportradar não encontrou partidas suspeitas na série A do Campeonato Brasileiro, na série C, na Copa do Brasil, Sub 20 ou na Copa do Nordeste. Portanto, nenhuma das partidas do Brasileirão contestadas pelo Botafogo na Justiça desportiva entrou no radar de suspeição da empresa suíça”, diz o comunicado.
Vale lembrar, no entanto, que são levantamentos diferentes. Enquanto o de Textor procurou supostos erros de arbitragem, o da Sportradar avalia movimentações suspeitas em sites de apostas.
Jogos no Brasil que geraram movimentações suspeitas em sites de apostas, segundo a Sportradar
- 2023: 109 partidas
- 2022: 139 partidas
- 2021: 89 partidas
Em relação ao ano anterior, o total de 109 jogos sob suspeita representa uma queda de 21,5%. Em 2022, 139 partidas ligaram o alerta da Sportradar.
As partidas são consideradas suspeitas pela agência a partir do momento em que é identificada uma movimentação anormal de apostas nos sites. Pode ser o número de escanteios no primeiro tempo, o número de gols etc. Contudo, isso não é suficiente para apontar a manipulação. A partir daí, é preciso apuração tanto dos órgãos esportivos quanto dos criminais.
– O desenvolvimento de jogos de apostas online aumenta os riscos de manipulação e impõe novos e mais complexos desafios ao combate à corrupção no esporte. Este fenômeno é uma ameaça mundial e não seria diferente no país do futebol. Conhecer os dados, mapear o problema e direcionar medidas é parte da solução. É nesse sentido que a CBF vem trabalhando, com tolerância zero a qualquer tipo de crime no futebol – afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, por meio de nota.