Além do banimento dos estádios das torcidas Galoucura e Máfia Azul, o promotor do Ministério Público de Minas Gerais, Fernando Abreu, propõe medidas concretas para identificar, monitorar e punir integrantes de torcidas organizadas que se envolverem em brigas dentro ou fora dos estádios.
Abreu apresentou três propostas que podem revolucionar o combate às brigas generalizadas envolvendo as organizadas e que se assemelha às posturas adotadas pela justiça inglesa para evitar que torcedores punidos por brigas voltem a se envolver em brigas envolvendo futebol
A primeira proposta do promotor do MP é criar um grupo especializado no combate a crimes ligados ao futebol dentro do Gaeco, Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, um dos núcleos de inteligência do Ministério Público é responsável por grande parte das operações do órgão.
“Nós tivemos mais um trágico incidente no último sábado, onde um torcedor que participava de uma rixa foi vitimado com arma de fogo e veio a óbito. Outros dois foram baleados neste confronto. O problema da torcida organizada no Brasil é extremamente complexo e passa por uma necessidade de solução por parte do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, e de todas as instituições que estão envolvidas com a segurança publica. Uma torcida organizada deve ser minimamente organizada, e isso não passa pela cantoria nos jogos, mas também pela segurança que ela precisa ter no seu ambiente interno para que possa fazer sua festa no estádio. O que vemos hoje é o cidadão comum refém de vândalos e criminosos que se infiltram nessas organizadas”, explica o promotor.
A segunda proposta de Fernando Abreu é firmar uma parceria entre Ministério Público e Tribunal de Justiça de Minas Gerais para realizar um controle rigoroso dos torcedores após serem suspensos e banidos de eventos esportivos.
A terceira proposta é na esfera federal. O promotor enviou um ofício ao Conselho Nacional de Justiça com sugestão da criação de um Banco Nacional de Torcedores Suspensos/Banidos de eventos desportivos. Com isso, o monitoramento poderia ser feito de maneira nacional.
Em Minas Gerais, as propostas foram enviadas para avaliação do procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior.
Essas seriam alternativas para evitar algo que tem acontecido com frequência: torcedores que já foram punidos por envolvimento em confusões são flagrados frequentemente em novos confrontos de torcidas.
Em realização ao banimento das torcidas Máfia Azul e Galoucura por dois anos do estádio, a recomendação precisa ser ratificada pela Federação Mineira de Futebol (FMF) para que o banimento passe a vigorar.
Com a medida, torcedores não podem frequentar estádios com roupas e outros instrumentos que fazem alusão às organizadas em dias de jogos, respeitando um raio de cinco mil metros.
Exemplo inglês
Na Inglaterra, após brigas e mortes envolvendo torcedores, a justiça adotou medidas rígidas relacionadas ao comportamento e a punição de torcedores envolvidos em brigas.
Em território inglês, na temporada 2012 e 2013, quase 2.500 torcedores foram presos. Muitos deles receberam como punição uma ordem de banimento do futebol (FBO, em inglês), conforme dados Ministério do Interior do Reino Unido, que reúne estatísticas de violência relacionada ao futebol.
A punição estabelece, entre outras coisas, que o torcedor seja obrigado a ficar de três a dez anos afastado de estádios de futebol. No entanto, o monitoramento após a punição é rigoroso. Os torcedores são identificados e mapeados.
Quando o time do torcedor punido for jogar, ele é obrigado a se apresentar em uma delegacia e permanecer por lá até o fim do jogo.
Essas são algumas medidas que fizeram com que a justiça inglesa conseguisse punir os hooligans, nome dado aos torcedores envolvidos em graves confrontos com mortes na Europa, principalmente na década de 1980.
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Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. Em Belo Horizonte, teve passagens pelas rádios Alvorada, BandNews FM e CBN. No Grupo Bandeirantes de Comunicação, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Cobriu as tragédias ambientais da Samarco, em Mariana, e da Vale, em Brumadinho. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Em 2023, venceu o Prêmio Nacional de Jornalismo CNT.