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Julien Laurens, de Londres (ING)
5 de mar, 2024, 14:09
Pela primeira vez em sua carreira, Kylian Mbappé, astro do Paris Saint-Germain, tem sido mais um substituto do que titular consolidado. Por mais incrível que pareça, esta é a verdade.
Nas últimas três partidas, Mbappé ficou no banco por mais de uma hora contra o Nantes, cerca de meia hora contra o Rennes e 45 minutos na última sexta-feira (1° de março) diante do Mônaco. No total, foram três jogos, com um gol marcado, uma vitória, dois empates, e uma grande polêmica.
O técnico do PSG, Luis Enrique, tem sido bastante transparente sobre a notável mudança. Ele continua repetindo sua justificativa como um mantra: “Em breve estaremos jogando sem Kylian, então precisamos nos acostumar. Estou em busca das melhores opções para o time”.
Obviamente, Mbappé não concorda com o pensamento de Luis Enrique, e está notoriamente descontente com a diminuição de seu tempo de jogo. Na manhã de sábado (2), os dois se encontraram e tiveram uma conversa franca sobre a situação, disseram fontes à ESPN.
O treinador disse a Mbappé que não era nada pessoal, mas que o craque já não era indispensável, uma vez que está a caminho do Real Madrid. Colocar o astro no banco e fazê-lo jogar menos na Ligue 1 é certamente mais fácil de fazer agora, porque os parisienses estão nove pontos à frente do Brest no topo da tabela.
Provavelmente, isso não aconteceria se a corrida pelo título estivesse acirrada, uma vez que Mbappé ainda é o melhor jogador da equipe, terminando em terceiro na votação da Bola de Ouro de 2023. A equipe tem mais chances de vencer jogos com ele em campo.
No entanto, Luis Enrique tem razão em se acostumar a jogar sem Mbappé, embora ainda pareça um pouco hipócrita: preparando-se para a próxima temporada agora, enquanto a temporada de 2023/24 ainda está em andamento, parece estranho.
Fontes disseram à ESPN que há uma clara luta pelo poder ocorrendo no momento dentro do clube entre Mbappé e Nasser Al Khelaifi.
Em suma, o mandatário não gosta de ouvir “não”. Quando o meio-campista Adrien Rabiot se recusou a renovar seu contrato há alguns anos, Khelaifi basicamente ficou no banco durante a segunda metade da temporada. Mbappé não é nenhum Rabiot, mas é possível que ele seja “encostado” no clube.
Este também não foi o primeiro ponto de conflito entre jogador e presidente do clube. Em 2023, Mbappé foi retirado do time titular e não viajou para a Ásia para a pré-temporada. O fato foi interpretado como uma punição pelo francês optar ter optado por não querer prorrogar o contrato com o PSG.
Na época, a ESPN apurou que os dirigentes do clube estavam discutindo uma ideia maluca: por que não ser rigoroso e não jogar contra Mbappé durante toda a temporada? A ideia foi rapidamente abandonada.
Naquela época, Luis Enrique pressionou para que o jogador fosse reintegrado enquanto o conflito continuava; desta vez, ele é o principal protagonista de toda a “trama”. O espanhol é conhecido por não gostar de estrelas. Ele brigou com Totti quando estava na Roma, brigou com Lionel Messi no Barcelona, e agora é a vez de Mbappé.
Quando era um jovem técnico, Luis Enrique não achava que Totti corresse o suficiente ou jogasse com intensidade, deixando a estrela da Roma no banco.
Foi uma história semelhante com Messi no Barcelona – embora Luis Enrique tenha sido vitorioso na temporada 2014-15, ele tentou tirar o argentino de campo aos 80 minutos de uma partida em outubro contra o Eibar, mas Messi o ignorou e permaneceu em campo.
Em janeiro, as tensões haviam aumentado o suficiente para que os dois entrassem em confronto no treino por causa de uma falta não assinalado por Luis Enrique a Messi em uma partida amistosa. No jogo seguinte, contra a Real Sociedad, Messi ficou no banco pela primeira (e única) vez na temporada. Dias depois, Messi não compareceu ao treino.
O treinador tem a fama de querer “ser a estrela”, mas é mais difícil manter essa imagem quando se tem ícones no elenco. Na última sexta-feira, em sua coletiva de imprensa antes do jogo, ele disse que seu time estaria muito melhor na próxima temporada – nas entrelinhas, ele quis dizer “quando Mbappé não estiver mais lá”. O fato foi encarado como uma “citação brutal” pelo jogador e seu estafe, disseram fontes à ESPN.
No encontro entre ambos, Luis Enrique disse a Mbappé que ainda contará com ele para os grandes jogos, inclusive nesta terça-feira (5), na partida de volta das oitavas de final da Champions League, contra a Real Sociedad.
No geral, não há nada que Mbappé possa realmente fazer para resolver esta situação. Fontes disseram à ESPN que ele não mudará de ideia sobre a decisão de sair. Ele está preparando sua transferência para o Real Madrid e está muito entusiasmado com isso.
Mbappé também sabia que viveria uma situação complicada com Al Khelaifi por conhecer o “poderoso chefão” do PSG. Mas, ele fará o seu melhor quando jogar e não criará problemas internamente.
Porém, em Mônaco, Mbappé sentiu que precisava fazer algo para expressar o que estava sentindo. Em vez de ficar no banco no segundo tempo, depois de ter sido substituído durante o intervalo, ele sentou-se ao lado de sua mãe e seu estafe nas tribunas, três fileiras acima de Al Khelaifi. Eles não conversaram naquela noite, disseram fontes à ESPN, mas realmente não precisavam. A situação está feita.
O PSG ainda precisa de Mbappé no seu melhor se quiser terminar a temporada da melhor forma possível, especialmente na Champions League. Porém, o craque não espera mais nada nem de Luis Enrique e nem de Al Khelaifi.
Próximos jogos do PSG
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Real Sociedad (F) – 05/03, 17h (de Brasília) – Champions League
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Reims (C) – 10/03, 9h (de Brasília) – Ligue 1 – Transmissão pela ESPN no Star+
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Nice (C) – 13/03, 9h (de Brasília) – Copa da França