Wander Roberto/Fiba
Depois de ser perder pela Austrália e pela Sérvia, o Brasil chegou ao último jogo do Pré-Olímpico de basquete feminino ainda com chances de carimbar o passaporte para Paris-2024. Para isso, precisava vencer a Alemanha por oito pontos de diferença, mas tudo ficou mais difícil com o péssimo começo em que o time chegou a estar perdendo por 11 a 0. Depois disso, lutou muito, teve Kamilla Soares, Damiris e Tainá Paixão como destaques, mas sucumbiu diante do adversário, que venceu por 73 a 71. Com três derrotas em três jogos, a seleção brasileira se despede de Belém sem a vaga para Paris-2024.
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“É visível essa melhora nos cinco anos que estou aqui, mas, como eu falei no primeiro dia: nós sabemos que nós melhoramos. O que a gente queria ver era se essa melhora seria suficiente para gente poder dar mais esse passo e a gente viu que não foi suficiente”, lamentou o técnico José Neto, que desde 2019 comanda a seleção brasileira de basquete feminino. “A gente sabe que a gente compete nesse nível. Agora, precisamos aprender a ganhar nesse nível”, completou.
Destaques
Kamilla Cardoso terminou o jogo com um duplo duplo: 19 pontos e 13 rebotes. Com ela em quadra, o Brasil chegou a estar vencendo por 66 a 63, mas ela cometeu a quinta falta e foi eliminada da partida quando faltava 1min39s para o fim. Além dela, Damiris fez seu melhor jogo no Pré-Olímpico e foi a cestinha brasileira com 20 pontos. Quem também fez uma boa partida foi Tainá Paixão, que marcou 19 pontos e deu quatro assistências, mas também cometeu seis turnovers.
Do lado alemão, Leonie Fiebich brilhou com 22 pontos e 11 rebotes. Quem também brilhou foi Satou Sabally, que foi fundamental para o resultado. A camisa zero jogou a partida no sacrifício por causa de uma lesão no ombro esquerdo. Mesmo assim, ela fez um duplo duplo com 20 pontos e 11 rebotes.
Culpa?
Na saída do jogo, com lágrimas dos olhos, Kamilla Cardoso pediu desculpas pelo resultado. “Essa derrota, foi minha culpa. Eu deveria ter ficado mais calma, eu não deveria ter empurrado a garota, mas eu sou ser humano e como todo mundo eu vou errar. Os nervos subiram à cabeça e eu acho que eu fiz algo errado, mas procurei lutar até o último minuto”, desculpou-se a jogadora.
Ela se referiu ao lance em que cometeu a quinta falta e, na sequência, empurrou Satou Sabally. Assim, a Alemanha teve quatro lances livres a seu favor, dois pela infração normal e mais dois pela agressão, assinalada como falta desqualificante pela arbitragem. Apesar de ter perdido a cabeça naquele momento, Kamilla Cardoso foi fundamental para manter as chances do Brasil até o final.
Apesar da eliminação, Kamilla Cardoso entrou para a seleção do torneio, ao lado da sérvia Yvonne Anderson, da alemã Leonie Fiebich e das australianas Bec Allen e Ezi Magbegor – esta última, a MVP.
Despedida
O jogo marcou também a despedida da capitã Érika da seleção brasileira. O desejo dela era se aposentar em Paris, mas as três derrotas no Pré-Olímpico anteciparam a decisão. “Não tenho nem palavras para mensurar o amor que eu sinto por vestir essa camiseta e passar todos os perrengues que eu passei com as meninas. Foram 25 anos que, se eu pudesse voltar no tempo, eu faria tudo novamente”, disse a pivô de 41 anos com lágrimas nos olhos. “Na seleção, infelizmente, meu ciclo se fecha. Eu ainda tenho uma LBF pela frente, mas vou dar todo o suporte para as meninas. Vou estar sempre junto com elas, mas não diariamente porque, como todo mundo sabe, pretendo ser mãe, se não meu marido me larga”, brincou.
Primeiro quarto
O Brasil começou muito mal o jogo. Nervoso e precipitado, errou seus seis primeiros arremessos, enquanto a Alemanha acertou cinco em oito tentativas e abriu rapidamente 11 a 0. Coube a Damiris, que já tinha errado duas vezes, marcar os dois primeiros pontos brasileiros depois de 3min43s de partida.
Aos poucos, o Brasil foi entrando no jogo e com duas cestas de Kamilla Cardoso, a diferença caiu para sete pontos: 13 a 6. A reação continuou com uma bola de três de Cacá e uma jogada individual de Isabela Ramona, que reduziu a vantagem alemã para 17 a 14. No fim do período, entretando, Nyara Sabally marcou 19 a 14 para a Alemanha.
Segundo quarto
No segundo quarto, a reação do Brasil continuou e Tainá Paixão voltou a deixar a equipe apenas três pontos atrás em 24 a 21. Mas depois de alguns erros ofensivos e três ataques extremamente precisos da Alemanha, a vantagem voltou a dez pontos: 31 a 21.
Neste momento, José Neto decidiu mudar a forma de jogar da seleção brasileira e colocou em quadra um time mais leve com Cacá, Tainá Paixão, Leila, Sassá e Damiris. A força na defesa não diminuiu e a estratégia surpreendeu a Alemanha.
Com ótima atuação de Tainá Paixão, que marcou 11 pontos no período, o Brasil encostou no placar. O empate veio numa cesta de Damiris, que sofreu falta na jogada, acertou o lance livre e deixou tudo igual em 35 a 35. No finalzinho, no entanto, a Alemanha voltou a escapar e foi para o intervalo vencendo por 39 a 35.
Terceiro quarto
Na volta dos vestiários, as jogadoras do Brasil entraram em quadra sabendo da difícil missão que teriam pela frente. Além de tirar os quatro pontos conseguidos pela Alemanha nos dois primeiros quartos, era preciso ainda colocar mais oito de vantagem para carimbar o passaporte para os Jogos Olímpicos de Paris-2024.
O começo do período não poderia ser melhor com uma bola de três de Damiris, que reduziu a diferença para um ponto. Na tentativa de virar o jogo e conseguir a vantagem necessária, o Brasil forçava os arremessos do perímetro, mas sem sucesso. Cacá errou duas vezes e Tainá Paixão outra. Assim, a Alemanha respirou de novo no placar: 44 a 38.
Se por fora estava difícil, Kamilla Cardoso então assumiu a responsabilidade. A pivô marcou uma sequência de nove pontos seguidos e a diferença caiu para 49 a 47. Mas o Brasil encostava e a Alemanha, liderada por Satou Sabally, sempre dava um jeito de escapar.
O placar era de 56 a 52 quando Kamilla, que somava 17 pontos, cometeu sua quarta falta e foi substituída por Stephanie Soares. No fim do período, Tainá Paixão acertou dois lances livres, mas a Alemanha ainda tinha a vantagem: 57 a 54.
Último quarto
Sem Kamilla em quadra, José Neto inovou ao colocar Damiris na posição três, deixando para Stephanie Soares e Érika a missão de brigar no garrafão. E a camisa 12 fez a parte dela com uma bola de três e outra de dois para fazer o Brasil enconstar em 61 a 59.
Faltando pouco mais de cinco minutos para o fim do jogo, Kamilla Cardoso voltou ao time, mas quem empatou o jogo foi Stephanie Soares em uma bandeja: 61 a 61. O Brasil finalmente passou a frente com um arremesso perfeito de Damiris.
O Mangueirinho pegou fogo e, em dois lances livres de Kamilla Cardoso, a diferença chegou a 65 a 61. O Brasil manteve a vantagem com uma jogada individual de Tainá Paixão, mas, quando o placar era de 67 a 63, Kamilla Cardoso cometeu a quinta falta e saiu do jogo.
Sem a pivô, a Alemanha virou o jogo de novo e num jogo emocionante até o final conseguiu vencer por 73 a 71 e garantir vaga pela primeira vez na história no basquete feminino dos Jogos Olímpicos.