Para tentar manter a hegemonia nas paralímpiadas, que vem desde Atenas 2004, a seleção brasileira de futebol de cegos resolveu inovar nos treinamentos: agora, os jogadores fazem parte dos exercícios de fortalecimento muscular na praia.
E o local escolhido para esses treinos é a praia do Cabo Branco, na orla de João Pessoa, capital da Paraíba.
“A Seleção, como está permanente aqui em João Pessoa, nos dá a tranquilidade de fazer este trabalho na praia que ajuda nas articulações de joelho e tornozelo, na mobilidade, mudança de direção. É um trabalho feito duas vezes por semana e numa intensidade boa para que os atletas tenham um condicionamento físico bem melhor para a parte técnica e tática”, explica o auxiliar técnico e preparador físico da equipe, Josinaldo Sousa, o Bamba, ao site do Comitê Paralímpico Brasileiro.
Além das atividades na praia às quartas e aos sábados, o Brasil treina com bola às segundas, terças, quintas e sextas, sempre pela manhã, na quadra do Instituto de Cegos da Paraíba, um dos Centros de Referência do CPB. No período da tarde, os jogadores vão para a academia.
“Para nós, atletas, é muito importante estar treinando todos os dias. É uma coisa que eu sentia falta quando estava na Bahia fazendo apenas academia. E aqui temos essa possibilidade de fazer não só treino com bola, mas também o fortalecimento na academia e na praia. Isto está me ajudando muito, tanto que meu condicionamento melhorou demais desde que nos mudamos para cá”, garante o ala Jefinho, quatro vezes medalha de ouro, desde Pequim 2008.
Atual presidente do Comitê é ex-atleta da modalidade
E a seleção conta com um torcedor, muito especial, na busca do hexa nas Paralímpiadas francesa: o atual presidente do CPB, Mizael Conrado que, além de ex-atleta do futebol de cegos é campeão paralímpico em Atenas (2004) e Pequim (2008). Ele dirige o Comitê, desde 20017, em substituição a Andrew Parsons, atual mandatário do IPC (Comitê Paralímpico Internacional, em inglês).
Como se joga o futebol de cegos
O futebol de cegos é um esporte paralímpico exclusivo para cegos ou deficientes visuais. As partidas, normalmente, são em uma quadra de futsal adaptada, mas, desde os Jogos Paralímpicos de Atenas 2004, também têm sido praticadas em campos de grama sintética. O goleiro tem visão total e não pode ter participado de competições oficiais da FIFA nos últimos cinco anos.
Junto às linhas laterais, são colocadas bandas que impedem que a bola saia do campo. Cada time é formado por cinco jogadores – um goleiro e quatro na linha. Diferentemente de um estádio convencional de futebol, as partidas de futebol de cegos são silenciosas, em locais sem eco. O jogo é dividido em dois tempos de 15 minutos, com 10 minutos de intervalo.
A bola tem guizos internos para que os atletas consigam localizá-la. A torcida só pode se manifestar na hora do gol. Os jogadores usam uma venda nos olhos e, se tocá-la, cometerão uma falta. Com cinco infrações, o atleta é expulso de campo e pode ser substituído por outro jogador. Há, ainda, um guia (chamador) que fica atrás do gol adversário para orientar os atletas do seu time. Ele diz onde os jogadores devem se posicionar em campo e para onde devem chutar. O técnico e o goleiro também auxiliam em quadra.