Há 20 séculos atrás, Julio César, retornando da conquista dos territórios da Galia, foi informado sobre uma conspiração da República Romana contra ele. César dirigiu-se para as margens do Rio Rubicão, fronteira da Gália com a Itália, e decidiu atravessá-lo armado e com suas tropas, assim infringindo as leis de Roma. Ao cruzar o rio, ele proferiu a frase “a sorte está lançada”. Nesse momento foi iniciada uma guerra civil da qual César saiu vencedor e as consequências fundaram o Império Romano e moldaram diversos aspectos da nossa sociedade. “A sorte está lançada” ou “atravessar o Rubicão” viraram referência para uma decisão sem volta e que trará consequências impossíveis de antecipar. Essa semana, John Textor decidiu atravessar o Rubicão e enfrentar a arbitragem.
O Botafogo foi sistematicamente prejudicado no ultimo Campeonato Brasileiro. Não foi o único ou principal motivo da derrocada, mas teve alto grau de contribuição ao ir equilibrando artificialmente a pontuação. Houve erros crassos ou interpretações que vimos em diversos jogos ao longo do ano serem “02 pesos e 02 medidas”, principalmente no segundo turno. Quando Textor contratou uma empresa de relevância internacional que identificou um certo padrão de erros e desequilíbrios nas últimas edições, o sistema fez chacota como de costume. Nada disso é novidade para nós. Lembro antigamente quando o GE fazia um ranking dos pontos perdidos X ganhos devido a erros de arbitragem, os mesmos times apareciam no topo dos pontos ganhos e os mesmos no topo dos pontos perdidos, ano após ano. A coincidência de sempre.
Dessa vez, John Textor e o Botafogo decidiram enfrentar algo que sempre tivemos a percepção que existe. Um campeonato que há menos de 20 anos teve a máfia do apito e ano passado jogadores de “Série A” punidos por interferirem na integridade de diversas partidas, no mínimo qualquer denúncia deve ser apurada de maneira séria, sem galhofa. Não importa se o áudio é referente a um jogo do Botafogo ou de “Série D”, a arbitragem fica em “check”. Temos árbitros incompetentes que mesmo não fabricando resultados de forma deliberada, o estudo da “Good Game!” aponta algo que sempre soubemos: na dúvida, a favor de quem grita mais alto. Ou seja, mesmo de forma inconsciente o árbitro toma a decisão que terá menos repercussão contra ele. Não acredito que o Botafogo tenha muito a perder nessa briga, até porque já perdemos o suficiente com arbitragem desde que Julio César virou imperador.
A arbitragem brasileira precisa de uma discussão séria e profissional para novos rumos. Porém, enquanto isso, não podemos ser quem grita menos. Esse movimento também é um recado de que prejudicar o Botafogo tem consequências e barulho grande. Lembro do saudoso Luiz Mendes praticamente sozinho tentando combater a narrativa de “chororô” patrocinada pela mídia. Não mais!
A sorte está lançada!