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Em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia desta segunda-feira (11), a jornalista Milly Lacombe elogiou o “primeiro passo” de Cuca, treinador de futebol condenado por estupro.
Em entrevista coletiva neste domingo (10), Cuca leu uma carta afirmando não se eximir da responsabilidade sobre a violência contra as mulheres e afirmou que iria tomar ações para mudar a situação no futebol.
Cuca foi condenado na Suíça por estupro de vulnerável contra uma jovem no chamado ‘Caso de Berna’, ocorrido em 1989. Ele teve sua condenação anulada, mas afirmou compromisso com a luta das mulheres.
O texto lido pelo treinador é praticamente uma resposta a uma fala de Milly no UOL, em que a jornalista convida Cuca a ser um aliado na luta contra a violência contra a mulher.
Em entrevista ao Onze e Meia, Milly celebrou a atitude do treinador, mas cobrou por ações.
“Quando eu ouvi ontem o Cuca falando, eu fiquei comovida. E uso assim o termo histórico, quando eu falo foi histórico, eu estou usando com responsabilidade”, disse Milly. “Eu sei que tem muita gente muito brava, que, meu Deus, agora ele faz uma cartinha e está livre. Não é isso. Não é disso que se trata. Como o Menon muito bem colocou, é um começo. É uma porta que estava fechada e ele abriu a maçaneta porque a gente colocou essa porta ali. Ele deixou uma fresta. Vai depender dele que essa porta seja aberta. Vai depender das ações dele”, completou Lacombe.
Antipunitivismo
O discurso de Cuca é considerado histórico por ser o primeiro atleta ou ex-atleta brasileiro envolvido em escândalos sexuais que decidiu publicamente abordar o tema sem a ótica da “perseguição”, como fizeram Robinho e Daniel Alves. E até o próprio Cuca, anteriormente.
“Se o Cuca entra, entra de coração, entra honestamente, ele transforma a vida, gente, de 10 caras que estão lá com ele. Já é bastante coisa, porque dois deles vão transformar mais vidas, e outros tantos, outras vidas”, disse a jornalista, que afirma que o treinador pode começar uma “revolução” no futebol brasileiro.
Milly defende que a punição criminal não deve ser a única via de combate contra a violência. “Essa sanha punitivista também não me agrada. Se me dissessem assim:o Daniel Alves vai ficar um ano preso, mas ele vai sair de lá amplamente reformado. Ele vai sair de lá com toda a consciência do que ele fez, ele vai se implicar na luta. Eu preferiria isso do que ele vai ficar 30 anos preso e ele vai sair de lá se achando um injustiçado”, completou Milly.
Veja a entrevista completa de Milly Lacombe ao Fórum Onze e Meia desta segunda-feira (11):