Textor fala sobre Thiago Almada: “Estamos na disputa”
– Existe muita discussão sobre o que fizemos nesta janela, o que faremos na próxima janela. Você sabe, o Luiz Henrique não foi o único alvo principal. É muito difícil trazer jogadores da Europa ou que estão na mira da Europa nesta janela porque eles estão jogando. Jogadores da MLS, da América do Sul, estão começando suas temporadas. É um tempo difícil – disse Textor, que completou:
– Pessoas de grandes clubes querem estar aqui agora. Luiz Henrique não é a única oferta que fizemos de 20 milhões de euros. Há situações ativas dentro dessa faixa de preço para a próxima janela. Não é mais sobre o dinheiro, é sobre o projeto.
Luiz Henrique, do Botafogo — Foto: Vítor Silva/Botafogo
Um dos nomes que interessam ao Botafogo é o de Thiago Almada. Campeão do mundo pela seleção da Argentina, o jovem argentino é um dos principais alvos de Textor no mercado. O empresário disse que fez uma vídeo-chamada com o jogador argentino e que ele gostou do projeto alvinegro.
– Meu trabalho é achar pessoas que querem vir para cá. Você tem que respeitar a vontade dos jogadores e dos clubes. Um monte de gente gosta do Almada, nós gostamos, e eu acho que ele gosta da gente. Mas ele gosta da Europa, gosta da La Liga. Então temos que competir com isso. Mas ele é o melhor jogador do Atlanta, melhor jogador da liga no ano passado, e os torcedores o amam. Temos que respeitar tudo. Mas sim, fomos atrás dele. Nós conversamos de dono para dono, clube para clube.
– Ele gostou do nosso projeto. Mas veremos ele mais um ano. Ele irá receber muitas ligações da Europa e teremos que competir com isso. Estamos na disputa, eu o conheci, nos falamos via vídeo-chamada. Observei-o no Pré-Olímpico, acompanho ele há muito tempo. Tenho boa relação com o Atlanta, temos que respeitar e competir por ele. Não vamos ficar tão animados com ele, porque ele é de outro time. Se não for ele, será outra pessoa. É a dor do ano passado que nos deu a oportunidade nesse ano.
Almada comemora gol pela Argentina contra o Chile no Pré-Olímpico — Foto: AFP
John Textor enfatizou em alguns momentos que a frustração da perda do título brasileiro no ano passado colocou o Botafogo no radar de grandes jogadores da Europa ou que são alvo do continente europeu. Segundo o empresário, a Eagle Football facilita na chegada desses atletas.
– Tudo que nos chateou ano passado, como torcedores, chamou a atenção do mundo. Sim, eles falam sobre o colapso, mas é como acontece com um acidente de trem e ganha publicidade no mundo inteiro. As pessoas falam: “Como Botafogo deixou de ser esquecido no mundo, na Série B, e competiu financeiramente para levar a disputa com o Palmeiras até às últimas rodadas do campeonato. Os jogadores dizem agora: “Uau, olha aquela equipe, eu posso jogar nesse time. Posso ganhar campeonatos, ir para a Libertadores”. Fazer parte da Eagle Football me dá um caminho. Os jogadores se interessam em ficar aqui em um ou dois anos. Essas propostas estão vindo até a gente agora. Não vinham no ano pasado.
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Jogadores querem ficar no Botafogo
– Eles sempre dizem que querem ficar aqui. Mas para alguns jogadores, não é um bom lugar para jogar. Alguns torcedores nossos trabalham duro para dificultar as coisas para nossos jogadores. Mas nossos jogadores querem ficar, querem ser campeões. Mas temos que ser realistas. Eles pensam “se não sou querido aqui, preciso sair daqui. Para um lugar onde minha família vá ao shopping e as pessoas não zombem deles”. Então, é um equilíbrio. Eu falo muito sobre isso. Se você ama os jogadores, eles te amam de volta. Eu nunca tuitei antes de um jogo. Eu fiquei preocupado com a nossa torcida. Eu estava no jogo e precisávamos ir para a Libertadores, luta pelo G4. Havia tanto ódio. Eu nunca tinha visto isso antes. Os jogadores tocavam na bola, e os torcedores vaiavam. Então fiquei preocupado.
Relação com torcida em 2024 e virada de chave
– Mas ontem à noite (contra o Bragantino, na primeira partida da LIbertadores), eu não consigo acreditar em como nosso torcida foi boa. Foi diferente. Não estávamos bem. Mas os torcedores foram em frente. Nossa torcida colocou o time nas costas e conseguiu a vitória. O Júnior Santos sente a torcida melhor que todos os jogadores. A torcida tem que entender que quando os jogadores “enlouquecem” em campo, é porque são os torcedores nas cabeças e nos corações deles. Se você vaiar um jogador vestindo a camisa do Botafogo, você pode vestir a camisa do adversário naquela noite. Mas o positivo é que os torcedores estão conosco. Foi o meu retorno ontem, eu fiquei emocionado. Não vai ser sempre assim, temos maneiras específicas de segurar as pessoas nos estádios. Falei com famílias para trazerem crianças. Tinha muitas. Era um som alto, agudo. Eu quero esse som no nosso estádio, quero que ele seja seguro. Teremos identificação facial agora. Não por questões de segurança, mas para melhorar o envolvivemento com o produto. É mais legal você entrar com o seu rosto, pagar para ter produtos com o seu rosto. Você opina, eu sei quem é você. Quero saber o que você pensa, não o que o Twitter pensa.
Relação com torcida e Botafogo
– Eu não trabalho para os ultras, trabalho para os torcedores do Botafogo. Trabalho para as crianças, para as famílias que vejo na churrascaria, no shopping. Trabalho para a nossa torcida. Eu me tornei um carioca emotivo. Algumas pessoas que vêm aos jogos podem falar disso. Existem muitos torcedores importantes que me mandam mensagens. Eu fico tão mexido, chateado. Alguns dos meus amigos mais próximos que torcem pelo Botafogo me enviam algo que me chateia sobre o time, e eu retruco, e eles ficam “wow, você foi grosso”. Eu falo para eles não me ligarem durante o jogo, porque eu fico chateado. Nem uma hora depois também. Essa não é a linha de atendimento ao cliente. Eu publiquei no Twitter que era o momento de apoiarmos o time, e um torcedor me mandou contratar um lateral-esquerdo. Não entro mais no Twitter (riu).
Chegada de um meia:
– Estamos com um grande elenco, com dois pontas que trouxemos da Europa como Luiz Henrique e Jeffinho, então imagine como este time será quando completo. O meio defensivo está melhorando, o box-to-box também, eu acho que a posição de meio campo ofensivo, por exemplo, deixou os torcedores frustrados porque ficamos fatigados. O Eduardo ajudou a ditar o ritmo do time na primeira metade do ano e depois, quando ele estava fora ou cansado, ficava um vazio..
Vontade de jogadores:
– O fracasso é o maior professor, a dor é uma questão de recuperação, realização e crescimento. Então, nós temos dor do ano passado, os jogadores que querem vir querem têm uma visão diferente. De um time que saiu da segunda divisão e quase ganhou um título que chamou a atenção do mundo. Eles pensam “eu me vejo nesse time, posso me encaixar ali”.
Interesse em jogadores do elenco
– A MLS ama alguns jogadores nossos. Ama o Jacob Montes, ama o Marlon Freitas. Ama o Matheus Nascimento, ama o Júnior Santos, e aprendemos muito com o nível falando sobre Savarino.
Influência na contratação do Luiz Henrique
– Eu tenho certeza que tive um contato e influência, mas isso não influenciou a mim. Você teria que perguntar a ele, à maravilhosa família da esposa dele. É a minha função, que eu chamo de couro de sapato, quando tenho que gastar a sola do sapato para encontrar as pessoas e me conectar com as pessoas. Não é uma chama por “Zoom”, mas estar cara a cara. Você tem que estar, isso faz a diferença. Na cozinha da família, você tem que conhecer os filhos. Nós temos uma expressão que é que você tem que ser campeão para os jogadores antes de você ser um campeão para os torcedores. Eles têm que confiar em você, e se você desenvolve uma reputação como um clube, como um povo em que se pode confiar, você vai conseguir mais jogadores, certo? É por isso que eu tento fazer uma conexão pessoal com os jogadores. Eu não sei se estou criando essa conexão, eu sou um “gringo” de 58 anos que já não dança como dançava antigamente. Eu brinco que não tenho tatuagens, ele brincam comigo. Não faço ideia se eles se conectam comigo de alguma forma de fato, mas eu tento.
– Eu quero que esse lugar seja conhecido pelo mundo como a capital do futebol. E também as festas que acontecem nos nossos estádios, esse é o motivo do nosso estádio estar cheio agora, porque não é só futebol. E ninguém vai acreditar que você tem um bom time de futebol se você tem um estádio vazio. Então eu agradeço a torcida por comparecer. Porque quando eles aparecem, faz com que as pessoas assistam ao redor do mundo, faz com que as nossas receitas cresçam. Nós publicamos nossas receitas, nós fizemos R$ 15 milhões em 2022 e R$ 73 milhões em 2023. E isso é engajamento da torcida, patrocínios e é a festa. Então nossa torcida é o show e eles direcionam a economia. Não o estádio, porque a economia nos dias de jogos não são tão boas. Nós não fazemos dinheiro em dia de jogo. Quando eu disse isso na noite do jogo do Fortaleza chorando na TV, você sabe, nosso trabalho é mostrar ao mundo. E mesmo nas horas boas e nas horas ruins, nós estamos mostrando para o mundo. Conduzindo nossas receitas, nossas habilidades para trazer jogadores. É por isso que você está vendo uma capacidade de pagar pelo o que esperamos, que seja um futuro de sucesso. Essas coisas. E os torcedores estão fazendo isso diariamente.
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