O atleta Anderson Melo foi vítima de ataques homofóbicos durante uma partida da segunda etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, na última quinta-feira, 14, na Praia do Pina, no Recife.
Do lado de fora da quadra, no decorrer do jogo, torcedores chamaram o jogador de “bicha” repetidas vezes e perguntaram se “usa calcinha” e se “é mulher ou não é”. “Ela tá com bermuda de desfile”, disse um deles.
Seja assinante O POVO+
Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.
Assine
Em seu perfil no Instagram, Anderson escreveu um longo desabafo sobre os ataques sofridos e conta que não soube como reagir. “Não acreditava no que estava acontecendo”, escreveu o atleta. “Demorei a escrever porque eu precisava digerir o que aconteceu naquela quadra, no ambiente que mais amo estar sofri ataques homofóbicos continuadamente e pela primeira vez na vida não consegui reagir”, admitiu.
“Perdi o chão, perdi a bola, perdi o jogo. Mas não perdi minha força em estar aqui dividindo com vocês um crime explícito”, continuou relatando. O jogador de vôlei de praia afirmou que fez o boletim de ocorrência, mas que ainda não sabe os próximos passos.
“Eu só lembrava da minha mãe, o quanto ela tinha medo de me ver sofrer por ser homossexual. E infelizmente ela não estava aqui para me proteger e nem ninguém. Me senti completamente acoado e sem entender porque as pessoas estavam fazendo aquilo”, refletiu.
Por fim, Anderson fez um apelo para que autoridades locais, Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), fãs e amigos façam algo. “Para que isso não se repita com mais ninguém”, acrescentou.
CBV lança nota e repudia os ataques homofóbicos
Dois dias após os ataques homofóbicos, a CBV lançou uma nota lamentando e repudiando veementemente o crime contra o atleta Anderson Melo. A Confederação afirmou que reuniu todas as informações necessárias para protocolar um B.O em uma delegacia do Recife neste sábado, 16.
Em nota, ainda foi relembrado que uma mensagem conscientizando os telespectadores da partida tem sido anunciada desde sexta-feira, 15. Confira a mensagem:
“Atenção, torcedores! Racismo, homofobia e outros atos discriminatórios são crime, e não podem fazer parte dos eventos do voleibol brasileiro. Manifestações como as ocorridas nas quadras externas não podem se repetir. Esporte é diversidade, tolerância, respeito e inclusão! E respeito é um dos maiores valores que o esporte ensina! Vamos torcer com paixão! O voleibol por um mundo sem preconceito e discriminação!”.
A CBV também confirmou que está prestando todo o auxílio ao atleta e reforça que “não admite qualquer tipo de preconceito, entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, tolerância e igualdade; e agirá sempre para coibir qualquer manifestação discriminatória em seus eventos”.
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente
Tags
CBV atleta vôlei de praia Anderson Melo homofobia ataques homofóbicos