Fora das quadras devido à uma lesão no joelho, Adriana Cardoso não deixou de lado o sonho em participar de mais uma Olimpíada. A ponta-direita da seleção brasileira de handebol feminino, conhecida como “Doce”, segue lutando pela convocação olímpica.
Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Portugal
Em Portugal para a concentração da seleção do Brasil, que disputou jogos amistosos, a veterana conversou com a RFI sobre esta fase preparatória para Paris 2024. “Essa minha vinda para cá foi muito positiva. Estou saindo de Portugal muito feliz porque estou bem. A fase final da recuperação da minha lesão está sendo muito boa. Estou como deveria estar neste momento do tratamento. Nas próximas semanas já vou voltar a pegar na bola e regressar às quadras. Não vejo a hora, pois estou morrendo de saudade”, comemora a atleta.
Em Portugal, Adriana não pôde participar dos jogos amistosos contra a seleção do Japão devido à uma lesão no joelho. “Eu queria estar com elas lá dentro da quadra, mas eu tenho que entender o momento que estou agora que é de recuperação, de cuidado”, lamenta a atleta cearense.
A veterana de 33 anos está se recuperando e segue uma rotina de treinos específica. “Dois meses atrás eu me lesionei, mas agora estou na fase final da minha reabilitação. A minha rotina se divide em dois turnos: na parte da manhã eu faço um trabalho físico na academia passado pelo preparador físico da seleção brasileira, que dura cerca de duas horas, e na parte da tarde eu me reúno com o meu time.”
Cardoso integra a equipe do Buducnost, clube de Montenegro com uma história relevante no handebol europeu e que joga na Champions League. “Claro que o trabalho do preparador físico da seleção com o trabalho do meu clube se encaixa e anda no mesmo caminho. Agora está sendo uma fase de reinserção à quadra”, explica Adriana Cardoso.
Apoio psicológico
Além da preparação física, a atleta também recebe apoio psicológico. “Meu psicólogo esportivo é um ex-atleta, então ele entende bem este mundo que a gente vive. Já trabalhamos juntos há cinco anos, temos encontros semanais e está sendo muito importante nesta minha fase agora de reabilitação da lesão e visando o meu objetivo final, o meu sonho participar dos Jogos Olímpicos de Paris”, afirma.
O técnico da seleção brasileira, Cristiano Rocha, que esteve no comando do ouro dos Jogos Pan-americanos de Santiago, em 2023, fez questão de destacar a importância de Cardoso para o time.
“Ela é uma jogadora com muita experiência, com Jogos Olímpicos na bagagem. É uma peça muito importante para o nosso plantel e, como todo atleta, está suscetível a lesões e foi o que aconteceu, mas ela já está na fase final de tratamento para retornar às quadras. Estamos contando que na próxima etapa de preparação, que será em abril, ela já possa estar com o grupo”, afirma o treinador.
Expectativa para convocação
A tão sonhada vaga ainda não está garantida para nenhuma atleta, nem mesmo para Adriana Cardoso, uma das jogadoras mais experientes da seleção brasileira de handebol feminino. “Na posição da Adriana também temos jogadoras com muita qualidade que estão suprindo a ausência dela neste momento em que estava lesionada. A seleção precisa ter um plantel grande porque sabemos que no esporte de alto rendimento acontecem muitas situações como esta, de lesões”, afirma Cristiano Rocha.
Apesar de o Brasil já ter a vaga para a Olimpíada em Paris após ter conquistado o ouro nos Jogos Pan-americanos de Santiago, no Chile, ano passado, as atletas ainda não têm a convocação oficial, gerando ansiedade e incertezas.
“A gente continua se preparando fisicamente, mas também temos que cuidar parte psicológica, de segurar esta ansiedade porque o Brasil tem a vaga, mas nós, atletas, ainda não. A convocação só vai sair lá na frente, bem perto do embarque para os Jogos Olímpicos de Paris”, reitera Cardoso, que já competiu em Tóquio 2020. “A briga vai ser bonita porque temos atletas muito boas aqui na concentração, mas só irão quatorze”, desabafa a ponteira que foi a artilheira e marcou 33 gols no Pan de 2023.
Medalha inédita
Cristiano e a comissão técnica, seguem confiantes na seleção e acreditando em uma conquista inédita para o handebol feminino do Brasil. “Claro que é muito difícil projetar o resultado final, mas um resultado que a gente sonha, que seria uma medalha olímpica inédita, só acontecerá se tivermos a capacidade de performar e eu acredito que esta seleção já deu provas que tem. Não só no Pan Americano que, obviamente, tem um nível diferente dos Jogos Olímpicos, mas como também nos próprios campeonatos mundiais que participamos e estivemos entre os dez melhores nos dois últimos campeonatos do mundo”, a atleta.
Adriana se refere ao bom nível dos jogos internacionais da seleção brasileira para acreditar numa conquista inédita em Paris 2024. “Se o resultado será algo que vai ficar para a história, só o tempo que vai dizer e apenas durante a competição que teremos esta resposta. Vamos com força rumo a Paris com aquele friozinho na barriga para viver o maior evento do esporte!”, diz, confiante.
Em Portugal, as “Leoas”, como são conhecidas as jogadoras do handebol feminino do Brasil, foram superiores e venceram as duas partidas contra a seleção japonesa. As atletas voltam a se encontrar na próxima concentração da seleção brasileira de handebol feminino, que será na Polônia, em abril.
“Até lá já estarei recuperada. Vão ser duas semanas e acredito que será muito produtivo porque teremos mais tempo de treino para nos prepararmos para Paris”, conclui Cardoso.