Daniel Alves é condenado na Espanha a 4 anos e 6 meses de prisão por estupro
O pedido é para que o brasileiro aguarde a decisão dos recursos em liberdade. A solicitação será analisada em meio a uma crise no sistema carcerário da Catalunha. Funcionários das prisões da região fazem greve e grandes protestos desde a última semana, após o assassinato da cozinheira Nuria López, por um detento na prisão de Mas d’Enric, em Tarragona.
Trabalhadores da penitenciária de Brians 2, onde Daniel Alves cumpre sua pena, aderiram às manifestações. Os funcionários pedem a renúncia da Ministra da Justiça, Direitos e Memória da Catalunha, Gemma Ubasart, e da Secretária de Medidas Penais, Reabilitação e Atenção às Vítimas, Amand Calderó.
Os protestos limitaram as atividades dos detentos, que estão confinados em suas celas. Eles também não recebem visitas desde o início das manifestações. Segundo a imprensa espanhola, Daniel Alves acompanharia a audiência desta terça por meio de uma videoconferência. No entanto, os protestos nas prisões devem inviabilizar a ida do brasileiro para a sala onde isso seria possível.
Protestos de funcionários da prisão Brians 2, onde Daniel Alves cumpre pena: crise carcerária atinge a Catalunha — Foto: Reprodução/El País
Jornais da Catalunha indicam que a crise possa influenciar na decisão do pedido de liberdade provisória para Daniel Alves. O jogador está preso há um ano e dois meses e, no período, teve cinco solicitações semelhantes negadas. A Justiça Espanhola alegou risco de fuga, destruição de provas ou reincidência para negá-los.
Como a pena imposta foi baixa, a defesa do jogador acredita que os argumentos caem. A parte denunciante pedia sanção máxima, de 12 anos de prisão, e o Ministério Público indicou nove anos de cárcere. O jogador foi punido com quatro anos e meio, mais cinco anos de liberdade vigiada.
Daniel Alves está em prisão preventiva até que o caso seja julgado em todas as instâncias. A expectativa é que os primeiros recursos sejam deliberados nos próximos meses. Todas as partes entraram com recursos: a defesa do jogador pede absolvição, e o Ministério Público e a vítima pedem pena máxima, de 12 anos.
Guilherme Pereira explica como dinheiro doado por Neymar serviu para atenuar pena de Daniel Alves
Na Espanha, o limite máximo para uma prisão preventiva é de dois anos. O prazo também deve ser analisado no novo pedido de liberdade. Segundo o La Vanguardia, Daniel Alves também pretende propor o pagamento de um depósito como garantia perante a Justiça de que não vai escapar. No entanto, o brasileiro enfrenta problemas financeiros diante de uma disputa judicial com a ex-esposa, Dinorah Santana. O litígio provocou o bloqueio de suas contas.
Antes do julgamento, Alves pagou uma indenização de 150 mil euros (R$ 801 mil) para que a vítima retirasse a acusação. A denunciante não aceitou o valor, mas a defesa do ex-Barcelona manteve o pagamento. A Justiça da Espanha entendeu que o montante serviu como um atenuante da pena.
Daniel Alves, no primeiro dia do julgamento do caso em que é acusado de estupro em Barcelona — Foto: Alberto Estévez/EFE
A origem do dinheiro utilizado para o pagamento de tal indenização foi uma doação da família de Neymar, segundo informação publicada pelo Uol. O dinheiro foi transferido por Neymar da Silva Santos, pai do atacante do Al-Hilal. Ele confirmou, em entrevista à CNN, a doação como “ajuda a um amigo”, e então depositado pela defesa do atleta na conta do tribunal, para ser repassado à vítima “com independência do resultado do julgamento”.
Chefe da defesa do jogador, Inés Guardiola reiterou que vai trabalhar até o fim para provar a inocência do brasileiro. Para que a sentença seja cumprida, ela deve ser definitiva. E é provável que ainda demore alguns meses até que isso acontece. Até lá, Daniel Alves e seus advogados acreditam que possam obter a liberdade antes da decisão final.