Os direitos de TV de Manchester United, Arsenal, Chelsea, Tottenham eram quase dados de graça. No início da década de 2000, ninguém sabia que o Liverpool tinha 18 títulos, que o Manchester United era Red Devils, que o Chelsea era da zona oeste de Londres, Arsenal e Tottenham tinha rivalidade por estarem no norte da capital inglesa, que os irmãos Gallagher brigavam entre si, mas se juntavam na torcida pelo Manchester City. A cultura se fez numa primeira temporada transmitida quase secretamente pela Band, em 1991/92.
E, sobretudo, depois de 2003. Um dia, José Trajano entrou na redação da ESPN ordenando: “PVC, descobre quantos jogos de Campeonato Inglês passam na Argentina.” Com a informação apurada, entrou na sala de seu diretor e mandou comprar os direitos da Premier League, que chegavam quase de graça.
Tive o orgulho de comentar Campeonato Inglês, na ESPN e Fox Sports, entre 2003 e 2016. De espalhar um pouco dessa cultura, as histórias, a rivalidade, os ídolos. Hoje, ninguém vive sem a Premier League em nenhum lugar do mundo.
Custa caro. Atualmente custa caro.
Há vinte anos, era baratinho e formou a cultura de uma geração.
Meu primo Jorge, português, benfiquista, aprendeu um pouco da história do futebol do Brasil, que ele desconhecia, apesar de ter tido parentes aqui por toda a sua vida. Agora, os clubes brasileiros querem simplesmente jogar no lixo esse embrião de trabalho de divulgação.