Nelson Rodrigues, Armando Nogueira e o gaúcho Ruy Carlos Ostermann constituem uma espécie de “Santíssima Trindade” do jornalismo esportivo brasileiro. Dos três, Ostermann vive intensamente em Porto Alegre. Ninguém foi melhor do que eles e, por serem tão extraordinários, teimo em que acreditar que tão cedo haverá melhor do que eles no jornalismo esportivo do Brasil.
Certa vez, Ruy Carlos Ostermann, cujo caráter humilde o impedia de ter consciência de suas qualidades imortais, afirmou que “gostaria de escrever como os espanhóis”.
É que, afastando-se da narrativa que trata das teorias táticas, dissertam sobre um jogo de futebol a partir das reações da alma de cada um deles. Jornalista é um torcedor e analisa um jogo ou um fato a partir da sua alma. E a minha me ensino que não existe nada mais do que imparcial do que alma do jornalista.
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O jovem goleiro Bento, meu ídolo nos últimos tempos do Athletico, provocou-me a lembrança do poema musicado pelo maior cantor espanhol, o catalão Joan Manuel Serrat. Em uma delas, canta que “sem sonhos, a vida seria somente um ensaio para a morte”. Bem antes, nosso Nelson Rodrigues ensinou que “sem ilusão, o homem está morto”.
O extraordinário goleiro do Furacão um dia sonhou que iria jogar no clube de seu coração. Está jogando. Sonhou que jogando no Athletico iria ser convocado para a seleção brasileira. Em Londres, pode jogar contra a Inglaterra, no místico Estádio de Wembley.
O que Bento não sonhou é que seria escolhido para a seleção pelo comando daquele que foi o melhor de todos: Cláudio Taffarel. E Bento, talvez, provoque em Taffarel lembranças de si próprio quando chegou no Beira-Rio: ainda saindo do berço, transformou-se em fenômeno de goleiro pelo Internacional. O resto é história e esgota-se no fato de que foi o maior goleiro brasileiro de Copas.
É aí que entra a alma como fundamento do jornalismo: as lembranças que Bento devem estar provocando em Taffarel, transformo em tema. Por mais profissional que seja, Taffarel estava vendo em Bento muito dele próprio. É o ídolo do Furacão, inclusive no aspecto físico, o meio de transição dos sonhos e ilusões que Taffarel tinha quando chegou ao Internacional.
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