Phill, Voz da Torcida do Fluminense, analisa o Grupo G da Conmebol Libertadores
– Obviamente tem a ver com a entrevista que dei no último clássico contra o Flamengo. Quero pedir desculpas pelo tom agressivo com que me dirigi em alguns momentos, e também pela generalização que fiz à imprensa. Dei uma generalizada, coisa que não gosto. Tenho uma relação (com a imprensa) que considero muito positiva, até especial. – disse Diniz, acrescentando:
– Desde 2019, quando trabalhei aqui pela primeira vez, e depois na minha volta em 2022. Há muitos aqui que são muito sérios, muito bons. Alguns tricolores, outros não, mas que cobrem o Fluminense e o futebol com muita seriedade. E blogueiros também. Muita gente séria, e muita gente que se aproveita do momento ruim para criar coisas que acho desnecessárias para o Fluminense e o ambiente do futebol como um todo.
O treinador também aproveitou o momento para agradecer à torcida do Fluminense pelo apoio e pela confiança no trabalho.
Fernando Diniz, técnico do Fluminense, em entrevista coletiva — Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense F.C.
– O maior patrimônio do clube é a torcida. Tenho um carinho enorme pela maneira que eles sempre abraçam a mim e ao meu trabalho. Tenho muito a agradecer à torcida do Fluminense e deixá-los tranquilos que a gente está trabalhando constantemente para entregar vitórias e alegrias. Porque uma das coisas que eu mais gosto é ganhar campeonatos e correr na direção dos torcedores.
Perguntado sobre as preferências no tamanho do elenco em meio à série de recentes lesões do Fluminense, Diniz voltou a dizer que não gosta de times mais cheios. Na opinião do treinador, é necessário ter espaço para dar atenção a jovens de Xerém.
– Não gosto de elencos muito grandes mesmo, porque gosto de abrir um espaço para olhar para as categorias de base. Há muitos jogadores aqui que estamos tendendo a terminar a formação deles. O número de lesões, são lesões evitáveis. Teve uma lesão em lance muito peculiar do Douglas Costa, em que ele chutou o chão, e agora o problema muscular do Ganso. As outras lesões, em maioria, são articulares (…) São coisas que a gente não tem muito controle. Como dou muito treino tático, gosto de ter jogadores com saúde, e que a gente não tenha que ter muito jogador de fora. Prefiro preencher com jovens da base.
O Fluminense volta a campo apenas no dia 3 de abril para encarar o Alianza Lima, no Peru, na estreia da Libertadores 2024. Além do clube peruano, o Tricolor vai enfrentar Cerro Porteño (PAR) e Colo-Colo na fase de grupos da competição; saiba mais sobre os adversários aqui.
Veja outros tópicos da entrevista de Fernando Diniz:
“Nunca acho o Fluminense favorito a nada. A base do time é um time que tem que ter fome e humildade, saber respeitar os adversários. O Alianza Lima está indo para a 30ª Libertadores, o Fluminense para a décima. Pegamos três times extremamente cascudos e acostumados a jogar essa competição. Não tem absolutamente nada fácil, e vai exigir do Fluminense tanto ou mais do que o ano passado. Isso é o que temos internamente. Não é discurso, é uma prática diária. Três adversários muito duros e tradicionais, que vão ter nosso respeito máximo. Já estão tendo.”
- Menor deslocamento logístico e nenhuma partida na altitude na Libertadores. Qual a importância?
“Isso é um fator que ajuda, inegavelmente. Você se deslocar menos e não jogar na altitude ajuda o Fluminense. A altitude é um complicador muito grande, independente se for em La Paz (Bolívia), Oruro (Bolívia), Juliaca (Peru). Isso é uma coisa que ajuda o Fluminense.”
- Ganso e Renato Augusto juntos
“O que falei é o que falo sempre. Se Ganso e Renato Augusto podem jogar juntos ou não, não tem a ver com o que ocorreu no Fla-Flu. Muitos de vocês vão assistir ao jogo só uma vez com olhar daquilo, povoado com as emoções que o jogo provoca. Quando vai ver com olhar técnico, não tem a ver o que ocorreu com Ganso e Renato Augusto. Se colocar o Alexsander ou Lima vocês acham que fariam muita diferença naquele jogo? Obviamente não faria diferença.
A gente perdeu jogos jogando muito mal que jogou todo mundo. São Paulo no Morumbi fomos medonhos. É injustiça grande a Ganso e Renato Augusto. É muito mais complexo que isso. No segundo Fla-Flu, se tivesse perdido, imagina os comentários. Marquinhos invenção, Martinelli de zagueiro, Manoel sem jogar há mais de um ano, Marcelo porque tem jogador rápido no Flamengo.
O olhar que quero passar pra vocês é que isso não confere a realidade. Ano passado quando Felipe Melo jogou a final do Carioca de zagueiro, meu whatsapp privado descobriram o número, encheram de mensagem que não podia. Todos foram fundamentais para esse momento. Estou treinando e vendo o melhor para o time. Eu arrisco. Para enriquecer um debate, a gente precisa de mais esforço para achar soluções, não são fáceis. Erro monte de vezes revendo jogos várias vezes. Você assiste uma vez e vai achar todas as soluções? Não tem cabimento. Não era Ganso e Renato Augusto. Mas eu aprendo com críticas, só não vou seguindo as críticas.
Contra o Olimpia ano passado o Ganso jogou de 8 no Maracanã, com quatro atacantes. Depois no Paraguai também. O Olimpia teve chance? Teve, três de bola parada. Se entra, iam falar que era a escalação.
Contra Inter estávamos muito bem no jogo e ficamos com um a menos. Lá contra o Inter tivemos dois volantes. Tiramos Felipe Melo, Ganso veio para 8, Martinelli para 5 e tivemos volume muito maior. Terminamos com quatro ou cinco jogadores na frente. Não pode ser justificado se a bola entra ou não entra, senão vamos caçar culpados. Como Caio Paulista teve que sair daqui, Thiago Santos do Grêmio….hoje Thiago Santos aplaudido na final da Recopa. Quantos Thiagos Santos não se perdem por aí? Você vale o quanto ganha, não o que você é. Vou lutar a vida inteira contra.”
- Elenco disputa em todas as frentes?
“É a intenção de ter time mais robusto. Lembrar ano passado, tivemos jogos na Copa do Brasil que lançamos mão de jogadores jovens, Isaac, Artur, Giovani. Quando lança da base, mais fácil o time mais redondo. Com elenco mais abastecido, de peso, a gente aumenta nossa chance de levar o time adiante em outras frentes.”
- Oscilações na temporada e mudanças no segundo Fla-Flu
“Tivemos momentos nessa temporada que os dois jogos da LDU foram Fluminense concentrado. Primeiro jogo do Flamengo para o segundo… Um time extremamente sem energia no primeiro jogo e um com muita energia no segundo. Corrigimos muita coisa. É algo maior, macro. Eu falei para vocês: os principais jogadores que voltaram contra o Flamengo (no segundo jogo) foram a solidariedade, a fome e a coragem para fazer as coisas. De alguma forma, desde a Libertadores, a gente ficou oscilando mais para baixo do que para cima nessas questões. A maneira como a gente se comportou contra o Flamengo, no segundo jogo, eu acho que a gente tem que pegar dali e traçar nossos objetivos para a temporada, que é o que a gente está fazendo desde que terminou o primeiro jogo da semifinal.”
“Fator econômico tem a ver com essa questão. O Flamengo consegue trazer De La Cruz do River, mas o River não consegue o Arrascaeta. Não queria dizer que o Brasil vai ganhar, mas isso aumenta a chance. Isso vale para o mundo. Se pudesse trazer De Bruyne, Haaland, teríamos muito mais chance de ganhar. Flamengo e Palmeiras, depois que se ajeitaram, têm ficado na frente. Aqui temos orçamento mais modesto, mas com trabalho de muita gente somos cada vez mais competitivos. Acho que podemos ser mais do que fomos ano passado. Trabalhando sempre no limite.”
“Eu acho que o trabalho, se fizermos um olhar macro, talvez o Fluminense viva um dos melhores da nossa história. Temos que colocar as cores necessárias para observar bem a realidade. O futebol de hoje em dia é: as pessoas que tem mais dinheiro, levam uma vantagem significativa, porque tem os melhores centros de treinamento, conseguem contratar jogadores que nós não conseguiríamos. O orçamento que o Fluminense tem e as campanhas que vem fazendo de 2019/2020 para cá, sempre na Libertadores, chegando em finais de Estadual, ganhando, sendo bicampeão, ganhando Recopa, sendo em 2022 terceiro no Brasileiro. Não podemos comparar o tipo de orçamento que o Fluminense tem e querer comparar com quem tem três vezes mais e colocar tudo no mesmo cesto e achar que é a mesma coisa, porque não é. Aqui no Brasil ainda temos uma peculiaridade muito grande, porque temos pelo menos 12 camisas muito pesadas. Às vezes achamos que as 12 estão na mesma prateleira, com as mesmas chances de ganhar. E não são as mesmas. A gente consegue nivelar com um trabalho coletivo de muito gente, muitas mãos trabalhando.
E com o apoio da torcida, porque a torcida foi decisiva em muitos momentos para o time. Essa conexão que ela tem com o time é um fator para em qualquer campanha que a gente tem nesse período em casa, dá para ver como faz diferença. A torcida nos leva muito para frente. É um trabalho que temos que exaltar e saber qual o tamanho do Fluminense. Um clube que fatura, pelo menos do que eu sei, 350 milhões por ano. E disputar com times que tem 700, 800, 1 milhão e pouco. Temos que ter essa noção, de olhar e saber onde estamos e qual a força que temos para lutar, quanto que temos que trabalhar. Tem que ter uma valorização e uma relativização do que acontece para gente poder estar mais perto do real. E o torcedor e vir junto. Porque essa força que a gente tem da torcida, precisamos muito deles. Muito mesmo. E que ele entenda cada vez mais. Isso é um fato.”
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