O Rio Grande do Sul tem dono. Há sete anos apenas o Grêmio é campeão do Gauchão. Desta vez a vítima na decisão foi o Juventude, que sucumbiu na Arena — de virada — e viu o time de Renato Gaúcho erguer o troféu mais uma vez.
O triunfo coloca 2024 na história gremista. Pela segunda vez desde sua fundação, o time conquistou sete vezes consecutivas a taça regional. No ano que vem pode igualar o rival, Inter, se conquistar o octa.
Para quem pensou que Suárez deixaria saudade, o Grêmio respondeu rapidamente e da forma que se acostumou a fazer: com taça. Os rivais que “assistam à comemoração pela televisão”, como disse Renato Gaúcho.
EDU ANDRADE/FATOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Sem Suárez, com taça
Nem o mais otimista dos gremistas conseguiu evitar a preocupação no fim do ano passado quando Luis Suárez foi embora. E o pior aconteceu nos primeiros meses de 2024, quando os insucessos na busca por reposição frearam um rendimento melhor.
O Grêmio tentou muitas reposições, mas não foi feliz, ligando o alerta na torcida. Ainda mais com a derrota no Gre-Nal da primeira fase. Naquele momento, Renato Gaúcho já tinha recebido Diego Costa, contratado com a responsabilidade de ser o comandante de ataque, mas que não jogou pelo curto período de clube. Jogadores como Pavón e Soteldo também foram agregados ao grupo e pouco a pouco começaram a crescer.
“Só não esquece que o time do Internacional para o campeonato é isso aí. Eu tenho três jogadores para voltar. A gente vai medir forças ali na frente”, disse Portaluppi. E a profecia se cumpriu quase totalmente, o Tricolor cresceu cada vez mais, só o enfrentamento com o tradicional oponente que não houve em razão da queda colorada contra o Juventude.
E Suárez? Bem, ele deixou sua marca, mas não fez falta. O Tricolor provou que não era apenas Luisito no ano passado.
‘Cansado de dar volta olímpica’
Renato Gaúcho é a figura central da sequência de títulos do Grêmio. Como o próprio brinca, “está cansado de dar volta olímpica”. Mas precisou superar o desgaste ocasionado talvez pela idade e a interminável série de conquistas para repetir o gesto mais uma vez.
O suor no rosto tem justificativa. Considerando apenas suas passagens como treinador, Renato já conquistou uma Copa do Brasil, uma Libertadores, uma Recopa Sul-Americana, cinco Campeonatos Gaúchos e duas Recopas Gaúchas.
Além disso, esteve presente na reta final da campanha que recolocou o Grêmio na elite do futebol brasileiro, sucedendo Roger Machado, a quem derrotou na decisão de hoje.
Nunca tive dúvida
Desde o dia que eu cheguei, quando me propus a vir pra cá, não tinha dúvida que precisava só de uma pré-temporada, estar num lugar em que as coisas comecem do princípio… Por onde eu passei, sempre tive a felicidade de ser campeão, jogar grandes jogos e fazer gols. Nunca tive dúvida. O pessoal me acolheu, o Renato, a diretoria, os companheiros… Daí se tornou mais fácil
Diego Costa, Atacante do Grêmio
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Campanha
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Primeira fase
O Grêmio terminou a primeira fase em segundo, com 23 pontos. Fez 23 gols e sofreu 10.
Imagem: Maxi Franzoi/AGIF
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Quartas de final
O rival nas quartas foi o Brasil de Pelotas e o Tricolor venceu por 2 a 0.
Imagem: Maxi Franzoi/AGIF
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Semifinais
Na semi, o Tricolor bateu o Caxias tanto na serra (2 a 1) quanto em Porto Alegre (3 a 2).
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Final
Na decisão, o Juventude vendeu caro o título. Empate por 0 a 0 no jogo de ida e vitória de virada por 3 a 1 na Arena para garantir a festa.
Imagem: WILBER JUNIOR/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO
Goleador na hora certa
Na reta final do campeonato, um goleador tomou a frente na arrancada que culminou com o título: Diego Costa. Se as passagens do centroavante de duas Copas do Mundo com a seleção da Espanha por times brasileiros ainda não tinham empolgado, no Grêmio ele deu sinais de que pode ser tudo que a torcida espera.
Com seis jogos vestindo azul, branco e preto, marcou cinco gols, superando a marca pelo Botafogo e igualando em gols o período no Atlético-MG em muito menos tempo. Além disso, participou de forma ativa da consolidação do modelo de jogo proposto por Renato.
“Quem discute a qualidade do Diego está dando um tiro no pé”, disse Portaluppi. O treinador foi o maior responsável pela chegada do atacante ao time da Arena com repetidas ligações e um forte trabalho de convencimento. “Não queria voltar ao Brasil, mas convencemos”, contou.
A famosa capacidade de lidar com os jogadores fez efeito. Desde a entrada de Diego no time, o Grêmio não perdeu uma vez sequer.
“Eu já sabia”
Ele veio um pouco desacreditado, mas sempre confiei. Jogador que fez muitos anos na Europa. Vai muito do ambiente em que encontra, confiança do grupo e treinador para desempenhar. Sempre foi um grande jogador e não desaprendeu. Quando estivesse bem nas parte física e técnica, nos ajudaria com gols.
Renato Gaúcho, Técnico do Grêmio
Novatos e eternos
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Diego Costa
Mesmo sendo um jogador experiente, com 35 anos, Diego Costa debutou no Campeonato Gaúcho já com taça. E foram seis gols marcados e uma assistência na competição.
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Gustavo Nunes
A principal promessa do Estadual tem 18 anos e muita personalidade. Com futebol técnico e ousado, virou titular e peça fundamental no time.
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Pavón
O argentino de 28 anos foi pilar no crescimento de rendimento do Grêmio. Marcou três gols e deu quatro assistências.
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Kannemann
Um dos “eternos” do Grêmio, Kannemann tem 33 anos e é capitão do time, que defende desde 2016.
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Cristaldo
Com 27 anos, o argentino cresceu muito na reta final do Gauchão. Terminou a competição com duas assistências e seis gols, um deles na final.
Imagem: MAXI FRANZOI/AGIF
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Geromel
Mesmo que não tenha o protagonismo de antes, o “eterno” Geromel, de 38 anos, está no clube desde 2014 e esteve em todos os títulos recentes.
Imagem: Edu Andrade/FatoPress
Um minuto de silêncio…
A cada nova conquista gremista, uma música ecoa na Arena: “um minuto de silêncio… para o Inter que está morto!”, gritam os tricolores, aproveitando a rivalidade para provocar o maior rival. E morto ou não, o Inter não responde há bastante tempo.
A sétima conquista consecutiva escancara a diferença na rotina das duas maiores torcidas do estado. Enquanto o Grêmio, ainda que tenha passado recentemente pela segunda divisão, comemora ao menos o Gauchão todos os anos, o Inter não celebra absolutamente nada há oito anos.
A hegemonia coloca na mira do Tricolor duas das últimas marcas de superioridade colorada: o número de conquistas do Campeonato Gaúcho e a maior série de triunfos consecutivos.
Atualmente, o Inter ainda ostenta a honra de ser o único octacampeão da história do Gaúcho, com as taças de 1969 até 1976. Se o Tricolor for campeão em 2025, já iguala.
A marca de maior campeão do Rio Grande do Sul também está ameaçada para os vermelhos. São 45 títulos do Inter contra 43 do Grêmio. Se nada mudar, o atual dono do estado terá ainda mais motivos para celebrar.