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Luiza Boareto
30 de abr, 2024, 06:00
Com três décadas de experiência em futebol que passam pelas funções de jogadora e técnica, Emily Lima vive um momento especial na carreira. Completando um ano à frente da seleção peruana feminina, ela aceitou recentemente a posição de coordenadora metodológica das seleções femininas (base e profissional) na Federação Peruana de Futebol.
Ao mesmo que tempo continua seguindo sua paixão como treinadora, ela assumiu a tarefa de fortalecer e estruturar o futebol feminino no Peru. Aos 43 anos, Emily, que fez história ao ser a primeira mulher a comandar a seleção brasileira (2016 a 2017), chegou a receber um convite para retornar à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) em agosto do ano passado, logo após uma reestruturação da seleção feminina.
E nem a oferta da amarelinha foi suficiente para fazer com que mudasse de planos. A proposta era para que Emily assumisse justamente a posição de coordenadora de seleções, função similar à que agora desempenha no futebol peruano. Avaliando seu plano de carreira, ela optou por continuar no país andino e dizer um “não” à CBF.
Sob o comando de Emily, a seleção peruana encerrou jejum de quatro anos sem vitórias. Em meio a um futuro promissor, a treinadora mantém os pés no chão. Em entrevista ao ESPN.com.br, afirmou que, antes mesmo de mudar pensamentos dentro das seleções, o Peru e outros países da América do Sul precisam enfrentar os problemas nas ligas nacionais. Segundo ela, a evolução do esporte passa por isso: um futebol nacional mais sólido.
“Acho que a maior dificuldade é fazer com que as pessoas responsáveis pela liga, e eu acho que não é só no Peru, a grande maioria dos países sul-americanos têm essa dificuldade, que é criar uma liga competitiva, que é o que vai nos sustentar nas categorias sub-20, sub-17 e principal. Se a gente não tem uma liga competitiva, esse processo acaba demorando mais porque são períodos curtos em seleção e que a gente não vai conseguir criar certos tipos de comportamentos que nós precisamos buscar nas nossas ligas, tanto de formação como principal”, explicou.
Com uma visão que engloba melhorias no desenvolvimento mirando o futuro, Emily refletiu sobre a importância de seu novo papel.
“A experiência nesse cargo de coordenadora metodológica, é algo que venho treinando. Então, penso em um futuro… longe, ainda quero, tenho meus objetivos como treinadora, essa parte de coordenação metodológica eu gosto e estou utilizando a oportunidade que a seleção peruana me deu para ir treinando, para ir estudando essa nova visão, essa nova função para uma oportunidade futura, caso aconteça”, afirmou.
Com objetivo claro de seguir pelo Peru e de buscar a classificação para a Copa América 2025, Emily falou sobre projetos para o futuro.
“A meta é para a seleção, esse desenvolvimento que nós já iniciamos, para que a gente possa, em um segundo ciclo de Copa América, poder buscar algum tipo de resultado, como uma classificação para uma segunda fase, uma repescagem. Então, o objetivo é esse, é participar dessa Copa América 2025, claro que sempre indo para tentar algo, mas a meta mesmo seria a nossa próxima Copa América”.
“Eu não planejo ir para o Brasil ou ir para a Europa ou ir para… Eu planejo a cada dia ser uma profissional melhor, trabalhar a cada dia mais. Acredito que, sim, seria uma possibilidade (voltar ao Brasil). É o meu país. O que eu puder somar para o futebol feminino no meu próprio país sempre será muito orgulho”, finalizou.