Não, o Grêmio não vai voltar a jogar no Olímpico. Isso beira o impossível de acontecer. Eu falo isso porque um repórter da Zero Hora perguntou para a direção do Grêmio e o clube respondeu que, se nada der certo, eles tem o estádio como garantia. A expressão usada na conversa foi “hipótese remota”, mas não tem como.
Não tem a menor chance de recuperar aquela estrutura para ter jogo de futebol. O que se tem é primeiro a garantia de um grande patrimônio, que dá um trunfo em qualquer negociação, e depois a chance até de, se for o caso, empreender no local e fazer dinheiro.
Então, é fundamental deixar claro não há nenhuma chance de voltar pra lá para ter jogos de futebol. Desde quando aconteceu a mudança, já se sabia que a estrutura não iria resistir, imagina agora. A única e remota chance seria implodir tudo e construir um estádio novo. Mas não é algo viável no horizonte.
Pra atualizar a questão como um todo, toda essa história voltou a ser falada porque um fundo de investimentos comprou a dívida de dois dos três bancos que financiaram tudo. Pagaram menos da metade do valor total para o Banco do Brasil e do Santander e liquidaram tudo. Neste momento, a AOS deve apenas para o Banrisul e esse fundo de investidores. E o que ninguém entende é como o investidor vai lucrar nessa operação, mas ai é um problema deles, não da gente.
Na parte que interessa ao torcedor, dá pra dizer que, hoje, existem conversas com a OAS para comprar o direito de gerir o negócio. Não é comprar o estádio em si e sim a gestão dele. E, sim, existem duas coisas distintas aqui: o estádio físico e a administração dele.
A “compra” do imóvel será conquistada na troca pelo Olímpico. E o Grêmio só irá passar o terreno do Olímpico quando a Arena estiver com todas suas dívidas quitadas.
Se você ainda não sabe, essas dívidas são dos financiamentos com bancos pelos empréstimos feitos na construção e as obras do entorno para a cidade de Porto Alegre que nunca foram feitas. E tudo isso é obrigação da construtora, não do Grêmio. Todas as dívidas estão em nome deles. Ponto. Não é com o clube. Eles terão que se resolver. Se não resolverem, não ganham o terreno da Azenha.
Portanto, neste momento, tudo se resume a comprar o direito de administrar o local.
Só que a OAS não quer vender a gestão. Simples assim. Eles tem mais 8 anos (quase 9) para explorar e querem aproveitar isso até 2033. O Grêmio insiste em fazer tentativas, mas pra eles não é interessante e, por isso, sempre negam ou enrolam.
E aqui vale um capítulo importante: comprar a gestão não dará dinheiro ao Grêmio. Ela vai melhorar a experiência para o torcedor. O clube terá a chance de melhorar os serviços, os atendimentos, regular melhor o preço dos ingressos e tantas outras melhorias. Hoje, a gestora coloca um número mínimo de funcionários para trabalhar nas partidas. A ideia é que, se vier pra direção gremista, eles vão aumentar o número de pessoas trabalhando, abrir mais cedo para dar conforto pra quem quiser chegar antes e tal. E isso custa dinheiro, claro. Dinheiro esse que a OAS não quer “perder” porque seu negócio é lucro e não resultado esportivo.
Dito isso, agora voltamos pra história inicial, da matéria da ZH. O que acontece se nada der certo? Bom, se nenhuma negociação der certo, daqui a 9 anos irá acabar esse contrato de exploração (chamado de direito de superfície) e o comando do estádio fica sob total administração gremista. Simples assim.
Tanto o presidente Romildo quanto o presidente Guerra, sabem que é isso. Eles só tentam antecipar esse controle para não ter que passar por situações como ter que pedir para treinar, implorar pra ter um bom gramado. e até marcar shows perto de jogos. Só por isso a antecipação.
Paralelamente a isso (porque são duas coisas diferentes, o imóvel e o direito de gerir o estádio), o Grêmio vai seguir com o que tá em contrato para definir a questão do patrimômio: só vai entregar a área do Olímpico quando todas as dívidas e pendências estiverem pagas. Caso contrário, não tem troca de documentação.
É mais ou menos isso!