A noite da última quinta-feira se tornou aquela que Jhon Arias pode chamar de sua no Fluminense. Ao brilhar com os dois gols sobre a LDU e dar o inédito título da Recopa Sul-Americana ao tricolor, o colombiano se estabeleceu não apenas como o principal motor da equipe de Fernando Diniz e jogador mais pronto deste início de temporada, mas também como uma estrela decisiva.
De certa forma, a importância de Arias vinha ficando abaixo da dos artilheiros da equipe, Germán Cano e John Kennedy, ou mesmo de um craque como Marcelo. Contratado pelo Fluminense em agosto de 2021, ele agora sobe a um pedestal que representa um reconhecimento até tardio. Ao mesmo tempo, os números sempre mostraram o valor do colombiano.
Nas duas temporadas completas, registrou “duplos-duplos”. Autor de 16 gols e 17 assistências em 2022, foi garçom disparado e vice-artilheiro do elenco, atrás de apenas de Cano. No ano passado, fez 12 gols e 17 assistências e dividiu o segundo lugar com Kennedy. Mas ainda faltava uma atuação digna da eternidade.
A final contra a LDU deixou claro duas características importantes para além da velocidade e vigor físico. No primeiro gol, a versatilidade, evidenciada pelo espaço encontrado na área e a competência para cabecear sem sair do chão, mesmo com apenas 1,70m.
Depois, a calma para bater o pênalti decisivo. Arias vem se consolidando como batedor oficial do time. Cano sempre demonstrou deficiência neste aspecto e Ganso costuma deixar os jogos com frequência.
A história de Arias no Fluminense sempre esteve ligada a aspectos extracampo. Logo que chegou, foi abalado pelo falecimento da avó. O ótimo tratamento da psicologia do clube foi capaz de ajudá-lo a seguir em frente. Na quinta-feira, Felipe Melo ainda destacou como Fernando Diniz “salvou” o meia, que elogiou o treinador e foi além.
— É um clube que me deixa essa sensação de muita gratidão. Todo o pessoal me acolheu, eu estava muito machucado e o Fluminense me salvou do que poderia ter acontecido comigo. Estou aqui para retribuir tudo o que têm feito — disse Arias.
Tanto que Arias vinha treinando desde o início de janeiro, quando o elenco principal estava de férias. O resultado é uma recompensa pelo esforço. Internamente, o clube enxerga um atleta numa crescente, mais maduro, e querendo corresponder à régua que subiu após um 2023 de sucesso.
A sua maior maturidade nesta temporada também é influenciada pelo casamento com a advogada colombiana Alejandra Ayala, em dezembro de 2023. O casal está junto há cerca de três anos e meio. Homem de família e muito reservado no seu íntimo, mostra-se ainda mais focado e comprometido.