As verdades sobre o Palmeiras que a primeira fase do Campeonato Paulista ajudou a desconstruir
Abel Ferreira, do Palmeiras, durante treinamento, na Academia de Futebol. (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon)

Parece anacrônico falar em desconstrução de ideias quando um time termina a fase de grupos de um campeonato isolado na primeira colocação.

Ainda mais quando a competição em questão é um torneio secundário dentro das pretensões do clube na temporada. Mas o Campeonato Paulista deu, sim, respostas ao Palmeiras.

Mais até do que mostrar que Aníbal Moreno foi uma ótima contratação, e que Flaco López acordou, o Estadual serviu para mostrar experimentos não deram certo. Algumas verdades que não são tão verdades assim também foram desmistificadas.

Não que Abel não possa reverter alguns pontos levantados abaixo pela Trivela. Mas a fotografia de momento, passados 13 jogos no ano, “desmonta algumas narrativas”, para usar uma expressão que está em alta.

1. “Weverton vai mal nos pênaltis, mas falha muito pouco nos jogos”

Este não vem sendo o ano do goleiro do Palmeiras. O camisa 21 entregou pelo menos cinco gols (Novorizontino, Internacional, Mirassol, Corinthians e São Paulo), além de colocar o Palmeiras em risco muitas vezes durantes os jogos — ainda passou sem uma mísera defesa na disputa de pênaltis da Supercopa Rei.

Sem um competidor pela posição, Weverton deve seguir no time. No passado, mostrou futebol para o cargo que ocupa. Agora a questão é ver se ele só está em má fase ou se enfrenta um declínio mais perene.

2. “A defesa se perde sem Gustavo Gómez”

Que o capitão é muito importante, ninguém questiona. Mas o Palmeiras soube se defender muito bem sem o paraguaio. A julgar pela fase pouco inspirada que Gómez vinha vivendo, dá para arriscar dizer que o time até melhorou sem ele.

Luan e Murilo deram conta do recado com tranquilidade. E o garoto Naves, formado nas categorias de base, também não ficou devendo nada quando precisou jogar — merecia até ter recebido mais chances.

Gustavo Gómez, do Palmeiras, disputa bola com Calleri, do São Paulo na Supercopa Rei 2024 (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon)

3. “Zé Rafael pode ser o homem de armação do Palmeiras”

Contratado como meia-atacante pela ponta, no longínquo ano de 2018, Zé Rafael só brilhou mesmo quando foi recuado primeiro para segundo volante e depois para ser camisa 5.

Na tentativa de escalar Aníbal Moreno sem tirar nem Zé, nem Ríos da equipe, Abel Ferreira testou Zé numa função de mais criação, chegando pela meia na entrada da área.

Nas partidas em que teve o papel de chegar mais adiante, o camisa 8 não mostrou dinâmica para a função. Ficou claro que ele rende mais quando vem com a bola mais de trás e chega à entrada da área já de posse dela.

Ele até deu uma bela assistência para Flaco López contra o Ituano. Mas ser o homem de criação posicionado na meia não é mais a sua.

4. “Jhon Jhon e Luis Guilherme estão prontos para terem papéis mais relevantes”

É uma espécie de paradoxo, mas não deixa de ser verdade: Luis Guilherme não está pronto para brigar por uma posição no Palmeiras.

Os mais críticos dirão: ele não teve minutos suficientes e, sem adquirir rodagem, fica difícil evoluir. É verdade. Mas, sempre que esteve em campo, Luis esteve aquém do esperado.

Jhon Jhon, que já está em seu segundo ano de exclusividade no profissional, é outro que segue sem mostrar a que veio. Como reserva na meia, não rende. Como atacante, diante do Santo André, até foi um pouco melhor. Mas é pouco para quem saiu do sub-20 como grande nome do time.

5. “Ainda falta muito para Estêvão poder brigar por posição”

Flaco comemora gol do Palmeiras contra o São Bernardo com Estevão (Footo: cesar Greco/Palmeiras/ By Canon)

Na mão oposta às tomadas por Jhon Jhon e Luis Guilherme, Estêvão mostrou personalidade sempre que jogou. Não se acanhou, chamou jogo e ainda deu uma assistência contra o São Bernardo.

Na soma, o garoto de 16 anos não tem nem 70 minutos com a camisa do clube, em quatro partidas. Mas, assim como Endrick mostrou com a mesma idade, Estêvão está mais pronto do que sua curta carreira poderia supôr.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata Lima

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.