De volta à Seleção após seis anos, Andreas Pereira não tem dúvidas em afirmar que o turbilhão de emoções vividos com a camisa do Flamengo teve impactos que vão além do campo.
Confira a entrevista coletiva de Andreas Pereira pela Seleção Brasileira
De querido da torcida rubro-negra pelo início arrasador aos questionamentos pelo erro na final da Libertadores, o meia se encantou, sofreu e amadureceu em um ano que o transformou para o retorno em alto nível à Premier League. No Fulham, encontrou estabilidade, oportunidade e realizou o sonho de ser convocado novamente para defender o Brasil ainda mais conectado com o futebol nacional.
“Ter responsabilidade foi uma coisa que aprendi muito no Brasil, no Flamengo. Carregar sua responsabilidade, ser cobrado, viver o céu e o inferno. Foi difícil, sim, mas fiquei mentalmente mais forte. Isso me ajudou a me fortalecer, voltar a jogar na Europa e buscar essa vaga na Seleção”
– O mais importante é isso, a gente buscar nossa responsabilidade, saber que o torcedor brasileiro vai cobrar e tem todo o direito de cobrar. A gente está representando o Brasil, a maior seleção do mundo, e com isso vem uma responsabilidade imensa. Eu sei da minha responsabilidade, sei o que tenho que fazer aqui, como grupo vamos entregar todos juntos.
A maturidade no discurso vai além das pancadas. A performance com a camisa do Fulham justifica uma convocação esperada por Andreas e por sua família há muito tempo. As recusas aos convites da Bélgica vinham acompanhadas da convicção que o fez superar adversidades como uma grave lesão no tornozelo na temporada passada.
Andreas Pereira em treino da Seleção Brasileira em Londres — Foto: Pedro Martins / Foto FC
– Eu não tenho palavras para dizer como é importante para mim e minha família (voltar à Seleção). Todo mundo sabe o que passei no Flamengo, como foi difícil também minha lesão no Fulham. Para mim, é muito gratificante.
“Estou sendo acompanhado, monitorado, fiquei feliz pela visita do Dorival, que conversou com a gente, é importante para mim e para a confiança de todo jogador. Essa convocação foi imensa, é um sonho se tornando realidade, estou aqui para defender o Brasil da melhor forma”
O retorno à Seleção acontece justamente no reinício de um ciclo sob o comando de Dorival Júnior. O primeiro dia em Londres foi de reuniões para definir diretrizes e alinhar expectativas na caminhada até a Copa de 2026.
– Eles passaram para a gente exatamente isso, sabemos o que temos que fazer, se unir como grupo, todo mundo focado tem um objetivo. Cada um sabe da sua responsabilidade, vai ter que fazer sua parte, isso foi a primeira conversa que tivemos com Rodrigo e Dorival. Todo mundo está alinhado e focado nisso
Andreas Pereira comemorou convocação com camisa retrô da Seleção — Foto: Arquivo Pessoal
Revelado pelo Manchester United e em sua oitava temporada na Premier League, Andreas conhece bem a seleção inglesa que terá pela frente no próximo sábado. Apesar de momentos diferentes com o Brasil em processo de reformulação e a Inglaterra com uma equipe consolidada, o meia do Fulham não vê os brasileiros em situação de inferioridade.
“A seleção brasileira sempre será favorita contra qualquer time e em qualquer época sendo futebol, é a maior seleção do mundo. Claro, a gente sabe das qualidades deles, sabe que eles têm muito bons jogadores, a gente respeita a Inglaterra, respeita qualquer jogador, mas sabemos nossas qualidades, o que nosso grupo tem de forte”
– Conheço vários jogadores por estar jogando há muito tempo na Inglaterra, mas conhecendo nosso grupo aqui, estando aqui, a gente já vê muita coisa boa, sabe que a gente tem muita qualidade. A gente respeita muito, mas também está tranquilo quanto a esse aspecto.
Brasil e Inglaterra se enfrentam no próximo sábado, às 16h (de Brasília), em Wembley. No domingo, a Seleção embarca para Madrid, onde enfrenta a Espanha, terça-feira, no Santiago Bernabeu.
Tatuagem de Andreas Pereira com trecho do hino do Brasil — Foto: Arquivo pessoal
Confira outros trechos da entrevista de Andreas Pereira:
Tatuagem
– É uma história que eu sempre tive esse sonho de jogar pela seleção brasileira, recusei várias vezes a Bélgica. É um sonho de criança que hoje estou realizando pela segunda vez, estou muito feliz de estar aqui. Fiz essa tatuagem porque é um orgulho imenso ser brasileiro e eu tinha certeza de que voltaria para a seleção brasileira.
Voltar ao Brasil e retornar à Europa
– A volta ao Flamengo foi muito importante para me reconectar com o povo brasileiro, como sempre joguei fora, na Europa, para mim foi importante ter essa conexão com a torcida brasileira. Me identifiquei muito, fiquei à vontade, e são raros os jogadores que voltaram para a Europa e jogaram em alto nível. Só tenho a agradecer por essa oportunidade e estou desfrutando a cada momento.
Interesse da Bélgica
– Isso mostra que você está fazendo um trabalho bem feito, fazendo as coisas certas, mas eu sou brasileiro, a coisa mais importante é deixar isso claro para todo mundo.
Premier League
– Eu acho que o ritmo de jogo aqui é muito intenso, como vocês sabem e acompanham. A liga da Inglaterra pode ser uma das mais fortes, se não for a mais, por conta da intensidade. Não só os ingleses, são os jogadores estrangeiros que também trazem essa qualidade, tem muitos brasileiros jogando na Premier. Uma coisa que podemos adquirir na nossa forma de jogar é a intensidade da Premier.
Papo com Dorival
– Eu conheço o trabalho do Dorival e da comissão, trabalhei pouco tempo com ele no Flamengo, mas a ideologia dele eu me identifico muito, entendo bem a forma de jogar. Claro, pelo carinho e tudo o que ele fez por mim no Flamengo, sou muito agradecido. Aqui no dia a dia isso é muito importante, porque não temos muito tempo, jogadores de diferentes clubes, diferentes ideias, mas a maioria dos jogadores aqui se identifica muito com o jeito de jogar que ele vai transmitir para a gente. Isso é a coisa mais importante, a gente estar focado, todo mundo com o mesmo foco, que é o primeiro jogo contra a Inglaterra. Tenho certeza de que vamos fazer um grande trabalho.
Sentimento de pertencimento
– Quando eu cheguei no Brasil para jogar pelo Flamengo e a primeira vez que joguei no Maracanã, senti o carinho da torcida brasileira, você sente na pele. E também tendo pela primeira vez minha família perto, acompanhando os jogos, fiquei muito feliz, foi uma sensação incrível. Foi muito importante ter essa reconexão com a torcida brasileira, é um orgulho imenso estar na seleção, um orgulho muito grande para mim e para a minha família.