A braçadeira no braço de Danilo já era uma obviedade para a partida de sábado entre Brasil x Inglaterra, em Wembley. A importância dela, no entanto, fica evidente em uma escalação prevista com cinco nomes que nunca entraram em campo para defender o país.
Danilo em entrevista coletiva nesta sexta, em Wembley — Foto: Cahê Mota / ge
Com 54 aparições, Danilo é o mais experiente no elenco comandado por Dorival Júnior nesta Data Fifa. Bento, Fabrício Bruno, Beraldo, Wendell e João Gomes farão suas estreias, e o lateral da Juventus fala da importância de tranquilizá-los neste momento como craques do passado fizeram com ele:
– Me sinto lisonjeado por estar compartilhando com essa garotada que vem com muita ambição, muita vontade de fazer história com a seleção, poder compartilhar minha experiência e vivência. Esses garotos estão chegando com uma bagagem interessante, acostumados a jogar em clubes importantes, com pressão diária, isso só tem a somar para o trabalho deles aqui na Seleção.
Convocado pela primeira vez para o Superclássico das Américas, em 2011, quando defendia o Santos, Danilo viajou no tempo e relembrou a alegria da estreia:
– Lembro da minha primeira vez, tinham jogadores como Lucio, Ronaldinho Gaúcho, Julio César, era como ir à Disney e ver toda aquela diversão, todos aqueles jogadores de tamanha expressão no futebol mundial, eu procurava observar e aprender com eles cada gesto, cada palavra. As coisas acontecem dessa forma naturalmente, primeiro vai aprendendo, daqui a pouco é nossa vez de passar conhecimento e tranquilidade.
Danilo em treinamento da Seleção em Londres — Foto: Rafael Ribeiro / CBF
Ao lado de Alisson, Marquinhos, Casemiro e Neymar, Danilo tem papel de liderança na geração atual. Com a ausência dos amigos por lesão, o experiente de 32 sabe não foge de suas responsabilidades não somente com os mais jovens, mas em um recomeço de ciclo com o terceiro técnico depois da Copa do Catar.
“Toda crise é uma oportunidade de crescimento e de mudança. Esse momento da Seleção com resultados não tão bons é uma oportunidade de um passo adiante de todos esses jogadores que estão chegando agora”
– Tomar um pouco mais a responsabilidade. É o começo de um trabalho, mas a Seleção precisa de resultado. A chegada de novos jogadores te dá um entusiasmo importante para colocar em campo o plano de jogo e conseguir os resultados.
Danilo falou ainda da expectativa para o clássico de sábado com os ingleses. Se o Brasil ainda se estrutura na busca por um rumo para a Copa de 2026, a Inglaterra tem uma das gerações aclamadas como das mais talentosas da atualidade.
“Temos que falar abertamente que o último ano foi muito ruim para a Seleção em termos de resultado, planejamento, programação, em tudo que for falar”
Neste momento, poder enfrentar um adversário tão importante em um ambiente não emblemático, é uma chance de demonstrar que foi só um erro de percurso. Mostra que temos capacidade de disputar esse tipo de jogo. Temos muitos jogadores que atuam na Inglaterra e estão habituados a esse tipo de jogo.
Brasil e Inglaterra se enfrentam neste sábado, às 16h (de Brasília), em Wembley. A Seleção volta ao lendário estádio inglês após sete anos e tenta a primeira vitória depois da reinauguração em 2007. Nos 1001 anos de história, os brasileiros venceram os ingleses duas vezes: em 1981 e em 1995.
Confira outros trechos da coletiva de Danilo
Existem duas interpretações para isso de ser capitão. Ou você fala do Danilo há 12 anos na Europa, capitão da seleção brasileira, ou do Danilo lá de Bicas, perto de Juiz de Fora. É a realização de um sonho representar e claro que é um papel fundamental. Sempre fui um jogador que tentou esclarecer aos companheiros qual a função em campo e o porquê. Mas são jogadores com uma bagagem interessante, mesmo os mais jovens, e que pegam rapidamente o que tem que fazer. É pouco tempo para preparar para um jogo tão grande assim.
Eu era de acordo que a Seleção tivesse um profissional de psicologia e sigo concordando. Não acho que seja o ponto principal para vencer, temos a parte física, técnica, e a mental é muito importante para formar a estrutura e aumentar as possibilidades da Seleção de vencer. É um trabalho importante, mas que não pode ser imposto. Tem que estar à disposição e passa pela conscientização. No primeiro momento, você mostra o motivo daquilo, os resultados, e a partir daí é uma ideia comprada por todos e que vai potencializar atletas com tanto potencial.
Entendo que tem um quê de muita responsabilidade quando se veste a camisa da Seleção, ainda mais em termos de resultados. Quanto mais tempo o Brasil fica sem ganhar a Copa do Mundo, isso aumenta. Mas temos que manter um quê de sonhador. O quanto sonhamos defender a Seleção, jogar a Inglaterra em Wembley. Acho que esse é o caminho. Muitas vezes a pressão nos faz esquecer as nossas origens, o porquê de estarmos aqui vestindo essa camisa. Isso faz com que as coisas fiquem um pouco mais ligeiras e não pese tanto nos jogos.
Tive um par de conversas com o Dorival neste sentido, mas de uma forma mais ampla. Na Juventus, algumas vezes eu jogo com linha de quatro como zagueiro central e gosto bastante, mas a função de terceiro zagueiro eu desenvolvo desde o Manchester City. Não muda nada bruscamente do que eu venho fazendo. Na Juventus, algumas vezes jogo de zagueiro pela esquerda e na Seleção algumas vezes de zagueiro pela direita. Uns chamam de lateral, de terceiro zagueiro, de lateral construtor… É muito mais o nome do que da função.
É uma equipe que joga junto há muito tempo. O técnico deles leva quase 100 jogos e isso é muito em termos de conjunto, de individual. Mas a Seleção tem potencial em cada jogador que é único. Às vezes, olhamos para o lado do outro e achamos melhor, mas vou sempre defender o meu país. Não com patriotismo, mas por entender que eles podem absorver de maneira muito rápida a ideia de jogo.