A profissional também atua como fisioterapeuta da Seleção Brasileira Feminina Sub-20 e esteve na seleção principal na disputa da última Copa do Mundo.
– A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no limite das suas atribuições e diante dos fatos ocorridos na partida entre Ferroviária e Real Brasília, no último dia 19/03, quando a fisioterapeuta Ariane Falavinia, da Ferroviária, foi vítima de importunação sexual por parte de membros uniformizados da comissão técnica do Real Brasília, vem a público informar que a entidade imediatamente após receber a súmula do jogo com o registro deste ato de violência, encaminhou ao STJD para a adoção das medidas cabíveis na esfera desportiva, sem prejuízo de outras ações – escreveu a entidade.
Ariane Falavinia, fisioterapeuta da Ferroviária — Foto: Cárila Covas/Ferroviária SAF
Segundo a denúncia da Ferroviária, o caso aconteceu enquanto Ariane se deslocou para o gramado do estádio Defelê, na última terça-feira, para realizar um atendimento à goleira Luciana.
Nesse instante, ainda de acordo com o clube, pessoas uniformizadas com roupas do Real Brasília fizeram comentários sobre as características físicas da profissional, que relatou a situação à arbitragem juntamente com uma jogadora, que ouviu as falas. O clube do Distrito Federal nega as acusações (leia mais abaixo).
A nota da CBF ainda ressaltou ações da entidade contra atos de violência, assédio e racismo no futebol brasileiro.
– É premissa da CBF trabalhar em estreita colaboração com as autoridades competentes, apoiando nas investigações para garantir que todo o tipo de violência e discriminação seja punido nos rigores da lei. É inadmissível que em pleno século 21 as mulheres permaneçam alvo de atos criminosos como este.
Ariane Falavinia dos Santos, fisioterapeuta da Seleção Brasileira feminina — Foto: Thais Magalhães/CBF
O que diz a súmula?
Na súmula do jogo, a árbitra Luciana Leite afirma que a fisioterapeuta descreveu o caso ao fim da partida, para a equipe de arbitragem no vestiário do Estádio Defelê, onde o jogo foi realizado. Segundo o relato, os membros do time adversário fizeram comentários sobre o aspecto físico da profissional.
— Ao final da partida, com toda equipe de arbitragem no vestiário, a fisioterapeuta da equipe da Ferroviária SAF, a sra. Ariane Patrícia Falavinia dos Santos, relatou que, no final do segundo tempo, quando a mesma entrou em campo para atendimento médico de sua goleira, ouviu de membros uniformizados, porém não identificados, da equipe do Real Brasília Futebol Clube Ltda. as seguintes palavras: “Pode mandar ela vir para cá, ela é gostosa”. Informo que ninguém da equipe de arbitragem presenciou o fato relatado — informa o relato da árbitra da partida na súmula do jogo.
A Ferroviária informou que não registrou boletim de ocorrência sobre o caso porque, como a denúncia foi feita na súmula do confronto, o clube aguarda uma punição na esfera esportiva.
O que diz o Real Brasília?
Em nota emitida nas redes sociais na tarde desta quinta, o Real Brasília disse que acusação é leviana e disse que, desde 2019, quando iniciou o trabalho com futebol feminino, nunca houve registro de agressão, inadequação ou violência contra mulher.
O clube ainda informou que realizou “robustas investigações internas” e analisou vídeos da partida, constatando “informações que se evidenciam falsas e absolutamente levianas” por parte da Ferroviária,
– Nos vídeos da partida, amplamente disponíveis e públicos, é possível verificar que o atendimento feito pela denunciante foi realizado com a árbitra ao lado, o que torna improvável que qualquer comentário indevido tenha sido feito sem que ela presenciasse. Além disso, apenas a denunciante comunicou o suposto insulto, sem que outra atleta tenha confirmado ter ouvido. Também é relevante destacar a distância entre o local do atendimento e a área onde ficam os profissionais de apoio é de mais de 20 metros. Qualquer comentário supostamente audível pela denunciante teria que ter sido feito em voz alta. Após conversar com o pessoal de apoio do Real Brasília, que trabalha no clube há cerca de nove anos sem qualquer mácula, nenhum deles admitiu ter feito ou ouvido qualquer comentário como o descrito pela denunciante. Essa informação também foi confirmada pela equipe de segurança, gandula e equipe de imprensa posicionada atrás da área de atendimento – disse em nota.
O clube ainda afirmou que a acusação ocorreu após manifestação de interesse em protestar na Comissão Arbitragem sobre lances duvidosos na partida, como possíveis pênaltis não marcados e supostos erros em impedimentos.