“Se grama sintética é tão boa, por que esse senhor não colocou no Crystal Palace e no Lyon?” Com esta frase de efeito e mais críticas, a Fenapaf reclamou de John Textor, do Botafogo, que disse que seu time “não vai jogar em campos de bezerros”, como são alguns do Brasil.
Presidente da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol, Alfredo Sampaio voltou a criticar John Textor em entrevista ao Bandsports. Ele (que também é técnico do Sampaio Corrêa, próximo adversário do Botafogo), ficou chateado e incomodado porque entendeu que o empresário americano foi irônico.
– Na verdade não perguntei, foi uma nota de repúdio que colocamos e cito isso. Ele defende a grama sintética, se aproveita de o Brasil ainda estar sem definição de uso ou não da grama sintética, perguntei por que não usa na Inglaterra e na França? Não usa porque é proibido, não vai jogar. Lá eles não usam, foi banido. A última foi a liga holandesa, que deu um prazo de três anos para adaptação. Ele foi muito infeliz e irônico na declaração dele, soltamos a nota em cima a postura. Tudo pode ser conversado e discutido, mas não de forma irônica. Entendo que faltou respeito não só com atletas brasileiros, mas com o Brasil em geral. Ele não pode vir aqui e ironizar. Foi algo discutido em arbitral, clubes se manifestaram, colocamos nossa posição, ele quis ironizar e soltamos nota de repúdio – disse Alfredo Sampaio, ao Bandsports.
Misto de dirigente e treinador, Alfredo Sampaio considera que o gramado sintético pode causar mais lesões. Estudos da Comissão de Médicos da CBF, no entanto, não são conclusivos.
– Antes de colocarmos isso na CBF, buscamos informações com preparadores físicos, médicos, fisiologistas e com os próprios jogadores. Nós que jogamos sabemos que tem impacto direto na articulação, pode não dar nada hora do jogo, mas pode dar na sequência. Vejam que teve evento com sol torrencial no estádio do Botafogo, a grama estava na temperatura de 54°. Artigos tem, estudos tem, nós temos preocupação de forma preventiva. Teve atletas de clubes de São Paulo com lesões gravíssimas. Se fosse o mesmo movimento em grama natural, o impacto e o resultado seriam muito menores – argumenta.
Alfredo Sampaio desconversou quando perguntado sobre o péssimo estado de campos naturais no Brasil e alfinetou até shows nos gramados sintéticos.
– Se vocês tiverem acesso ao que foi conversado no arbitral, a proposta é essa, padronização no tipo de grama e na altura. A questão do sintético surgiu como opção por causa de manutenção, mas as pessoas estão usando para fazer shows. Não pode ter arena esportiva e fugir totalmente ao padrão mundial, se beneficiar de efeitos esportivos, de benefícios, porque acaba mudando o jogo, o que não cabe à Fenapaf comentar, mas é fato. Existe um desnível esportivo quando joga no sintético. A questão é tem que padronizar, fiscalizar, a CBF ser mais rígida, mas não se pode ter competição em país como o nosso, o mundo todo contrário a isso, Messi tem cláusula que impede de jogar em sintético, temos indícios que não é saudável, e pessoas querem manter para fazer shows? É complicado. A parte comercial mais uma vez está se sobrepondo à esportiva. Não podemos aceitar de forma natural, porque há risco de lesões mais graves. Não podemos em nome de shows correr riscos aos atletas. Usar um piso duro para fazer shows não cabe mais no futebol a essa altura – complementou.