O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta terça-feira que os atletas da Rússia e de Belarus não vão participar do desfile da abertura das Olimpíadas. O COI entendeu que a parada das nações é destinada apenas às delegações. Assim, os russos e belarussos, que vão competir como atletas neutros individuais por causa da guerra na Ucrânia, vão ser barrados da cerimônia.
– A decisão foi unânime. A lógica é muito clara para nós. Atletas neutros individuais vão competir como indivíduos, e a parada da abertura é um desfile para delegações e times. Eles não estarão em nenhuma delegação – James MacLeod, diretor do COI para relações com os comitês olímpicos nacionais.
Bandeira Rússia Olimpíada — Foto: Jim Young / Reuters
A medida foi anunciada depois do primeiro dia de reuniões do Conselho Executivo do COI em Lausanne, na Suíça. O COI ressaltou que se baseou no precedente de Barcelona 1992, quando os atletas da Iugoslávia competiram como neutros e não desfilaram na abertura dos Jogos. Os atletas russos e belorussos vão poder acompanhar a cerimônia às margens do Rio Sena, mas o COI não detalhou como eles vão participar da festa. Ainda não foi decidida a participação desses atletas na cerimônia de encerramento.
O COI também revisou o processo de elegibilidade para russos e belarussos, que não podem ter relação militar ou apoiado publicamente a guerra na Ucrânia (veja os critérios em detalhe). Um painel com três membros vai avaliar caso a caso. Compõem o grupo Nicole Hoevertsz (vice-presidente do COI), o ex-jogador de baquete Pau Gasol (representante da Comissão de Ética do COI) e Seung Min Ryu (representante da Comissão de Atletas do COI).
Haverá um limite para a participação de atletas de Rússia e Belarus nos Jogos de Paris. Tomando como referência as Olimpíadas de Tóquio, o COI estabeleceu que no máximo 54 russos e 28 belarussos vão ser convidados a competir como atletas neutros individuais. A expectativa, porém, é que 36 russos e 22 belarussos se classifiquem. Por ora, 12 russos e sete belarussos estão garantidos.
Diferentemente das Olimpíadas de Tóquio, em que os russos competiram como atletas neutros da Rússia sob a bandeira do COI, em Paris os atletas neutros individuais vão ter uma bandeira própria criada pelo COI. Um hino sem letra também foi produzido pelo COI e vai ser tocado caso um atleta neutro individual conquiste uma medalha de ouro. Os pódios alcançados por atletas neutros individuais não vão entrar em quadros de medalhas.
Bandeira dos atletas neutros para as Olimpíadas — Foto: Divulgação/IOC
Declaração contra a politização do esporte
Ainda nesta terça-feira, o COI divulgou uma declaração contra a politização do esporte. O comunicado criticou a ofensiva russa diplomática na tentativa de promover os Jogos da Amizade (Friendship Games), em setembro. O COI evitou falar, no momento, em sanções a países e atletas que participem da competição, mas fez alerta sobre as consequências de se alinhar aos Jogos da Amizade.
– É uma tentativa cínica da Rússia de politizar o desporto. A Comissão de Atletas do COI, que representa todos os atletas olímpicos do mundo, opõe-se claramente à utilização de atletas para propaganda política. A Comissão vê mesmo o risco de os atletas serem forçados pelos seus governos a participar num evento desportivo tão totalmente politizado, sendo assim explorados como parte de uma campanha de propaganda política – afirmou o comunicado do COI.
Ta On Traz o giro olímpico