O clube, que voltou a disputar a Copa do Brasil após 20 anos, deve salários a jogadores, comissão técnica e funcionários.
Ulrico Mursa — Foto: Paulo Natário
Em entrevista ao ge, o presidente Sérgio Schlicht, o Serginho, comentou sobre a situação vivida pela Briosa e explicou o motivo da cota de participação na primeira fase da Copa do Brasil (R$ 787,5 mil) estar bloqueada na Justiça.
– O que bloqueou a cota da Copa do Brasil foi o processo do “seu” Lupércio Conde. Ele foi presidente em 2016, quando fez alguns aportes em dinheiro. O clube entende que isso realmente foi feito, mas ele disse durante sua gestão que não cobraria a Portuguesa. Isso não ocorreu, ele acabou ganhando na Justiça [no ano de 2018]. E tudo bem, até porque realmente ele colocou dinheiro – revela.
De acordo com Serginho, a sentença deferida ao ex-presidente – que hoje está no valor de pouco mais de R$ 2 milhões – não contempla a premiação da Copa do Brasil.
Sérgio Schlicht, presidente da Portuguesa Santista — Foto: Antonio Marcos
– A sentença diz que ele receberia esse valor de volta com futuras arrecadações – vendas de jogadores ou valores que não fossem referentes a patrocinadores e a cota do Campeonato Paulista. Acontece que quando veio a cota da Copa do Brasil, ele entrou com um pedido solicitando o esse valor (R$ 787,5 mil). Nós imediatamente entramos com um agravo para bloquear esse dinheiro na Justiça porque entendemos que não é uma entrada eventual [de valores] como está no processo e sim uma cota de participação.
O que diz o outro lado
O ge também ouviu o ex-presidente Lupercio Conde. Além de explicar sobre o processo a que tem direito, o ex-mandatário rubro-verde revelou ter recebido um pedido de ajuda da comissão técnica do clube, mas um episódio dentro do estádio Ulrico Mursa acabou dificultando uma aproximação com a atual diretoria.
– Eu fui presidente em 2016/2017, mas um ano antes [2015] eu já colaborava com o ex-presidente José Ciaglia – com os problemas que existiam na época. Durante o meu mandato nós fizemos uma reformulação no clube, que contava com dívidas para todos os lados, e praticamente quitamos com a colaboração de outros diretores. Mês a mês nós efetuávamos os pagamentos e no final de cada mês me enviavam os comprovantes.
Lupercio Conde, ex-presidente da Portuguesa Santista — Foto: Antonio Marcos
– Um ano após o término da minha gestão [2018], eu procurei a diretoria da Portuguesa solicitando que me enviassem um documento do meu crédito. Eles começaram a colocar em dúvida os valores que eles mesmos colocaram em nota e mandaram eu procurar meus direitos na Justiça. Quero deixar claro que eu nunca cobrei o clube, o próprio conselho (deliberativo) confirmou que esse valor emprestado eu não iria retirar do clube em si, mas me beneficiaria de uma venda futura de jogador ou um dinheiro extra do time.
E o dinheiro da Copa do Brasil?
– Recentemente ela [Portuguesa] recebeu um crédito da Copa do Brasil, pleiteado pelo meu advogado. Posteriormente, o presidente da Portuguesa me procurou pedindo ajuda. Respondi que iria verificar com o meu advogado para ver quando o dinheiro seria liberado. Foi quando eu descobri que a diretoria entrou com o agravo bloqueando [o dinheiro na Justiça]. Independentemente disso, eu me prontifiquei a ajudar. Mas liguei para o presidente dizendo que ele não foi correto comigo – ao não falar sobre o agravo.
Pedido de ajuda da comissão técnica
O ex-presidente revelou ter sido procurado pela comissão técnica da Portuguesa Santista pedindo ajuda financeira – alegando atraso de salários. O pedido era para que Lupercio tivesse uma conversa com os atletas e assistisse a um dos jogos da equipe no estádio Ulrico Mursa.
– Me ligaram pedindo ajuda. Fui ver o jogo e ficamos de conversar ao término da partida. Lamentavelmente fui achincalhado pouco antes de descer [aos vestiários] e tive que sair [escoltado] por seguranças do clube. Além disso, quando cheguei no meu carro ele estava com os quatro pneus murchos. Foi muito ruim – lamenta.
Dívida do atual campeão da Copa Paulista supera R$ 3,5 milhões
Além da dívida com Lupercio Conde, a Portuguesa Santista tem outros processos que juntos somam R$ 3,7 milhões. O presidente Serginho detalhou o problema à reportagem.
– Nós já quitamos um processo antigo [do Doutor Martinho] de R$ 1,1 milhão. Estamos pagando R$ 372 mil ao MP da ação do alojamento com menores de idade, o ProFut, além do INSS e FGTS – valores representados no ano de 1973. Estamos pagando muitas contas que não são da minha gestão. Fora isso nós temos o processo do Fernando Matos, que esteve com a base em 2011, e também fez um aporte financeiro e acionou o clube na Justiça – processo gira em torno de R$ 750 mil. Somando o que já está parcelado e em curso a dívida chega a R$ 3,7 milhões – conclui Serginho.