Steven Gerrard disse, certa vez, que a concentração da seleção de futebol da Inglaterra era como uma “prisão cinco estrelas”, por causa da rigidez imposta pelos técnicos da época. O ídolo do Liverpool defendeu a Inglaterra entre os anos 2000 e 2014, eram outros tempos. Mas, até hoje, parece que há quem concorde que o clima não é tão amigável assim.
Nesta semana, o técnico da equipe inglesa, Gareth Southgate, divulgou a lista de convocados para os amistosos contra o Brasil, no próximo dia 23, e a Bélgica, dia 26, ambos em Londres, no estádio de Wembley. E um dos nomes que mais chamaram a atenção foi um que não estava na lista.
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Faltam três meses para o início da Eurocopa, principal competição do ano para os ingleses. O país disputa Jogos Olímpicos como parte da Grã-Bretanha, e o Team GB não se classificou para Paris-2024 nem no masculino nem no feminino. É inegável que a Inglaterra hoje tem um timaço, e nomes como Jude Bellingham, Harry Kane, Phil Foden, Bukayo Saka vão dar muito trabalho para a seleção brasileira.
Jordan Henderson deve ter respirado aliviado ao ouvir seu nome ser chamado por Southgate. O ex-capitão do Liverpool teve uma passagem desastrosa pelo futebol saudita que só durou seis meses. Depois de não se acostumar com o nível do campeonato e temendo não ser convocado para a seleção, conseguiu voltar para o futebol europeu e ir para o Ajax, da Holanda. O meio-campo de 33 anos, 80 partidas com a camisa inglesa, foi chamado, segundo Southgate, por sua “experiência e mentalidade vitoriosa”.
Mas, durante o anúncio da equipe, o comandante da seleção também teve que explicar algo raro: por que um dos jogadores mais talentosos do país no momento se recusa a representar a Inglaterra. Uma convocação para a seleção é algo que se negue?
Ben White esnobou. Por meio de seu clube, o Arsenal, informou que não quer estar à disposição da Inglaterra. Pelo tom de Southgate na entrevista coletiva, dizendo que White era um ótimo jogador e que as portas estavam abertas, tinha tudo para convocá-lo.
Na Copa do Mundo do Qatar, em 2022, White, alegando “motivos pessoais”, abandonou a seleção ainda na fase de grupos, após duas partidas em que foi reserva e não entrou em campo. A imprensa inglesa afirma que o motivo foi uma briga do lateral com o assistente de Southgate, Steve Holland, e que ele não teria gostado de ser reserva nem do ambiente da concentração. Desde então, não jogou pela Inglaterra.
Aos 26 anos, entrando no auge da carreira, White disputa o título da Premier League pelo Arsenal, atual líder, à frente de Liverpool e Manchester City. Acaba de renovar contrato com o clube até 2028, já jogou 27 partidas na temporada e é um dos melhores do país na posição. Seria especialmente útil tê-lo na seleção no momento, dado o número de lesões no setor defensivo da Inglaterra.
É sempre um espanto quando um jogador pesa os prós e contras de defender a seleção de seu país e, no fim, decide se ausentar. Só eles sabem o tamanho do problema, mas, olhando de fora, parece loucura mesmo. A Inglaterra tem chance de título na Euro, ser parte da seleção nacional é o sonho de todo atleta, além de ser muito atrativo para a carreira e financeiramente.
Esses dois amistosos são os últimos antes da convocação para a Eurocopa. Pelo menos o Arsenal deve estar feliz de não perder White em um momento decisivo da temporada.
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