O Cruzeiro luta para encerrar jejum particular e ser campeão Mineiro após quatro anos. Para alcançar tal feito, o time comandado por Nicolás Larcamón terá que repetir feito alcançado na década de 1980, quando a equipe celeste encerrou hegemonia do Atlético na história da competição.
Campeã pela última vez em 2019, o Cruzeiro, nesta temporada, pode impedir o pentacampeonato do rival. Desde 2020, o Alvinegro levanta o troféu de forma consecutiva.
Os argentinos Jorge Sampaoli (2020), Antonio Mohamed (2022) e Eduardo Coudet (2023), além de Cuca (2021), foram os últimos campeões com o Atlético.
A primeira partida da final estadual deste ano está marcada para o dia 30 de março (sábado), às 16h30, na Arena MRV. O jogo de volta acontecerá no dia 7 de abril (domingo), às 15h30, no Mineirão.
Hegemonia encerrada
Há 40 anos, o Cruzeiro impediu o Atlético de ser heptacampeão mineiro. O time celeste, então comandado pelo técnico João Francisco, venceu o estadual de 1984 e encerrou a soberania atleticana, que durou de 1978 a 1983. Essa é a maior maior sequência vitoriosa da equipe preta e branca na história do torneio.
Naquele ano, a competição foi disputada em dois turnos. O Cruzeiro venceu o primeiro batendo o América. No segundo turno, venceu o Atlético com direito a goleada e sacramentou a conquista estadual.
O Cruzeiro venceu o jogo de ida por 4 a 0, no Mineirão, com dois gols de Carlinhos, um de Tostão II e outro de Carlos Alberto Seixas. Na volta, vitória alvinegra por 1 a 0, gol de Reinaldo.
Pela diferença de saldo de gols, o Cruzeiro venceu o Campeonato Mineiro e impediu a conquista
Regulamento confuso em 1984
Na edição do Campeonato Mineiro de 1984, o Cruzeiro já tinha vencido o turno. Se ganhasse o returno, o time azul seria campeão mineiro de forma direta, interrompendo a importante série vitoriosa do rival.
A decisão do returno envolvia o confuso regulamento da Federação Mineira de Futebol (FMF). O documento dizia que o Atlético jogava por dois resultados iguais, já que o Alvinegro somou a melhor campanha na segunda etapa da competição. Porém, o Cruzeiro, no primeiro jogo da final do returno, em 5 de dezembro de 1984, aplicou uma goleada por 4 a 0.
Em 9 de dezembro, no jogo de volta, o Atlético ganhou por 1 a 0, mas o Cruzeiro foi declarado o campeão.
A decisão do campeão foi parar no tribunal. Cada clube tinha uma interpretação do regulamento. Para os atleticanos, resultados iguais era jogar por dois empates ou vitória e derrota. Isso, independentemente do placar.
Os cruzeirenses e a própria Federação Mineira de Futebol (FMF) entendiam que o saldo de gols tinha de ser considerado no caso de uma vitória para cada lado. E foi este o cenário que aconteceu, pois o Atlético ganhou a segunda partida decisiva do returno de 1984 por 1 a 0, com um gol de Reinaldo.
Depois de uma batalha de quase seis anos, o Cruzeiro só foi declarado oficialmente campeão mineiro de 1984, em setembro de 1990.
Cruzeiro impedindo hegemonias do Atlético
Ao longo da história, o Cruzeiro impediu outras sequências vitoriosas do Atlético no Campeonato Mineiro.
Em 1928, o Palestra Itália impediu o tricampeonato do Atlético, campeão em 1926 e 1927. Daí, a equipe que originou o Cruzeiro emplacou o tricampeonato entre 1928, 1929 e 1930, a primeira grande sequência da história do clube.
Em 1940, o Palestra Itália, novamente, impediu o tricampeonato atleticano. O clube de Lourdes havia conquistado os dois torneios anteriores (1938 e 1939).
O Atlético era o bicampeão entre 1941 e 1942. O Cruzeiro venceu a partir de 1943 e emplacou uma sequência de três títulos (1943, 1944 e 1945).
Entre 1952 e 1955 o Atlético foi tetracampeão. Em 1956, o Alvinegro faturou o penta, mas acabou tendo o título dividido com o Cruzeiro por questões burocráticas, por ter escalado jogador de forma irregular durante a competição daquele ano.
Em 1984, o Cruzeiro voltou a impedir uma hegemonia maior do Atlético. O time preto e branco faturou o Estadual seis vezes consecutivas entre 1978 e 1983.
Em 2024, o time de Nicolás Larcamón poderá impedir uma das maiores hegemonias do Atlético na história do Campeonato Mineiro. Campeão entre 2020 e 2023, o atual tetracampeão pode ser penta ou ver sua sequência interrompida pelo maior rival.
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Guilherme Piu é jornalista esportivo com experiência multiplataforma: digital, revista, rádio e TV. Tem dois livros publicados e foi premiado em festivais de cinema no Brasil e no exterior, dentre eles o Cinefoot. Cobriu grandes eventos, como Copa do Mundo, Olimpíada, Copa América e torneios de futebol. Passou por Hoje em Dia, Uol e Revista Placar.