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André Esmeriz, especial para o ESPN.com.br
1 de mar, 2024, 06:00
Os 7 gols com a camisa do Mirassol significam muito mais que a artilharia do Campeonato Paulista – dividida com Flaco López, do Palmeiras – para Dellatorre. Eles representam a superação de um centroavante que surgiu sob muita expectativa e não conseguiu correspondê-la como se imaginava.
A artilharia na Copa São Paulo de Futebol Júnior, em 2011, colocou Dellatorre na vitrine e despertou interesse de grandes clubes do Brasil. Um deles foi o Internacional, que levou a melhor sobre os rivais e ficou com o atacante.
O início foi promissor. Os gols nos juniores renderam até comparações a Leandro Damião, ídolo da torcida e que estava no elenco quando Dellatorre subiu para o profissional.
Longe dos familiares, o jogador de apenas 18 anos sentiu o peso do fardo e não conseguiu corresponder a expectativa criada. Foram 13 partidas em branco e um título, da CONMEBOL Recopa, até a transferência para o Porto, de Portugal.
“Ficar longe da família, primeira vez jogando em um time grande, muita novidade… Na época especulava muito que eu era o novo Damião. Eu não fiz gols e isso pesou bastante para mim. Então fica uma frustração”, disse Dellatorre, que transformou a frustração em aprendizado.
“Você chega no vestiário e vê D’Alessandro, Índio, Bolívar, Oscar, Damião, dá uma assustada, mas minha adaptação foi tranquila. Os momentos que passei foram de muito aprendizado, aprendi muito com esses jogadores”, lembrou.
Em Portugal, o cenário foi parecido. As boas atuações pela equipe B do Porto na 2ª Divisão, com 11 gols em 36 partidas, fizeram Dellatorre se juntar ao elenco principal, que tinha estrelas como Otamendi, Lucho González e Liedson.
“Ter passado por esses dois clubes me deu uma bagagem muito grande. Eu era muito novo, se eu tivesse a cabeça que tenho hoje, com certeza poderia ter tido outro rendimento. Mas eu aproveitei, tive momentos importantes. Com certeza essas experiências fizeram que eu amadurecesse mais rápido, que eu criasse mais experiência para quando voltasse para o Brasil estivesse preparando para jogar a Série A”, afirmou.
De volta ao Brasil em 2013, teve boa passagem pelo Athletico-PR, onde foi finalista da Copa do Brasil e 3º colocado no Brasileirão. Depois, rodou o mundo: passou por Inglaterra, Tailândia, Chipre e Japão, além de ter defendido Brasil de Pelotas, CSA e Atlético-GO. Os altos e baixos ao longo da carreira fizeram Dellatorre chegar ao Mirassol pronto para brilhar.
Perto de casa – nasceu em São José do Rio Preto, cidade vizinha de Mirassol -, o atacante só foi desencantar na 4ª rodada do Paulistão. Os 7 gols renderam 7 pontos para o Leão da Araraquarense, que faz campanha melhor que o Corinthians e disputa uma vaga nas quartas de final com a Inter de Limeira.
As frustrações do passado fizeram o atacante de 31 anos não se empolgar com as especulações que começam a surgir devido ao bom desempenho no principal estadual do país.
“É natural que apareçam especulações, por ser o artilheiro do Paulista. Mas eu tenho a cabeça muito boa, estou bem tranquilo e focado no Mirassol. Nosso objetivo é buscar a classificação. Temos duas finais pela frente e vamos nos doar o máximo pra conseguir esse objetivo e depois vamos colhendo frutos na sequência da temporada”, completou.
O Mirassol aposta nos gols de Dellatorre para buscar a classificação nas duas rodadas que faltam. Neste sábado (2), o time visita a Portuguesa, no Canindé. O adversário da última rodada é o São Bernardo, em casa.