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Daniel Bocatto, João Felippe França e Thiago Cara
7 de mar, 2024, 11:00
À frente da presidência do Corinthians desde o começo de 2024, Augusto Melo tem em mãos uma decisão que poderá pautar o futuro do clube pelos próximos anos.
Segundo apurou a ESPN, o dirigente avalia uma proposta dos investidores ligados à Liga Forte Futebol (LFF) para deixar a Libra e ainda considera a troca de bloco nos bastidores. O motivo é que a nova diretoria tem ressalvas com o andamento das negociações do grupo com a Globo para a venda dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2025 a 2029.
O Corinthians entende que o valor apresentado pela emissora ao bloco, R$ 1,3 bilhão, poderia ser maior, principalmente no que é referente a transmissões via streaming.
O cenário de indefinição no Parque São Jorge, no entanto, ainda conta com outro ingrediente: a exigência do Corinthians em receber o mesmo que o Flamengo.
Segundo apurou a ESPN, no entanto, o problema é que na divisão proposta por Libra e Forte Futebol não há como o repasse ser garantidamente feito de forma idêntica.
Como a Libra propõe a divisão do faturamento:
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40% do valor total é igual para todos os clubes do bloco;
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30% determinados pelo desempenho da equipe em campo;
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30% definidos por quanto o clube consegue captar de audiência;
Como o Forte Futebol propõe a divisão do faturamento:
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45% de valor fixo igual para todos clubes
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35% de acordo com desempenho
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25% por captação de audiência
Em valores absolutos, inclusive, faz tempo que o Corinthians não consegue superar o rival no faturamento com a transmissão de seus jogos.
Segundo levantamento realizado pela agência Sports Value, especializada em marketing e propriedades esportivas, e ao qual a ESPN teve acesso, a última temporada em que o clube do Parque São Jorge arrecadou mais do que o rival da Gávea em “Direitos de TV” foi 2012: R$ 278 milhões contra R$ 206 milhões, em valores atualizados pela inflação.
Como comparação, foi em 2012 que o Corinthians conquistou o inédito título da CONMEBOL Libertadores e o bicampeonato no Mundial de Clubes da Fifa, enquanto o Rubro-Negro acabou eliminado ainda na fase de grupos da competição sul-americana, além de ter encerrado o Brasileirão na 11ª posição.
Mesmo vivendo maior protagonismo esportivo no Brasil na primeira metade da última década, o Corinthians ficou atrás do Flamengo nos dez anos seguintes (2013 e 2022), o período com números consolidados pelo estudo da Sports Value.
Quando o Corinthians faturou em direitos de TV, ano a ano, na última década?
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2013: R$ 175 milhões
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2014: R$ 175 milhões
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2015: R$ 177 milhões
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2016: R$ 313 milhões
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2017: R$ 194 milhões
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2018: R$ 266 milhões
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2019: R$ 232 milhões
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2020: R$ 189 milhões
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2021: R$ 289 milhões
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2022: R$ 337 milhões
Quando o Flamengo faturou em direitos de TV, ano a ano, na última década?
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2013: R$ 190 milhões
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2014: R$ 185 milhões
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2015: R$ 185 milhões
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2016: R$ 404 milhões
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2017: R$ 263 milhões
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2018: R$ 300 milhões
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2019: R$ 407 milhões
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2020: R$ 227 milhões
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2021: R$ 481 milhões
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2022: R$ 495 milhões
Em meio à troca de comando na cadeira de presidente do clube e da ausência de protagonismo político do Corinthians em meio às negociações com a Libra e com a LFF, Augusto Melo, atual mandatário, ainda tenta se familiarizar com cada grupo, entender o projeto de cada um deles e em qual o Timão pode faturar mais.
Como decisão do Corinthians pode mexer com acordo de R$ 1,3 bilhão?
Com a presença do Corinthians, na figura do diretor financeiro Rozallah Santoro, os clubes da Libra decidiram, em reunião no início do mês, avançar na negociação com a Globo e fechar a venda dos direitos de transmissão de seus jogos do Brasileirão de 2025 a 2029 por R$ 1,3 bilhão.
Os alvinegros, no entanto, alertaram no encontro que gostariam de entender melhor os moldes do movimento, já que toda a construção da Libra, e a própria negociação da Globo, aconteceu durante a gestão passada do clube, com Duílio Monteiro Alves – que foi sucedido por Augusto Melo.
Depois disso, o Corinthians foi procurado pelos investidores ligados ao Forte, Life Capital Partners (Carlos Gamboa), General Atlantic, XP Investimentos e a Live Mode, com a promessa de que seria possível conseguir valores maiores em relação aos negociados com a Libra.
O problema é que, em caso de saída do Corinthians do bloco, o valor negociado com a Globo, de R$ 1,3 bilhão, diminuiria para os demais. Um cenário que já gera diferentes cálculos nos bastidores.
A Libra tem uma projeção de que um eventual “racha” com o Corinthians representaria uma queda de 10% no valor pago pela Globo.
Restaria ainda quase R$ 1,2 bilhão pago pela emissora para ser dividido entre os demais clubes do bloco.
Além do Corinthians integram a Libra: ABC, Santos, Atlético-MG, Bahia, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Paysandu, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, São Paulo e Vitória.
Já o Forte é formado por Athletico-PR, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Inter, Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sport, Tombense e Vila Nova.
Botafogo, Coritiba, Cruzeiro e Vasco estão em um terceiro bloco, o União, que está alinhado com o Forte para a negociação com investidores e venda dos direitos de transmissão.