Carlos Amodeo, CEO do Coritiba, conversou com o Globo Esporte
— Quero passar uma tranquilidade muito importante para o torcedor do Coritiba de que não existe nenhum movimento da Treecorp, seja para vender uma parte de sua participação, seja para vender toda a sua participação, seja para capturar um sócio nesse momento. Estamos no início do nosso projeto, e a Treecorp tem todos os recursos disponíveis para aplicar no Coritiba, conforme o contrato que celebrou com a Associação, dispondo de 100% dos recursos para futebol e aspectos de infraestrutura — disse.
Amodeo também reafirmou que enxerga o Coritiba como um dos protagonistas na disputa da Série B do Brasileiro, que terá início em abril. Para o CEO, isso significa que o clube vai ser um dos times na luta direta pelo acesso.
— As pessoas precisam entender que protagonismo é ser um dos principais times dessa competição e garantir o nosso acesso. Em nenhum momento estou prometendo título da Série B, mas sim dizendo que iremos atingir nosso objetivo que é o retorno à Série A. Queremos o retornar à Série A sendo campeões da Série B? Sim. Eu posso prometer isso ao torcedor? Absolutamente, não. Eu não sou irresponsável, mas eu posso dizer que seremos protagonistas. Estamos formando um grupo consistente para alcançar o nosso retorno à Série A — destacou.
Carlos Amodeo, CEO do Coritiba — Foto: Jairton Conceição/RPC
O CEO também confirmou que um diretor executivo de futebol está contratado. Ele, porém, não revelou o nome do substituto de Júnior Chávare, que faleceu no último dia 18 de fevereiro.
— Nós fizemos um processo de seleção onde identificamos quais atributos precisamos ter nesse profissional que vai liderar o processo de futebol do Coritiba daqui para frente. E posso afirmar que já temos o profissional definido. O nome vou manter em sigilo, pois ainda estamos em uma fase de elaboração de contrato. Tão logo os documentos estejam assinados e definidos, ele deve iniciar suas atividades aqui conosco no dia 25 de março — completou.
Veja outros pontos da entrevista:
AVALIADO A TEMPORADA 2024
— É uma temporada que começou com a formação de um novo elenco, transformação de um novo elenco, menos de 90 dias formando um novo elenco. Mais de 20 atletas que deixaram o clube nesse momento, uma série de atletas que chegaram, todos eles dentro de um perfil do que a gente idealizou no início do ano para essa jornada que a gente tem em 2024. Então, a gente reputa de forma extremamente satisfatória todo o trabalho que vem sendo desenvolvido até esse momento. A gente tem um processo de formação de elenco, formação de time, de criação de modelo de jogo. A gente sabe que dentro dessa jornada teríamos instabilidades, pois nem tudo está pronto, o grupo ainda está em formação, e infelizmente tivemos uma instabilidade num momento que nós não poderíamos ter tido. Então, tivemos a fatalidade de ter uma instabilidade numa semana que começa com o falecimento de um profissional que dirigia o departamento de futebol, no meio da semana a gente tem a eliminação muito dura na Copa do Brasil, eliminação essa que do ponto de vista financeiro afeta muito o nosso orçamento deste ano, faz com que a gente estabeleça uma série de ajustes orçamentários, mas que serve de alerta sobre o processo de formação de elenco. Estamos no caminho certo, mas com ajustes que precisam ser feitos. Essas semanas que temos, cheias e em condição de trabalho, mas por motivo ruim, péssimo, que foi a eliminação, permite que a comissão técnica aprimore todos os modelos de jogo e todas as questões que precisam ser aprimoradas. Então, a gente acredita que iremos chegar fortes para o início da Série B, que é o nosso principal foco deste ano.
Coxa está garantido na semifinal do Paranaense 2024 — Foto: Gabriel Thá / Coritiba
— Isso é um ponto importante. A gente vem trabalhando, desde que chegou aqui no clube, com três pilares fundamentais no departamento de futebol: o primeiro deles é uma mentalidade vencedora, o segundo é a busca de excelência em tudo aquilo que a gente faz, e o terceiro é o foco no coletivo. Então, nós buscamos formar um elenco, onde a característica dos nossos atletas, além da questão técnica, da questão tática, da questão física, ela esteja vinculada a essa questão de personalidade, de caráter. Jogadores que querem e ambicionem vencer em suas carreiras. Que querem estar no Coritiba, que fazem do Coritiba o seu principal projeto. Então, nós buscamos atletas que preenchessem os requisitos técnicos, táticos e físicos estabelecidos pela comissão técnica, mas que tivessem também esse componente cognitivo de caráter e de personalidade muito forte. Estamos absolutamente satisfeitos com todas as contratações que nós fizemos, pois todos esses atletas estão 100% focados no Coritiba.
IMPACTO COM A MORTE DE CHÁVARE
— Afetou de forma bastante significativa. Afinal de contas, o Chávare era um profissional que tinha um profundo conhecimento de mercado e uma experiência muito grande no futebol brasileiro. Ele se encaixou perfeitamente em dois aspectos importantes do projeto. Primeiro, ele compreendeu o projeto do Coritiba e soube se engajar e segundo criar um ambiente de liderança com respeito, criando um ambiente leve junto aos atletas, um ambiente de confiança, um ambiente de credibilidade. Foi um choque muito grande para todos nós em termos de gestão, mas também em termos de convívio com o elenco. A gente perde não apenas um colega de trabalho, mas perde um amigo, alguém que vinha convivendo com a gente todos os dias, mas vida que segue. A gente vai continuar trabalhando e todas as nossas conquistas esse ano terão a participação dele, com toda a certeza.
ESCOLHA DO NOVO EXECUTIVO
— A escolha desse profissional parte da nossa visão de curto prazo, com a necessidade de alinhar com o projeto de longo prazo. Além desse profissional ter uma larga experiência no cenário do futebol, ter realizações importantes dentro do futebol, ter essa experiência e esse convívio dentro do mercado do futebol, ele também é alguém que precisa olhar e liderar a metodologia desportiva, da estratégia esportiva do clube daqui para frente. Tanto, que estamos com esse profissional fazendo uma redefinição pela segunda vez da nossa formatação do departamento de futebol, e esse profissional vem com a definição de diretor executivo de futebol / head de futebol, conduzindo e coordenando todos os subsistemas de todas as nossas categorias de futebol. É uma função um pouco mais abrangente do que a do Chávare, que era focada exclusivamente no futebol profissional. E essa pessoa terá um olhar também mais para a base, olhando para a estratégia do clube a longo prazo.
CONSULTORIA DO FERNANDO CARVALHO
— O Fernando Carvalho é um profissional reconhecido e experiente. Ele tem prestado serviços de consultoria diretamente à diretoria da SAF em todos os assuntos relacionados à área do futebol. Desde as questões profissional e categoria de base, a gente conversa sistematicamente. É bom aumentar a nossa crítica para minimizar erros. É bom ter pessoas experientes ao nosso redor para construir um projeto melhor. É um profissional que já conhecia e inclusive da rivalidade do passado. Convívio excelente e seriedade e vivência no futebol brasileiro.
— Eu sou advogado de formação e especializado em direito societário com processos de fusões e aquisições de empresas. Investimento numa SAF nada mais é que um processo de aquisição de uma empresa. Eu fui durante muitos anos CEO e diretor financeiro de grandes empresas nacionais. Tenho uma larga experiência em gestão de empresas.
— Atuo há praticamente 20 anos no conselho de administração de diferentes empresas, então tenho uma larga experiência em gestão empresarial como um todo. No futebol especificamente, eu tenho cerca de 10 anos de experiência no futebol. Sendo nos três primeiros anos em cargos não remunerados dentro do Grêmio, de Porto Alegre, onde eu fui secretário do Conselho Deliberativo durante 2013 a 2016, depois fui secretário geral do clube já em 2017. Quando, em junho de 2017, sou convidado pelo presidente do clube e Conselho de Administração para deixar de exercer a função de secretário geral do Grêmio para ser o CEO do Grêmio. Deixo de ter um cargo não remunerado para ter um cargo remunerado.
— Eu iniciei a minha trajetória como executivo no mercado de futebol, como CEO do Grêmio, em julho de 2017 e fiquei lá até 2022. Nesse período, a gente viveu três diferentes etapas no clube. A primeira etapa é uma reestruturação extremamente importante do ponto de vista econômico, administrativo, governança e esportivo. Saímos de um faturamento médio de R$ 200 e pouco milhões e chegamos a um faturamento médio de R$ 500 milhões. Fizemos um trabalho, que naquela época, foi reconhecido como um trabalho de excelência, e o Grêmio sendo destaque em termos de governança, de gestão profissional e assim por diante.
— Tivemos 10 conquistas importantes nesse período, desde a Copa Libertadores, Recopa Sul-Americana, cinco Gaúchos em sequência e muitas campanhas de protagonismo no futebol, que muitas vezes as pessoas esquecem. Fomos vice-campeões mundiais, quatro anos seguidos como quarto colocado no Brasileiro, algumas semifinais na Libertadores. Entretanto, em 2021, tivemos um período catastrófico em seis meses onde fomos rebaixados para a Série B, mas em 2022 tivemos a oportunidade de retomarmos a posição de origem na Série A, quando então eu deixei o clube no fim do mandato do presidente que tinha me chamado para assumir.
— O meu objetivo naquele momento era não ser mais CEO de clube associativo. É complexo ser um executivo profissional onde você tem muitas interferências políticas, que prejudicam o trabalho. E eu passei por isso dentro do Grêmio. Recebi alguns convites de clubes brasileiros e agradeci. Estou terminando curso na Fifa, que daqui dois meses será a formatura na Fifa. Foram 40 profissionais escolhidos entre 400 candidatos. E uma das etapas foi presencial durante a Copa do Mundo no Catar. E lá eu encontrei com diversos profissionais, como banqueiros, consultores, que falaram para conversar com as pessoas que estavam investindo no Coritiba, pois eu tinha a cara do projeto. Na volta, parou em São Paulo e me encontro com a Treecorp. Fui contratado para assessorá-los na conclusão do negócio, e depois a partir de maio assumir as funções como executivo do Coritiba.
— Eu vivi tudo que se pode viver, desde a reestruturação ao protagonismo, com disputa de títulos e momento de insucesso, mas retomada em seguida. E ouvi que tinha toda a gama de experiência relevante para superar todos os obstáculos. É isso que me trouxe aqui. Muitas vezes o torcedor pega duas pontas. No título da Libertadores, quando o Amodeo chega o grupo já estava formado, então ele não tem responsabilidade. No rebaixamento, o Amodeo é o principal responsável. Assim como não fui responsável aqui, também não sou o responsável aqui. Participei dessas duas pontas, mas no meio disso tudo aqui fiz uma avaliação e me diga se eu tenho alguma experiência, alguma vivência, ou não.
Guto Ferreira ao lado do CEO do Coxa, Carlos Amodeo — Foto: Gabriel Thá / Coritiba
— A gente para conviver no mercado do futebol, que é gestor no mercado do futebol, precisa ter muita serenidade em convívio com as críticas. Com o advento das redes sociais, a gente vê um ambiente muito mais hostil. Muitas vezes escondidas atrás de fakes, as pessoas se sentem legitimadas para dizer sobre sua competência, sua capacidade e muitas vezes sobre a sua honra. Um gestor de futebol não pode se pautar sobre o que lê nas redes sociais. É um ambiente hostil, ambiente apaixonado, e temos que manter o foco naquilo que a gente idealizou, relevando as críticas. Eu convivo bem com as críticas sobre a minha capacidade profissional e a minha competência, mas não tolero àquelas que são vinculadas à honra, que têm uma consequência, com medidas legais sobre elas. Eu convivo com tranquilidade e sempre vou conviver dessa forma. A gente sabe que hoje vai receber críticas, mas se os resultados forem bons iremos receber elogios.
— Existe um movimento que eu reputo como irreversível dentro do futebol mundial, que é o Multi-club Ownership, ou seja, da multipropriedade de clubes em diferentes mercados estratégicos. Esse é um movimento, uma estratégia de gestão irreversível, e eu considero que nos próximos anos o futebol mundial será liderado por grandes conglomerados econômicos ou fundos de investimentos globais através dessa estratégia de MCO (Multi-club Ownership). São fundos investimentos ou grandes investidores que adquirem diferentes clubes em diferentes mercados.
— Quando falamos do City, ele tem mais de uma dezena de clubes segregados em diferentes locais do planeta, sendo cada um deles com um objetivo estratégico. O objetivo, por exemplo, no Bahia ele é um, mas no Montevideo City ele é absolutamente outro, que também difere de Nova Iorque, e assim sucessivamente, pegando ele apenas como exemplo. O que eu quero dizer com isso: hoje já existem mais de 200 clubes que fazem parte de mais de 50 plataformas de Multi-club Ownership, e o Brasil não está fora desse mercado, por mais que a gente comenta muito pouco sobre isso. A gente tem o próprio Bahia, na plataforma do City, a gente tem o Vasco, na plataforma da 777, a gente tem o Botafogo, na plataforma da Eagle, a gente tem o Red Bull Bragantino, na plataforma da Red Bull, embora o Red Bull não seja uma SAF, pois já era um clube empresa antes disso, e a gente tem o próprio Cruzeiro, que faz parte de um Multi clube muito específico, que tem o Valladolid e o Cruzeiro.
— E dentre essas SAFs, que fazem parte de plataformas de multi propriedade de clubes, o Coritiba é uma SAF diferente, que a gente chama de single club, porque a Treecorp tem apenas o Coritiba. Então, no futuro, quando grandes conglomerados econômicos quiserem investir no futebol brasileiro, eles irão buscar àqueles clubes que estiveram estruturados como SAF, tiverem uma gestão profissional, tiverem um desempenho desportivo, tiverem uma atratividade estratégica importante e que não façam parte de multi propriedade de clubes.
— A nossa estratégia é reestruturar o Coritiba, valorizar o Coritiba, dar protagonismo desportivo ao Coritiba, para torná-lo atrativo num futuro, no horizonte de sete, dez anos, para que ele esteja preparado dentro desse mercado de forma muito consistente.
— O projeto da Treecorp está idealizado num horizonte médio de 10 anos, tanto que temos aqui um projeto que se chama projeto Visão 2030. Nós estamos no início desse projeto. É fundamental dizer que o projeto da Treecorp tem quatro grandes pilares: desportivo, infraestrutura, governança e engajamento de fãs e inovação. E esses quatro pilares norteiam a nossa estratégia. Eles serão desenvolvidos e aprimorados ao longo de três fases de execução.
— Uma primeira fase que iniciou em 2023 e estará em curso até 2025 é a fase de reestruturação. Uma fase de crescimento acontecerá de 2026 a 2028, e uma fase de consolidação acontecerá de 2029 a 2031. É fundamental que o torcedor tenha a compreensão que é um projeto de longo prazo, baseado em quatro pilares muito consistentes. Estamos na fase de reestruturação, e isso demanda a criação de novos alicerces, de novos processos e novas políticas, cujos resultados acontecerão progressivamente. Eles não acontecerão num passe de mágica. Existe uma estratégia profissional liderada por executivos que têm experiência nesse mercado e em outros mercados, trazendo experiência para cá. Tudo isso tem uma metodologia desenvolvida. Não existe nenhum processo conduzido de forma amadora e não profissional ou não respeitando todas essas etapas.
NOVO CENTRO DE TREINAMENTO
— A gente tem trabalhado internamente. Recebemos um projeto de CT que foi concebido pela Associação e passou pela avaliação de nossos profissionais, e estamos no processo de readequação do projeto do CT para que a gente possa adequar com base no que a gente entende o que é mais funcional de acordo com a nossa metodologia de gestão, e não existe certo ou errado, mas simplesmente uma questão de estilo.
— A partir do momento que a gente tiver definido e ajustado, passaremos ao início das obras com as licenças obtidas, respeitando o que já tinha de licenças obtidas. Quando nós concluirmos essa revisão, que esperamos que ocorra nos próximos meses, iniciaremos a construção do novo CT.
— É um projeto de médio a longo prazo. A gente precisa ter serenidade e seriedade, temos que saber que primeiro temos que iniciar e desenvolver o projeto do CT, e preparar o projeto do Couto Pereira, para que ele aconteça sucessivamente. São duas obras de magnitude importante e a gente precisa fazê-las no momento oportuno. Muito se fala da capacidade do estádio. Nós recebemos um projeto da diretoria da Associação, mas ainda não nos debruçamos nele para validar ele, mas já temos a compreensão que a capacidade não deve ser reduzida. Torcedor, fique tranquilo, levaremos em consideração, sim, essa questão de capacidade para atender com o que temos.
Couto Pereira, Coritiba x Athletico — Foto: Guto Marchiori
— O torcedor acha que SAF é um pote de ouro no final do arco íris. Mas isso não é verdade. Temos anualmente um orçamento, cujas as diretrizes são definidas pelos acionistas e aprovadas pelo Conselho de Administração da SAF, que estabelece nosso teto de gastos e investimentos. Temos que trabalhar para cumprir esse orçamento. Todas as contratações estão alinhadas com o orçamento. Muitas vezes ouço dizer que o Amodeo não liberou o recurso, mas não é bem isso. Estamos olhando para a janela e ciente de que há ajustes pontuais no elenco. Eu não gosto de falar em quantidade, mas acredito em um ou dois jogadores. Esses dados de orçamento não divulgamos. Mas a Treecorp tinha um montante mínimo em caso de queda na Série B, mas esse montante aplicado será significativamente maior, ciente da importância de retomar o projeto de Série A em 2025. Existe um investimento maior para que a gente possa retornar em segurança para a Série A.
ATUAÇÃO DO EXECUTIVO NA INTER JANELA
— Ele já está embarcado no nosso projeto. Embora ele inicie fisicamente no dia 25, já estamos em amplo contato, avaliação no elenco e ajustes pontuais. Ele já está trabalhando dentro do contexto do nosso projeto e tomando conhecimento, para que possa participar e liderar esse processo de ajustes pontuais. A gente sabe que esses processos de transição, quando os profissionais assumem algum novo projeto, já dividem o seu tempo. O ponto importante é que ele não será o único nesse processo, mas desde o ano passado quando criamos o CIAD (Centro de Inteligência e Análise de Desempenho), criado no fim da janela do ano passado. Então, essa janela agora foi a primeira com a participação desse núcleo. Quando a gente fala em análise de desempenho, são profissionais alinhados com a comissão técnica e com validação do executivo de futebol. Esse trabalho é feito a muitas mãos. Não será apenas o executivo novo.
TECNOLOGIAS À DISPOSIÇÃO DO FUTEBOL
— Acreditamos fielmente que a inovação, a análise de dados, são diferenciais para o futebol. Quando falo em inovação, falo em acelerar a recuperação de atletas, otimizar a performance dos atletas. Fizemos investimento de R$ 1 milhão em equipamento de fisiologia para acelerar a recuperação e estamos investindo em outros equipamentos para melhorar. Estamos buscando tudo aquilo de tecnologia de ponta no mundo. Com base em dados, todos os nossos processos de avaliação atletas têm que ser lastreados em análise de dados. Fizemos um contrato com duas empresas globais. Uma fornece uma série de métricas e uma outra empresa que atua como consultoria de análise desses dados para a Premier League. Isso quando falamos de futebol. Quando não falamos de futebol, na parte econômica, a gente fez uma parceria com a Oracle e investindo em uma série de infraestrutura para dar consistência ao nosso projeto.
— Importante esclarecer que o clube respeita todas as decisões do STJD e jamais tomaríamos uma ação que colocasse o clube em risco. Todas as medidas tomadas a esse atleta, foram com profissionalismo. Ele ainda se encontra suspenso e inabilitado de atuar, mas pode retornar aos treinos com acompanhamento. Nosso objetivo é que ele possa ter o acompanhamento nutricional e fisiológico para que acelere seu condicionamento como atleta profissional, para que no momento que a sua pena for expirada ou caso seja reduzida, ele possa ser integrado ao elenco do Coritiba. É um atleta que tem uma qualidade técnica e uma contribuição muito acima da média. Ele será, sim, um reforço importante e nos ajudará na Série B a partir do momento que puder jogar.
PROJETO APRESENTADO AOS ATLETAS
— Quase todos os atletas que contratamos esse ano estavam sendo assediados por outros clubes. O Leandro Damião depois de dar o aceite, mas mesmo sem assinar o contrato, recebeu duas propostas, mas o agente dele disse que estava fechado no Coritiba. O Frizzo aconteceu a mesma coisa. Acertou com a gente e recebeu outras ofertas, mas bancou. Isso diz muito mais dos atletas do que o projeto do Coritiba. Isso é sobre caráter. E é assim que formamos um grupo vencedor.
— O Coritiba vem de insucessos nos últimos anos, com recuperação judicial para se organizar e poder ser vendido para um investidor. Mostramos aos jogadores que estamos em fase de transformação de um clube e solidificação para levar o clube no contexto de protagonismo. Isso é uma mudança de DNA. Isso é uma mudança de cultura. A cultura que estava aqui era de normalização, de indignação para busca permanente de vitória. Isso é mentalidade vencedora. E os jogadores que estão aqui foram escolhidos pela técnica recente e pela ambição de fazer esse projeto vencedor. Estou dando uma visão genérica do nosso projeto.
— Nesse processo de uma nova cultura e de um DNA vencedor, a gente precisa de tempo. E isso acontece quando repetimos na nossa rotina ações que são vinculadas e direcionadas a esse objetivo, mas muitas vezes o torcedor não percebe por não ter acesso a isso. Mas nossas ações diárias são para dar a mentalidade vencedora, olhando para o bem coletivo, esse é um grupo sem vaidade. É isso que a gente acredita que os atletas estejam engajados. Insucesso sempre vamos ter, mas o mais importante é não ter insucessos, mas sim como a gente reage a cada um dos insucessos.
— A gente pode se abater ou utilizar como uma mola para fortalecer tudo que temos de bom. A queda na Copa do Brasil reforçou o caráter desse grupo, que soube entender as críticas e trouxe melhoria de performance esportiva, com engajamento e disposição. Esse não é um projeto que entregamos no papel, mas um conjunto de práticas de gestão que são conduzidas todos os dias, mas não a pena pela direção do clube, mas principalmente pela comissão técnica, que trabalha para que isso aconteça e os atletas respondem. Acredito fielmente que no final sairemos vencedores e com os nossos objetivos alcançados.
— Eles (jogadores) estão vendo no dia a dia o quando a direção do clube trabalha para dar ações focadas no coletivo e isso cativa. O torcedor do Coritiba está muito machucado pelo histórico de insucessos. O torcedor não vê essas ações pela memória ruim que ainda está presente. Isso é compreensível. Mas com o passar do tempo, o torcedor vai perceber que o clube está sendo conduzido por profissionais experientes nesse mercado, e que sabemos o que precisa ser feito, e estamos fazendo para dar essa nova concepção e dar uma cultura vencedora a esse clube, com o passar do tempo, lá na frente, vai se orgulhar de ser torcedor de um Coritiba forte.
— Ele é um jogador de hombridade, personalidade e caráter e tem uma identidade forte com o clube e vive seu melhor momento. Foi outras vezes contestado, mas vestiu a braçadeira de capitão como sempre tivesse sido. Tem um desempenho desportivo brilhante no início da temporada e isso gera confiança. Fico feliz que ele desfrute esse momento junto do torcedor. Estamos conversando com ele e ajustando base de um novo contrato. Temos certeza que no momento oportuno, sem ansiedade, iremos resolver isso de uma forma boa para todos.
Robson, atacante do Coritiba — Foto: Gabriel Thá / Coritiba
— O principal ativo do Coritiba é a sua torcida. A torcida do Coritiba é especial. E mesmo com tantos insucessos, vemos essa torcida cada vez mais engajada e a gente tem compreendido essa situação. Ficamos satisfeitos com o fato do poder judiciário que impedia torcedores inocentes do Coritiba de frequentar o Alto da Glória, nós acompanhamos e trabalhamos em conjunto com advogados da Império por entender. Mas dizer que compreendemos o quanto o torcedor está machucado e sabemos a expectativa do torcedor pelo nosso trabalho e que gostaríamos que os resultados fossem imediatos. Trabalhamos todos os dias para criar alicerces para que possa viver momentos de conquistas de títulos. Isso vai acontecer. Confie no projeto que está sendo feito de forma profissional e que ali na frente vai produzir resultados. Peço um voto de apoio de confiança por parte do nosso torcedor. Não é uma corrida de 100 metros, mas uma maratona. E temos muito o que percorrer para que o Coritiba tenha um contexto de estabilidade de protagonista no futebol brasileiro.
— Nós temos consciência dos erros do passado, mas quando temos uma jornada mal sucedida, muitos dizem que é para esquecer. Mas eu digo que é uma jornada para a gente sempre lembrar, pois só lembrando dos erros do passado é que nós não iremos repetir no futuro. Temos a consciência que tivemos muitos acertos fora de campo, erros vinculados ao futebol por não conseguir manter o clube na Série A, o que nos machuca muito e sabemos que machuca demais o torcedor do Coritiba. O que posso dizer ao torcedor é que jamais esqueceremos o que vivemos no ano passado para que não voltemos a cometer nesse ano.