A Federação Mineira de Futebol (FMF) informou nesta segunda-feira (04/03) ter acatado a recomendação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para banir as torcidas organizadas Galoucura, do Atlético, e Máfia Azul, do Cruzeiro, por dois anos.
A punição vem após um conflito entre membros das duas torcidas no último sábado (02/03), na região do Barreiro, em Belo Horizonte, que resultou na morte de um cruzeirense, baleado.
“O banimento temporário consistirá na proibição do uso, porte e exibição de qualquer vestimenta, faixa, bandeira, instrumento musical ou qualquer objeto que possa caracterizar a presença da torcida nos estádios ou seus respectivos entornos nos dias de jogos”, informou o MPMG.
Organizadoras das partidas, a Federação Mineira de Futebol (FMF) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) precisam ratificar a recomendação — agora falta a decisão da CBF.
Ao pedir o banimento das torcidas, o promotor de Justiça Fernando Ferreira Abreu, da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-MG), aponta que as desavenças entre elas geram severos transtornos à segurança pública.
“O problema, portanto, ultrapassa os limites da violência desportiva, necessitando de atuação estatal típica de combate à criminalidade organizada”, disse.
Para ele, é necessária, de forma urgente, que a Justiça crie um cadastro nacional de torcedores suspensos ou impedidos de frequentarem eventos esportivos – ele enviou um ofício ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sugerindo que um dos conselheiros avalie o desenvolvimento desse banco.
Além disso, para Abreu, os clubes precisam tomar medidas drásticas para pararem de ser associados e punidos por conta das atitudes de criminosos aliados a torcidas organizadas.
“Eles devem adotar procedimentos internos para que torcidas organizadas, nitidamente associadas à prática de violência, sejam coibidas de utilizar símbolos e escudos para evitar sanções na esfera desportiva, haja vista a responsabilidade civil objetiva prevista na Lei Geral do Esporte”, afirmou.
Além do banimento, o promotor enviou um ofício ao procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, sugerindo a criação de um grupo especializado, no interior do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPMG, para combate à criminalidade associada a eventos de futebol.
“A questão não se restringe à violência no futebol, e para que, entendendo por necessário, provoque o Tribunal de Justiça de Minas Gerais para o desenvolvimento de estratégia interinstitucional de controle de torcedores suspensos/banidos de eventos desportivos”, destacou Fernando Ferreira Abreu.
Posicionamentos
Em nota, a Galoucura lamentou o ocorrido com o torcedor rival, mas afirmou que a torcida, como um todo, não tem culpa em fatos como esse e que bani-la das partidas não a faz deixar de existir. “Seguiremos olhando o esporte como oportunidade social para que os nossos melhorem de vida. E também em busca de diálogo real com as autoridades para que possamos ajudar a pacificar as torcidas. Fazer a mãe de alguém chorar nunca nos deixará feliz e não faz parte da nossa ideologia”, diz.
Já a Máfia Azul, através das redes sociais, posicionou-se contra a recomendação do MPMG. “Torcida é torcida. Crime é crime. Aqui, não confundimos as coisas. Nunca vamos perder esta ideologia. Nunca seremos covardes a este ponto, aqui nós não confundimos as coisas”, publicou.