John Textor costuma sempre falar de amor na relação com o futebol, e isso envolve torcida e jogadores. Em entrevista ao Botafogo Podcast, da Botafogo TV, o dono da SAF alvinegra voltou a argumentar contra as vaias ao defender os jogadores remanescentes da derrocada do Campeonato Brasileiro de 2023, com muitos deles sendo marcados, casos de Marçal, Marlon Freitas e Eduardo, por exemplo.
– Esses jogadores foram tão criticados, são bons jogadores um dia e depois você faz um jogo ruim e esse jogo fica na memória para sempre… Não queríamos jogar fora esses grandes seres humanos, esses ótimos jogadores, apagar tudo e olhar para o futuro. Não vou fazer isso. Existem grandes jogadores no time, que construíram o que temos agora e são a razão pela qual jogadores como Luiz Henrique estão aqui, Jeffinho ter voltado…. Esses jogadores, os meio-campistas, os reservas, eles construíram o que temos esse ano. Esse sempre foi o projeto, sem espelho retrovisor, a não ser entender o que construímos no passado e como levar isso adiante – iniciou Textor.
– Nossos jogadores querem ficar, amam esse time, querem ser campeões aqui. Mas são realistas, eles pensam: “Se não sou querido aqui, preciso ir para um lugar em que seja querido”. Um lugar onde a família possa ir ao shopping, onde as pessoas não zombem dele. É um equilíbrio. Eu falo muito sobre amor, sobre amar os jogadores. Eu tuitei isso. Nunca tuitei durante um jogo que não fosse o jogo do Palmeiras. Fiquei preocupado com a torcida, porque no último jogo (de 2023) eu estava no jogo, precisávamos ir para a Libertadores, no G-4, e havia tanto ódio no nosso estádio… Nossos jogadores não podiam jogar, eram vaiados toda vez que tocavam na bola. Nunca tinha visto isso, fiquei preocupado.
John Textor, então, citou a mudança de ambiente no jogo de ida contra o Red Bull Bragantino, quando o Botafogo venceu por 2 a 1, tendo levado o gol de empate nos acréscimos do primeiro, apenas três minutos depois de abrir o placar. A entrevista foi gravada no dia seguinte àquela partida.
– Ontem à noite, eu não consigo acreditar em como nosso torcida foi boa. Foi diferente. Não estávamos bem. Mas os torcedores foram em frente. Nossa torcida colocou o time nas costas e conseguiu a vitória. O Júnior Santos sente a torcida melhor que todos os jogadores. A torcida tem que entender que quando os jogadores “enlouquecem” em campo, é porque são os torcedores nas cabeças e nos corações deles. Se você vaiar um jogador vestindo a camisa do Botafogo, você pode vestir a camisa do adversário naquela noite. Mas o positivo é que os torcedores estão conosco. Foi o meu retorno ontem, eu fiquei emocionado – afirmou.
– Não vai ser sempre assim, temos maneiras específicas de segurar as pessoas nos estádios. Falei com famílias para trazerem crianças. Tinha muitas. Era um som alto, agudo. Eu quero esse som no nosso estádio, quero que ele seja seguro. Teremos identificação facial agora. Não por questões de segurança, mas para melhorar o envolvimento com o produto. É mais legal você entrar com o seu rosto, pagar para ter produtos com o seu rosto. Você opina, eu sei quem é você. Quero saber o que você pensa, não o que o Twitter pensa. Isso vai nos ajudar a mudar a massa – completou.
O empresário norte-americano também falou sobre a relação com as organizadas e o ambiente agressivo que muitas vezes se forma em momentos de crise.
– Tivemos muitas pessoas que vieram no último jogo do ano passado que ficaram intimidando as esposas dos jogadores, vieram até nós, essas pessoas precisam ir. Isso é no mundo inteiro, não é coisa só do Brasil. Existe o clube e a comunidade, falei sobre isso. A comunidade é muito grande, não só diretamente a torcida, mas sim os pais, os avôs dos torcedores do Flamengo, do Fluminense, que costumavam torcer pelo Botafogo… Os grupos de torcidas organizadas podem e alguns deles se apossam desse relacionamento entre clube e comunidade. Falei sobre isso recentemente na Europa – disse Textor, continuando:
– Eu não trabalho para os ultras, trabalho para os torcedores do Botafogo. Trabalho para as crianças, para as famílias que vejo na Fogo de Chão, para os torcedores anônimos que representam todos os outros. E há milhões deles que torcem pelo Botafogo, queremos saber quem é a totalidade da nossa torcida. Aprendi demais sobre o Brasil. Eu me tornei um carioca emotivo. Algumas pessoas que vêm aos jogos podem falar disso. Existem muitos torcedores importantes que me mandam mensagens durante os jogos. Eu fico tão mexido, chateado. Alguns dos meus amigos mais próximos que torcem pelo Botafogo me enviam algo que me chateia sobre o time, e eu retruco, e eles ficam “wow, você foi grosso”. Eu falo para eles não me ligarem durante o jogo, porque eu fico chateado. Nem uma hora depois também. Essa não é uma linha de atendimento ao cliente. Eu publiquei no Twitter que era o momento de apoiarmos o time, e um torcedor me mandou contratar um lateral-esquerdo. Não entro mais no Twitter durante os jogos (risos).