O sonho de integrar a seleção brasileira de natação paralímpica está fazendo um jovem potiguar a realizar um verdadeiro sacrifício para participar de competições nacionais, atrás dos índices exigidos para que alguém passe a ser considerado um atleta de ponta. Josemberg Vicente da Silva, 21 anos, além de treinar forte para superar os adversários e o cronômetro nas piscinas, trava uma luta descomunal contra a dificuldade financeira e a falta de patrocinadores.
Para confirmar presença no Meeting Cearense de Paranatação, o jovem que além de problemas nos membros inferiores ainda é portador do transtorno do espectro autista, atualmente só pode contar com a mãe, Cláudia Oliveira, para poder se fazer presente nas competições. A meta é emplacar o índice, passar a integrar a seleção nacional e, quem sabe, abrir os caminhos rumos aos patrocinadores para continuar sua jornada dentro das piscinas.
“As dificuldades financeiras para me manter ativo são muito grandes. Geralmente um tempo antes de cada competição minha mãe faz bolos e biscoitos para a gente vender na frente do Midway e tentar levantar a quantia para bancar as nossas viagens”, ressaltou Josemberg Vicente.
A mãe reforça que a maior dificuldade para manter o filho no esporte é a questão financeira. O quadro de Josemberg requer uma atenção especial o rapaz não pode viajar sozinho. “Devido às dificuldades de movimento e o autismo, meu filho não pode viajar sozinho, então estou sempre ao lado dele. Isso também implica no aumento dos custos de cada viagem, o que nos obriga a trabalhar dobrado a cada véspera de competição”, disse Cláudia Oliveira.
Como deseja sempre contemplar o desejo do filho, que tem um comportamento exemplar e treina bastante para poder vencer na carreira esportiva, a mãe disse estar vivendo um período de certa angústia, por ainda não ter levantado toda verba exigida para o atleta garantir a participação do Meeting de Natação (III Troféu Profº. Edivaldo Prado) programado para ocorrer entre os dias 22 e 24 de março, no Náutico Atlético Cearense (CE).
“Para completar o dinheiro dessa viagem nós ainda necessitamos de R$ 1.500 e vamos ter de dar plantão na porta do shopping para poder vender muitos bolos e biscoitos e levantar esses recursos. A jornada é difícil, mas nós não desistimos”, frisou Cláudia Oliveira. Em média, mãe e filho necessitam de, pelo menos, R$ 2.500 para poderem viajar.
A ligação de Josemberg Vicente com a modalidade (natação) ocorre desde os 8 anos de idade e por decisão médica. O esporte serve como terapia para o caso dele, porém o garoto não demorou a tomar gosto pela atividade. Mas por questões familiares, aos 16 anos, Josemberg optou por interromper os treinamentos, passando sete anos afastado das piscinas.
O distanciamento do esporte acabou justamente no ano de 2023, quando andando pelo bairro do Alecrim, com a mãe, passou em frente ao clube que treinava e entrou para ver se encontrava a antiga professora. Ele não apenas viu a primeira treinadora, Neuma da Silva Paiva que prosseguia no trabalho na ACJUDMI, como foi reconhecido e convidado para representar a associação no Meeting Cearense de Paranatação de 2023.
“Assim que a professora Neuma me viu, veio falar comigo, disse que tinha uma competição para me enviar e perguntou por onde eu andei esse tempo todo. Não pensei duas vezes e perguntei logo qual eram os dias de treinamento e quando eu poderia voltar a treinar. Daí em diante não parei mais”, contou Josemberg Vicente.
A associação ACJUDMI é uma instituição que funciona na rua Presidente José Bento, no Alecrim, e cuja orientadora, Neuma Paiva dá aula de natação para crianças com deficiência de todas as patologias. Josemberg treina no local três vezes por semana e completa o ciclo com mais dois dias de treinos puxados no Aeroclube.
“No meu retorno que se deu ano passado, fui competir o XIII Meeting Cearense de Paranatação, em Fortaleza e trouxe uma medalha de ouro nos 100 metros livre, e medalha de bronze no 100 metro peito”, comemorou Josemberg.