Marco Aurélio Cunha, diretor-executivo do Figueirense — Foto: Patrick Floriani/FFC
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- Análisa do Catarinense até agora
Se a gente analisar, o jogo que a gente perdeu foi o do Criciúma. Ficamos seis partidas sem perder. No clássico perdemos um jogador e perdemos o jogo. No Marcílio Dias nós demos os dois gols. Contra o Brusque a gente podia ter ganho o jogo. O time tem demonstrado em campo a capacidade e vontade de ganhar. Tem deficiências, não sou cego. Mas, dentro do nosso nível financeiro, o time está super bem. Os jogadores estão comprometidos, o treinador está alinhado. Se você olhar bem, você sabe o time titular, é difícil fazer isso. Poderia ser melhor, lógico. Mas temos um time estruturado, tem corpo, trabalho e isso que levou o Figueirense a estar nesse lugar. Eu tô feliz com o que produzimos até agora. É tentar avançar mais e preparar o time para a Série C para quem sabe… O que vale muito é a estrutura no treinador, confiança, respeito no vestiário.
Tem gente que tenta empurrar um monte de jogadores parecidos. Estamos na Série C, um time que está se organizando e não temos tanto dinheiro para comprar o que quiser. Quando eu preciso escolher e não posso gastar errado, eu tenho que analisar muito, saber o histórico antigo e recente. Abrimos um leque grande de observações porque, no fundo, é todo mundo igual, nota seis, seis e meio, as vezes a gente acha um oito, mas não está dentro do nosso perfil financeiro. Temos que achar um jogador desse nível, que tem um comportamento adequado, que vai se encaixar na filosofia da equipe, do clube, do treinador. Vai ter muita gente especulada, que fomos perguntar como está o fulano. Vamos filtrando para achar dois, três que sirvam pra gente. Não podemos errar para não comprometer as finanças do clube.
Tudo tá em conta, inclusive não gastar. A gente sabia que era um menino equilibrado, multifunções, muito competente fisicamente, tem drible. Valeu a pena. Agora, é problema do Burse, ele vai achar o melhor lugar pra ele. No meio, o cara tem que fazer mais de uma função. Foi uma boa escolha, acho que vai se sair bem aqui.
É um volante forte que pode jogar mais pra frente, mais pra trás, tem bom passe e tem casca. Vai ecorpar nesse momento de marcação e saída de jogo.
Vai ser analisado assim que terminar o campeonato, nós temos esse prazo. Quem for melhor fica, quem não for tão bom abre-se mão. Temos que qualificar o time, se der colisão de posições vai ser por meritocracia. O Burse jogou muito com a mesma equipe, tem alguns que a gente ainda não viu. Vamos ponderar tudo isso.
- Folha salarial e investimentos
A folha salarial está uns R$ 400 mil e para a Série C vamos tentar fazer uns R$ 600 mil. De repente o Médicis fala que vai colocar mais um pouco. Depende também dos apoios de patrocínio, sócio-torcedor, dos ingressos. Se você não tiver recurso, não faz nada. E a gente tem concorrência. Hoje estou vendo o belo trabalho do Barra, esse time vai ser concorrente nosso em algum momento. Marcílio está em outra série, mas é concorrente nosso, está no mercado e temos que respeitar. Esses times também estão pegando jogadores bons e da nossa faixa financeira. Isso eu tô passando para a Clave para entender que temos que ser competitivos e investir, se possível, um pouco a mais para ficar equivalente aos times da Série C. Tem time pagando R$ 100 mil de salário, eu não posso pagar isso porque tenho responsabilidade futura com o Figueirense. Alguém vai ter que ficar no meu lugar um dia e tenho que preparar bem para esse alguém não pegar terra arrasada.
Tem custo administrativo muito alto também. Estamos no limite do hotel, o ônibus poderia dar um passo melhor, ainda estamos aceitando um pouco dentro do nosso roteiro. Estamos abrindo mão de vantagens para poder ter um time. O Enrico [Ambrogini] está trabalhando pra arrumar mais patrocínio para melhorar o serviço interno aqui, de bar e isso trará mais dinheiro. Temos que investir no CT, faltam mais funcionários, melhorar os campos, quem sabe ter um alojamento, uma sala de reunião para o treinador, melhorar a parte de analista de desempenho e dar recurso para eles trabalharem. A gente está fazendo, mas poderia ser melhor. Quando a gente pega dinheiro e não põe num lugar, é porque estamos priorizando o futebol. Entrando mais dinheiro podemos ajudar com mais funcionários, a nutricionista trabalha sozinha e precisamos de mais gente. Vamos construindo um clube de novo, com mais gente trabalhando.
Temos que encorpar, tentar entender o Brasileiro, os adverários e ficar entre os oito. Se der um avanço enorme, subir. Nossa organização para esse ano é em 2025 estar mais forte. Não quer dizer que não estamos caminhando para subir esse ano, vamos caminhar como loucos. Mas tem que entender que é um processo de organização de clube, equipe, de time, de base forte. Dá para a gente disputar bem a Série C. Vamos buscar.