O primeiro tabu é social. O basquete feminino é rejeitado em praticamente todos os grandes clubes sociais do país, que não têm nem escolinha para as mulheres. Minas, Paulistano, Pinheiros e Flamengo são exemplos de clubes que têm ótima estrutura para o basquete, investem milhões em equipes masculinas que jogam o NBB para ganhar, mas não montam nem times de base femininos.
O segundo é regional. A maior cidade do país, maior mercado consumidor de qualquer modalidade, nunca teve um time feminino adulto de basquete de primeiro escalão. São 12 edições da LBF e nenhum jogo sequer em São Paulo.
Ao quebrar os dois tabus, o Corinthians escancara as portas para que outros sigam o mesmo caminho. Se o Palmeiras acha caro entrar no basquete masculino, por que não apostar no feminino? Com um investimento 80% menor, a chance de título já é muitas vezes maior.
Rosana Lopes, ex-coordenadora da base masculina do Corinthians, primeira (e única) mulher a trabalhar na comissão técnica de um time do NBB, e agora gestora da equipe feminina alvinegra, me explicou que o projeto foi proposto à nova diretoria pela medalhista olímpica Kelly Müller, que, aos 44 anos, voltou atrás da aposentadoria e vai jogar pelo time.
Também foram contratadas as pivôs Clarissa, Mari Dias e Gil Justino, a ala Tati Pacheco e a experiente cubana Ariadna. Tainá Paixão, armadora titular da seleção brasileira, chega em maio, depois do fim da liga da Rússia.
O técnico será Cris Cedra, que ficou sem clube quando o Bradesco, principal formador do país, fechou as portas. Ele levou para o Corinthians quatro jovens da seleção sub17: Micaela Cavalcanti, Sofia Moschen, Raissa Zanolla e Sther Ubaka, uma promissora pivô de descendência nigeriana.