John Textor afirma ter provas de manipulação de resultados no Brasileirão de 2021 a 2023
O americano afirmou ainda que “os torcedores vão ficar sabendo, nos próximos 30 dias, o que realmente aconteceu no campeonato”. O futebol brasileiro não pode esperar 30 dias. Não pode esperar mais um dia sequer. Depois de ter feito acusações tão graves, John Textor agora precisa tomar duas providências:
1) Explicar melhor do que está falando. A que árbitros se refere? Ao generalizar, Textor coloca toda uma categoria sob suspeição. E não se trata de qualquer categoria. O trauma da Máfia do Apito, escândalo revelado em 2005, têm consequências até hoje. O futebol brasileiro não se recuperou daquele episódio. Provavelmente nunca vai se recuperar.
2) Mostrar as provas. Que gravações são essas? Como Textor as obteve? São grampos? Escutas telefônicas precisam ser autorizadas pela Justiça. São áudios de WhatsApp? De quem?
Textor esteve no Nilton Santos na quarta-feira — Foto: Sergio Santana
Se fizer isso, John Textor pode salvar o futebol brasileiro de um problema gigantesco – que, por enquanto, só ele conhece. Se não fizer, terá destruído a própria reputação e se tornará alvo de processos na Justiça Desportiva e na Justiça comum.
Não é a primeira vez que o americano dono do Botafogo faz acusações desse tipo. Em novembro do ano passado, depois da derrota para o Palmeiras, Textor falou em roubo, corrupção e pediu a renúncia de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF. É preciso lembrar que o Botafogo vencia aquele jogo por 3 a 1 e teve um pênalti a seu favor aos 37 minutos do segundo tempo.
Agora, Textor amenizou as críticas a Ednaldo – “nunca disse nada sobre ele, ele não é um corrupto” – mas acrescentou que o presidente da CBF “comanda uma organização que provavelmente precisa administrar melhor a corrupção externa”.
Em 2023, Textor disparou contra CBF e arbitragem: “Isso é corrupção, isso é roubo”
No ano passado, o futebol brasileiro foi abalado pelas investigações do Ministério Público de Goiás, que flagraram jogadores aceitando dinheiro de apostadores para alterar o curso de partidas em diversos torneios. Os investigadores nunca encontraram evidências de árbitros ou dirigentes participando do esquema de manipulação de resultados.
Seja qual for o desfecho, já há uma lição a ser tirada deste episódio. Qualquer um que faça acusações dessa natureza deveria prová-las. Vale para John Textor agora. Deveria valer para Luiz Felipe Scolari, quando disse que Hulk toma cartões “por ordem lá de dentro” – de dentro de onde? De quem? Deveria valer para João Martins, o auxiliar de Abel Ferreira que disse haver um “sistema” para impedir o Palmeiras de ganhar o título.
Tudo que o futebol brasileiro não precisa é de acusações sem provas.
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