Allianz Parque antes de Palmeiras x Santos — Foto: Marcos Ribolli
Os principais argumentos citados, como vantagem técnica e risco maior de lesões, são tratados como mitos em estudo apresentado pelo Palmeiras.
– A implementação do campo artificial no estádio do Palmeiras contribuiu efetivamente com a melhora da qualidade dos jogos no local, bem como com a segurança dos atletas, sejam do time mandante, sejam do time visitante – diz trecho do estudo, ao qual o ge teve acesso.
– De 2020 até o segundo semestre de 2023, os jogadores do Verdão jamais relataram qualquer desconforto com o piso sintético do Allianz, diferentemente do que costuma ocorrer em partidas nas quais atuam como visitantes. Quando o Palmeiras atua fora de casa, nossos atletas são submetidos com frequência aos perigos causados por gramados esburacados e desnivelados.
Inaugurado em 2014, o Allianz Parque teve grama natural até 2019, mas o piso nunca ficou em condições ideais por longos períodos, diante do calendário de eventos e da dificuldade de iluminação uniforme. A saída foi mudar para o sintético em 2020.
Na Série A, Athletico-PR, Botafogo e Palmeiras são os únicos com o campo artificial. Neste levantamento, o Verdão mostra que o seu aproveitamento e do Furacão, o primeiro a fazer a mudança, em 2016, chegaram a ter uma queda no início da troca.
Gramado sintético: solução ou problema? O EE acompanhou alguns testes
Tomando como corte entre 2017 e 2019, os três anos antes da mudança do campo, o Palmeiras teve 74,1% de aproveitamento em 85 jogos como mandante. Já nas três primeiras temporadas depois da troca, foram 70,9% de aproveitamento em 102 partidas.
O Núcleo de Saúde e Performance entende que estes números rebatem a citada vantagem técnica por quem está ambientado a atuar no sintético.
O clube ainda justifica que não há embasamento científico para argumentar que a grama artificial aumenta o risco de lesões. São citados um estudo publicado ano passado na “The Lancet Discovery Science” e em 2019, no “American Journal Sports Medicine”.
O primeiro documento expõe que a incidência de lesões no futebol profissional é menor no sintético. Há o argumento de que o campo natural acaba sofrendo mais pelo excesso de uso e condições climáticas, tornando-o em alguns casos inseguro.
Os números do Espião Estatístico do ge, que anualmente apresenta o ranking de lesões da Série A, também foram citados.
O Palmeiras é o time com menos lesões entre 2021 e 2023 (71). Os rivais do Estado, por exemplo, têm mais de 100 no mesmo intervalo: Santos (103), Corinthians (134) e São Paulo (145). E antes da instalação do piso artificial, os números eram parecidos.
- 2019: 21 em 68 jogos (7 musculares)
- 2018: 26 em 74 jogos (12 musculares)
- 2017: 20 em 66 jogos (7 musculares)
- 2023: 26 em 73 jogos (11 musculares)
- 2022: 24 em 73 jogos (12 musculares)
- 2021: 21 em 71 jogos (12 musculares)
Camada de cortiça entre as cerdas de grama, como será feito no sintético do Allianz Parque — Foto: Divulgação
A Real Arenas, braço da WTorre que cuida da arena, é responsável por manter o gramado em condições. Por problemas com o termoplástico usado no gramado, o Allianz Parque foi interditado e está no processo de instalação de cortiça no lugar.
Durante o Conselho Técnico, a CBF avisou que não iria vetar a grama artificial, mas convocou a Comissão de Médicos para discutir com a Comissão Nacional de Clubes, eleita terça com Atlético-GO, Fluminense, Fortaleza, Internacional e São Paulo na Série A. A entidade também prometeu contratar consultoria internacional para estudo mais profundo.
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