– Na verdade, eu fui instruído a não comentar sobre esse assunto, mas já são sete meses desde que isso aconteceu e eu estou cooperando ao máximo.
Paquetá celebra retorno à Seleção e diz “cooperar ao máximo” com investigações na Inglaterra
Paquetá foi preterido por Fernando Diniz nos seis primeiros jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 por conta da denúncia do órgão fiscalizador Sports Radar. O West Ham, por sua vez, nunca deixou de utilizá-lo, e este foi o principal argumento para que Dorival Júnior o levasse de volta.
Paquetá falou sobre a relação próxima com Dorival desde quando trabalharam juntos em 2018 e também como tem isolado os problemas por conta da investigação para seguir performando em alto rendimento.
– Estou muito feliz. Trabalhei com o professor Dorival no meu final no Flamengo, foi uma experiência incrível. Estou feliz pela convocação, o reconhecimento do meu trabalho. Estar na Seleção sempre foi meu sonho, o sonho de toda criança. Por retornar, me sinto ainda mais privilegiado.
– São momentos que acontecem, tenho feito meu trabalho bem feito no meu clube, tenho me divertido. Procuro não deixar nada de fora me atrapalhar em campo. Sigo feliz, fazendo meu trabalho. Espero continuar assim.
Com o aval da CBF para tomar a decisão que achar pertinente a respeito do tema, Dorival fez questão de ouvir pessoalmente de Paquetá relatos do que está acontecendo em sua carreira. Os dois se encontraram durante a passagem de Dorival pela capital inglesa em fevereiro, e o jogador esclareceu todos os pontos a respeito da denúncia.
Lucas Paquetá deu entrevista em sua volta à seleção brasileira — Foto: Pedro Martins / Foto FC
A decisão da comissão técnica é de que enquanto Paquetá estiver em atividade e não existir provas que indiquem qualquer irregularidade, ele seguirá apto para convocações normalmente. Na percepção de Dorival, deixar de convocar um jogador com a relevância de Lucas Paquetá, titular na última Copa do Mundo, seria punir não somente o atleta como a própria seleção brasileira.
Entenda o caso
Toda fundamentação para a investigação foi feita com base em um relatório apresentado pela Sports Radar, órgão fiscalizador de ações suspeitas, à FA. A denúncia envolve os jogos entre West Ham x Aston Villa, no dia 12 de março, quando Lucas Paquetá recebeu cartão amarelo aos 25 do segundo tempo, Leicester x West Ham, dia 28 de maio, ambos da temporada passada, e Bournemouth x West Ham, dia 8 de agosto, na abertura da edição atual da Premier League.
É de praxe que as entidades monitorem as denúncias recebidas e tomem medidas de investigação ao término das temporadas. Não há, porém, sinalização da FA até o momento com provas que sejam diretamente ligadas a Paquetá, como interceptações telefônicas, documentos ou mesmo especificação dos aportes financeiros — conduta que norteou, por exemplo, a Operação Penalidade Máxima, deflagrada em 2023 no futebol brasileiro.
Os impactos imediatos do vazamento da investigação também entraram em pauta nos questionamentos à FA. O episódio se tornou público após o Manchester City ser comunicado e encerrar a negociação milionária para comprar Paquetá ao West Ham, que recusou proposta inicial de 70 milhões de libras (R$ 437 milhões).
Paquetá durante treino da Seleção em Londres — Foto: Rafael Ribeiro / CBF
Confira outros trechos da entrevista de Paquetá:
Volta à Seleção
– Estou muito feliz de estar de volta, já faz um tempo, minha primeira convocação foi em 2018, de lá para cá foram seis anos e só fiquei de fora de quatro ou cinco (convocações). A responsabilidade é grande e ela só cresce a cada convocação, cada retorno. Espero ajudar da melhor forma possível, seja dentro ou fora de campo. A gente já teve algumas conversas de deixar em aberto os garotos novos que estão chegando para ter essa troca de experiência e aprendizado o quanto antes para que eles se sintam à vontade para fazer o melhor que possam para ajudar a Seleção.
Posicionamento em campo
– O Dorival conhece muito bem minhas características. No Flamengo, na chegada dele, eu jogava dessa maneira que joguei na Copa, um pouco mais recuado, do lado do Cuellar, ele acabou me chamando para conversar, falando que me enxergava um pouco mais avançado, pisando na área, criando jogadas. Foi assim que ele me utilizou. Acho que aqui não vai ser diferente. Sempre me disponibilizo a estar em campo fazendo meu melhor, ajudando onde for preciso. Me sinto confortável jogando no meio, acho que será assim que ele vai me utilizar.
Protagonismo
– Não tenho que fazer nada diferente do que tenho feito no meu clube. É pelo trabalho no clube que venho sendo convocado para representar meu país. Agora é um novo ciclo. São jogadores novos, uma ideia diferente, temos que comprar essa ideia o quanto antes e colocar em prática. Minha função é importante assim como de outros jogadores, tenho que tentar fazer meu melhor para que meus companheiros sejam melhores e quem saia ganhando seja a seleção brasileira.
Premier League
– Acho que se divertir é estar vivendo o sonho de jogar na Premier League, ser jogador de futebol. Às vezes, a gente deixa escapar que esse é um sonho nosso, é um sonho meu desde criança. Entrar em campo e poder desfrutar disso é prazeroso, é um privilégio. Sobre estar no West Ham, a temporada passada foi boa, essa está sendo melhor. Fico feliz de evoluir dentro da equipe e dessa competição que é difícil. O West Ham sempre me deu apoio, não tinha motivo para que eles não fizessem o que fizeram, que foi nada além de botar seu jogador para jogar futebol. Fico feliz de estar ajudando, espero ajudar nesse final de temporada.
Lucas Paquetá, meia da Seleção e do West Ham, em entrevista coletiva — Foto: Pedro Martins / Foto FC
Importância para o time
– Acho que sim, sem dúvida alguma, por tudo o que falei e pelo tempo que tenho na Seleção, por ter jogado uma Copa, estar há tanto tempo performando na Seleção, não me escondo dessa responsabilidade. Sei que ainda mais agora tenho que colocar para fora o meu melhor, são muitos jogadores jovens e foi assim quando cheguei. É uma responsabilidade de todos, não só do Paquetá, mesmo aquele novo que chega tem que entender que está vestindo a camisa da Seleção e fazer o seu melhor para que a Seleção seja cada vez mais vencedora.
Favoritismo
– A seleção brasileira sempre vai ser favorita pela história que tem, pelos jogadores que tem, independente do momento. O professor Dorival não fez uma lista só com 23, foram várias observações, todos fazem parte do plano e do processo. Acho que vai ser um grande jogo, são duas grandes seleções, esse respeito tem que ter. Vamos entrar em campo e tentar fazer nosso melhor para que o Brasil vença.
– Se o grau de dificuldade dos jogos é maior, acredito que você se prepare mais para um próximo passo, que é a Copa América. Disputar jogos competitivos faz você se preparar melhor, entrar em campo e se dedicar ainda mais. São jogos que a gente sempre quis jogar, independentemente de ser amistoso ou não. Ele vai fazer a gente dar nosso melhor e se preparar para nosso objetivo principal, que no momento é a Copa América.
Estreia em Wembley
– São grandes palcos do futebol que a gente tem o sonho de poder desfrutar. Eu nunca joguei em Wembley, é a primeira vez que vai acontecer, espero que seja especial, que a gente possa vencer e fique marcado na minha vida.