O ex-jogador de futebol Robinho, de 40 anos, falou publicamente, pela primeira vez, sobre a condenação de nove anos por estupro coletivo na Itália. Em entrevista exclusiva exibida pelo programa Domingo Espetacular, da RecordTV, neste domingo, ele confirmou ter feito sexo com a jovem albanesa, em 2013, mas garante que tudo não passou de “uma relação superficial e rápida”. Além de reiterar sua inocência, o atacante afirmou ainda ter sido vítima de racismo durante o processo judicial.
Na conversa com a apresentadora Carolina Ferraz, o atleta relembrou o episódio ocorrido em uma boate em Milão, há 10 anos. Na ocasião, quando atuava pelo Milan, ele conta ter se relacionado com a mulher de origem libanesa, mas assegura que ela não estava embriagada. Além disso, Robinho garantiu que nunca negou seu envolvimento na história e que a transa aconteceu de maneira consensual.
“A mulher que me acusa lembra exatamente o que tinha acontecido no local. Ela lembra a cor da minha camisa, quantas pessoas estavam no lugar… Antes do ocorrido, ela já estava combinando com outra pessoa de só se aproximar de mim após a minha esposa deixar o local”, disse o jogador.
De acordo com o atleta, o fato de a garota se lembrar de detalhes da noite em que tudo aconteceu prova que ela não estava alterada. Robinho também cita a “demora” de quatro meses para a jovem levar o caso à tona como uma evidência de sua inocência.
“Ela me acusa de estupro coletivo, sem o consentimento dela. Se ela estava inconsciente no momento que estava comigo, como ela se lembra quantas pessoas tinham? Impossível lembrar de tantas coisas como ela lembrou. O que eu tive com ela foi muito rápido, eu não fiquei sabendo o que aconteceu no local. Os exames provam que ela não estava bêbada”, complementou.
Na noite em questão, o jogador estava acompanhado da mulher Vivian Guglielmetti e de quatro amigos. Robinho relata que, em um determinado momento, sua esposa se sentiu cansada e quis ir para casa. Os cinco, no entanto, seguiram na casa de festas com o intuito de “se divertirem”.
“Eu fui condenado por algo que não ocorreu. Eu tenho todas as provas que mostram isso. Naquele dia, eu estava em uma noite tranquila, como qualquer outra noite normal. Eu estava me divertindo com a minha esposa e com meus amigos”, relata.
O atacante também afirma ter capturas de tela de conversas por mensagens de texto que comprovem uma estratégia da mulher que o acusa, a qual planejava uma aproximação assim que ele ficasse desacompanhado. O julgamento em três instâncias na Justiça italiana, no entanto, teria ignorado essas provas.
“Logo após o ocorrido, ela manda mensagem para algumas amigas afirmando que ela estava bem e que fossem buscá-la. Ela sai com os mesmos rapazes que estavam curtindo. Ela vai para outra discoteca e continua dançando até a madrugada. Isso prova que nada daquilo foi verdade”, narrou o atleta.
Um documento apontado pela defesa do ex-jogador e obtido pela RecordTV, que consta no inquérito, mostra que os vestígios sexuais encontrados na roupa da jovem não são de Robinho. O jogador citou um teste de DNA, feito por ele, que “provou que eu não estava lá e mesmo assim fui condenado”. Segundo o atleta, os áudios usados pela Justiça da Itália para condená-lo, em que é possível escutar sua risada, foram “tirados de contexto”.
Diante da sentença, Robinho declarou se sentir “perseguido”, já que os outros acusados de envolvimento no crime não são alvos de investigações da Justiça italiana. O amigo do atacante, Ricardo Falco, também foi condenado.
“Eu nunca fui santo. Mas as pessoas evoluem. Isso [a traição] não significa que eu sou um criminoso. Existe uma diferença muito grande entre você cometer um erro e cometer um crime. Nunca cometi um crime, nem vou cometer. Sei respeitar todo mundo, inclusive as mulheres”, se defendeu.
Racismo
Para Robinho, o andamento da história teria sido outro caso ele não fosse negro. O atleta afirma ter recebido um tratamento diferente por parte das autoridades italianas por conta da cor de sua pele.
“Não tem meu DNA, não tem nada lá meu, e como que mesmo assim eu fui condenado? Só me resta a crer que foi racismo”, declarou.
Segundo o brasileiro, sua passagem de quatro anos pelo Milan o leva a crer que houve racismo na decisão judicial.
“O que aconteceu com meus companheiros, que eu via no dia a dia [no Milan], eles sendo chamados de macacos, jogando banana, e ninguém tomando nenhuma providência… Foram essas as pessoas que me julgaram. O negro que está aqui… não vamos apurar. O que ela falou está falado. Vamos dar a condenação. Com certeza, se eu fosse branco seria inocentado, com as provas que eu tenho”, finalizou o jogador.