Quando o governo da Arábia Saudita comprou os quatro maiores clubes do país e começou a contratar jogadores do quilate de Cristiano Ronaldo, Karim Benzema e Neymar, havia uma expectativa de que o eixo do futebol mundial pudesse ser deslocado da Europa para o Oriente Médio.
Pouco mais de um ano depois da chegada do português ao Al-Nassr, pouca coisa mudou. E, na seleção brasileira, isso fica ainda mais evidente. Nenhum dos 26 convocados por Dorival Júnior na sexta-feira joga no Campeonato Saudita. O mesmo já havia acontecido na última lista de Fernando Diniz, para os duelos contra Colômbia e Argentina, em novembro, pelas Eliminatórias da Copa-2026.
A ausência de jogadores da liga que paga os maiores salários do mundo tem relação direta com a lesão de Neymar. O atacante do Al-Hilal se recupera de uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, mas tem vaga cativa na equipe de Dorival.
Só que, para outros jogadores, a ida para a Arábia tem sido excursão para uma espécie de limbo. Quem antes era chamado, desaparece.
É o caso, por exemplo, de Fabinho (Al-Ittihad) e Alex Telles (Al-Nassr), que estiveram na Copa do Mundo do Qatar — jogando por Liverpool e Sevilla, respectivamente — e não foram mais chamados após a ida para a Arábia.
O zagueiro Roger Ibañez (Al-Ahli) é outro exemplo: quando jogava na Roma, ele foi chamado por Tite para os últimos amistosos antes da Copa do Mundo; em 2023, voltou a ser lembrado na primeira convocação de Fernando Diniz, mas não foi mais chamado pelo treinador e ficou fora da primeira lista de Dorival.
O lateral-esquerdo Renan Lodi e o atacante Malcom, ambos do Al-Hilal, são exemplos de um contexto diferente: Lodi foi chamado por Diniz quando estava no Olympique de Marselha; Malcom participou de amistosos em junho de 2023, sob o comando de Ramon, quando jogava no Zenit. Depois que foram para a Arábia, eles não voltaram a ser chamados.
Há ainda o caso de Anderson Talisca. O ex-jogador do Bahia faz ótima temporada ao lado de Cristiano Ronaldo no Al-Nassr, e tem uma característica de meio-campista que falta ao futebol brasileiro atualmente.
Nos tempos de Fernando Diniz, Talisca chegou a ironizar a ausência na lista. “Começando a achar que não sou brasileiro”, escreveu em uma rede social. Ele não é convocado desde março de 2018, quando jogava no Besiktas, da Turquia.
Reportagem
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