O Botafogo segue buscando um novo técnico, enquanto o interino Fabio Matias vem dando conta do recado com louvor. E John Textor, acionista majoritário da SAF alvinegra, deu mais detalhes sobre o perfil traçado, em entrevista ao podcast da Botafogo TV. O empresário norte-americano deixou claro que busca um nome que seja capaz de “reiniciar” o que estava sendo implementado por Luís Castro, que deixou o Glorioso na primeira metade do Brasileirão-2023.
– No último jogo (vitória sobre o Bragantino na semana passada), quando assisti à partida, vi uma vitória, mas de forma geral, não vi toda a preparação e tudo que construímos no primeiro período com Luís Castro. Agora estamos sendo um time brasileiro talentoso, atlético, capaz, jogando bem parecido com o jeito dos outros times brasileiros. As pessoas podem discutir se isso é uma coisa boa ou ruim, mas é uma desconstrução do Castro, certo? Quando olho para o perfil do novo técnico, não vamos nos focar em nacionalidades, se é americano, português ou argentino… Mas que tipo de pessoa é, tipo, como você vê o jogo, como se comunica, como ensina, porque quero reiniciar o que começamos com meu antigo parceiro, Luís Castro – disse Textor.
O empresário norte-americano ainda revelou um certo arrependimento de não ter dado mais tempo para Bruno Lage, que acabou não tendo êxito em sua passagem pelo clube no ano passado.
– Infelizmente, pela perda do Luís Castro… Porque eu não me mantive leal o suficiente com Bruno Lage, que estava tendo um tempo difícil para se conectar com o time, para se comunicar com o time. Eu deveria ter ajudado ele a se comunicar melhor com o time. O que ele estava tentando fazer e estruturar, talvez sendo um pouco didático demais para um meio de temporada, mas estava tentando uma forma diferente, muito boa, dentro de grandes padrões europeus. Quando essa mudança aconteceu, tínhamos uma série de homens bons, mas perdemos a continuidade da estruturação e ensino – recordou.
John Textor deixou claro que a filosofia de jogo europeu vai baseá-lo na procura por esse novo treinador para o Botafogo.
– Estamos cercados de boas pessoas no departamento de futebol. E eles têm uma visão sobre o futebol brasileiro que eu não tenho. Eles vêm isso há muitos anos. Às vezes é bom que alguém como eu, que não é do futebol, chegue e fale: “Por que a gente faz isso desse jeito?” Os maiores clubes do mundo jogam com uma sustentação forte e um forte estrutura, eles se constroem nesse formato, mantém a bola no ataque com um bloco central no meio. Na Europa, ouvimos muitos falaram sobre bloco baixo, contra-ataque, bloco médio, posse na frente, progredindo no terço final… Se nós estamos no Brasil e olhando alguns dos principais times do mundo, eles agregaram os melhores talentos do mundo, não podemos mais dizer: “Oh, temos que jogar do jeito brasileiro porque temos um jeito lindo e especial de futebol, que é criativo e permite os atletas se expressarem”. Eu tenho que perguntar: “Se somos os melhores do mundo, porque os melhores acabam indo para a Europa e lá eles parecem nivelados com o restante do mundo?”. Deus não beijou apenas os pés das crianças europeias ou das crianças brasileiras. Existem grandes jogadores de futebol em todo mundo – disse, continuando:
– Então, você tem que se abrir para o quê? Para onde a evolução da estratégia do futebol se foi. Quando Luís Castro veio para cá, tínhamos esse projeto, falávamos sobre o Botafogo Way, e isso era ter força lá atrás, uma defesa impenetrável… Vocês se lembram como era difícil marcar contra gente? Isso era o Luís Castro, o Vítor Severino. Eles sabiam disso, construíram isso. “O novo técnico é português?” Sim, não, digo, tem técnicos em todo lugar. Ele aprendeu por toda a Europa, Rússia, e essa estrutura, essa forma, era chato no começo, as pessoas falavam: “o time ficava tocando a bola lá trás sem concluir”. Quando jogamos fora e perdemos para o Santos por 2 a 0, saí com uma sensação boa, estava lá, ouvindo o técnico, vendo o que ele estava tentando fazer, perdemos o jogo, mas foi minha melhor noite no primeiro ano.